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Por que os judeus não se comunicavam com os samaritanos? (João 4:9)

Last updated on 10/09/2021

Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). João 4:9. Afinal de contas, qual é o motivo dessa hostilidade entre estes dois povos? Por que aquela mulher samaritana chama Jacó de “nosso pai”? (João 4:12) Se eram irmãos, então por que os judeus não se comunicavam com os samaritanos na época do Senhor Jesus?

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Quem eram os samaritanos?

ilustração de Jesus no poço conversando com a mulher samaritana (João 4)
Viena – Afresco de Jesus e Samaritanos no poço na lateral da Igreja Altlerchenfeldere.

Segundo pesquisa publicada no Wikipédia, os samaritanos são um pequeno grupo étnico-religioso originários da Samaria. A Samaria é o nome histórico e bíblico de uma região montanhosa do Oriente Médio, constituída pelo antigo reino de Israel, situado em torno de sua antiga capital, Samaria, e rival do vizinho reino do sul, o reino de Judá.

Um estudo de 2019 produzido pela comunidade samaritana estimou o seu número em 820 pessoas. Fonte: thesamaritanupdate.com. Atualmente, habitam no distrito de Holon, em Telavive, e Nablus na Cisjordânia, situadas em Israel e na Palestina.

A religião dos samaritanos baseia-se no Pentateuco (isto é, Torá), tal como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância histórica de Jerusalém. Os samaritanos não possuem rabinos e não aceitam o Talmud dos judeus. Seu culto é centrado no Monte Guerizín (perto do atual Nablus), ao contrário do judaísmo, que tem o monte Moriah (Jerusalém) como sua montanha sagrada.

Nablus - Cidade velha de Nablus e Monte Gerizim em segundo plano. Nablus, a segunda maior cidade da Cisjordânia depois de Jerusalém Oriental.
Nablus – Cidade velha de Nablus e Monte Gerizim em segundo plano. Nablus, a segunda maior cidade da Cisjordânia depois de Jerusalém Oriental

A origem dos samaritanos e por que os judeus não se comunicavam com eles.

Os judeus não se comunicavam com os samaritanos devido conflitos entre si que aconteceram muito antes da época do Ungido.

Ora, os moradores de Samaria, os samaritanos, eram descendentes de israelitas do reino do norte de Israel. Na época pós rei Salomão (séc. 10 AEC) o reino havia se dividido em dois, o reino do norte com 10 tribos de Israel, e o reino do Sul, majoritariamente com a tribo de Judá. Este último conservou a dinastia do rei Davi (cf. 1 Rs 11:29-32).

O filho de Salomão e neto de Davi, Roboão, tornou-se rei em Judá (reino do Sul). Veja 1 Reis 11:43. Enquanto isso, Jeroboão tornou-se rei em Israel (reino do Norte). Veja 1 Reis 12:15-20.

O próprio Deus havia escolhido Jeroboão para ser rei em Israel e prometeu confirmar seu reinado para sempre (1 Rs 11:31,37,38).

Jeroboão era um dos servos de Salomão que havia se rebelado contra ele. Quando o rei tenta matá-lo, ele foge para o Egito por um tempo, onde fica até a morte do filho de Davi (1 Rs 11:26-28,40; 12:1,2).

Porém, depois de seu chamado real, este homem não confiou na palavra do Soberano e estabeleceu suas próprias maneiras de culto, pois teve receio de que o povo o desprezasse ao continuar indo a Jerusalém, onde reinava Roboão, prestar culto ao Eterno. Veja 1 Reis 12:25-33.

Jeroboão então, faz de Samaria uma das capitais da idolatria que instalara em Israel, juntamente com Betel e Dã (cf. 1 Rs 13:29-32; 12:28,29).

Ruínas de uma vila samaritana.
Ruínas de uma vila samaritana.

Dali surgem os samaritanos, e esta cidade continuou a ser palco da idolatria dos próximos reis de Israel (1 Rs 16:23-33). Além disso, posteriormente, eles se tornaram israelitas mestiços, isto é, misturados com povos de outras nações, pois um rei assírio que dominou os territórios do norte de Israel, leva povos de outras nações para habitarem ali. A partir daí, em certo momento, todos foram ensinados a cultuar ao Deus de Israel, mas em paralelo prestavam culto a outras divindades (2 Rs 17:21-41).

Como os judeus da época do segundo templo (pós cativeiro babilônico) eram muito fervorosos no culto a Yahweh somente, o politeísmo samaritano tende a aumentar o conflito entre ambos povos.

A divisão entre judeus e samaritanos continuou a partir dos relatos acima. No 1º século EC esta divisão de local de culto continuava. Os israelitas mestiços (samaritanos) continuaram a adorar divindades mistas nos montes de Samaria, enquanto os judeus no templo de Jerusalém (cf. Jo. 4:20). O próprio Senhor nos indica que a adoração dos samaritanos em seu tempo era distorcida (Jo. 4:22).

Devido a estes eventos, e muitos outros que a história registra, a hostilidade entre os samaritanos (israelitas do antigo reino do norte) e judeus (descendentes de Davi que habitavam no reino do sul) foi cada vez pior. Até que, na época do Senhor, os samaritanos eram tratados pelos judeus até mesmo como pessoas possuídas por espíritos malignos (vide Jo. 8:48).

Os antigos judeus não se comunicavam com os samaritanos, mas Deus não havia se esquecido deles.

É claro que não queremos “pintar a caveira” dos judeus aqui, pois este estudo se resume a abordar algumas problemáticas da comunicação entre judeus e samaritanos. Portanto, não estamos aqui justificando a um grupo e condenando o outro, jamais!

Não obstante, em certo momento, o próprio Mestre utiliza a figura de um samaritano em uma de suas parábolas (Lc 10:25-37). Ele tinha suas próprias finalidades com isso.

Obviamente, devido os samaritanos serem descendentes de Israel, jamais seriam esquecidos pelo Criador (cf. Jer. 31:35-37). E o instrumento de Deus levantado para reunificar as tribos de Israel e fazê-los andar em Suas Leis é o próprio Ungido (At. 1:8). Por isso, em Mateus 16:18, é registrado que ele re-edificaria as tribos de Israel e elas nunca mais seriam vencidas, separadas ou destruídas (veja também João 10:16 e Isaías 56:8).

Esse trabalho começou e já no livro dos Atos podemos ver os efeitos, pois primeiramente os judeus recebem a promessa de Deus ao receberem de sua inspiração santa (At. 2:1-39; 8:5-8,14-17). No entanto, depois da destruição no templo de Jerusalém no ano 70, as tribos de Israel se dispersaram e assim continuam até hoje, havendo várias promessas de Deus de unificá-las novamente (Isa. 43:5-6; Jer. 31:31-34; Zc 8:1-8; Rom. 11:25-27).

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2 Comments

  1. MILENA DE OLIVEIRA RODRIGUES MILENA DE OLIVEIRA RODRIGUES

    Gostei muito. Esclarecedor.

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