O que a Bíblia diz sobre falar em línguas estranhas na igreja? De que maneira eu realmente devo usar este dom do Espírito Santo?

Seja pregando a Palavra ou cantando, é conveniente falar em línguas no microfone para toda a igreja ouvir?

Talvez este tema possa não ser relevante para muitos, mas se continuar lendo você perceberá que isto é importante sim, pois dependendo do modo que agimos algumas pessoas poderão ouvir a voz de Deus, converter-se e filiar-se à igreja, ou poderão afastar-se dela.

Ao entrar em muitas igrejas evangélicas hoje em dia a realidade que vemos sobre falar em línguas são as 3 abaixo:

• Irmãos falando em “línguas estranhas” pra todo lado durante o culto;
• Cantores falando em outras línguas no microfone enquanto cantam ou ministram uma palavra;
• Pastores e pregadores falando em outras línguas pra toda igreja ouvir, como se estivessem transmitindo uma “unção” para a igreja;

O que a Bíblia tem a dizer a respeito disso?

São válidas as formas como certas pessoas fazem uso dessas “experiências sobrenaturais com Deus”?

Se não forem, como então os pregadores falam em “línguas estranhas” no microfone e a igreja responde falando em mais línguas desconhecidas ainda?

Este pequeno estudo sobre falar em línguas estranhas esclarecerá um pouco do assunto, embora não vai ser tão simples dar um ponto final nisso.

Uma certa vez eu estava ouvindo uns louvores no rádio, ao meu lado estava um descrente. Durante a música o cantor começou a falar em outras línguas.

A pessoa que estava comigo até estava gostando do louvor, mas quando o cantor começou a falar em outras línguas ele começou a dizer: “aí tá vendo, isso aí que eu acho maior bobeira, os caras ficam inventando essas palhaçadas!”

Daí então eu dei a esta pessoa uma breve explicação sobre a maneira como o Espírito Santo distribui este dom aos crentes, comprovando que isso é uma coisa vinda de Deus, e não uma invenção humana.

Mas é claro que isso é uma situação difícil de explicar para um descrente, existe um processo que deve acontecer até que a pessoa entenda isso, que seria a conversão ao Senhor Jesus, recebendo assim o Espírito Santo.

Todavia, muitas coisas de Deus parecem realmente loucura para o ser humano (1 Co 2:14)

Como um descrente pode entender que o dom de falar em línguas é algo de Deus, e não do homem?

Quando a manifestação do Espírito através do dom de falar em outras línguas aconteceu em Atos 2, por exemplo, alguns crentes deram crédito àquele acontecimento, embora ainda estivessem confusos sobre o que estava acontecendo, mas veja abaixo o que os incrédulos disseram.

E todos se maravilhavam e estavam em dúvida, dizendo uns para os outros: O que significa isto?
E outros, zombando, diziam: Estes homens estão cheios de vinho. (Atos 2:12-13 KJF)

À partir do momento em que a pessoa se converte a Cristo, através do arrependimento de seus pecados, reconciliação com Deus e da entrega de sua vida a Ele, então poderá compreender melhor que o dom de falar em línguas desconhecidas não é coisa humana, mas sim uma manifestação do Espírito Santo (1 Co 12:7-11), pois esta pessoa também receberá do mesmo Espírito, e assim será capaz de compreender as coisas espirituais por meio dele (1 Co 2:14-16).

Mas se a pessoa não passar pela experiência de novo nascimento no Espírito Santo, ficará sempre confusa com relação a algumas maneiras de Deus trabalhar (Jo 3:3-5).

Todavia, como tirarei eu a razão daquela pessoa que estava ouvindo a música no rádio comigo, e criticou a atitude do cantor de falar em outras línguas, visto que ele não conhece ainda como o Espírito manifesta-se à igreja, e pior, visto que o cantor não está usando o dom de falar em outras línguas corretamente, como recomenda o ensino apostólico?

Precisamos tomar muito cuidado quando priorizamos mais certas “experiências com Deus” e não raciocinamos no que fazemos!

Do meu ponto de vista (e do ponto de vista bíblico), todo culto que fazemos ao Senhor deve ser com raciocínio, ordem e entendimento, o próprio apóstolo Paulo já afirmou isso.

Suplico-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, de apresentardes os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. (Romanos 12:1 KJF)

Com respeito aos cantores, pregadores e demais irmãos falarem em outras línguas no microfone, parecendo transmitir uma certa “unção” para a igreja, o que você acha? Está certo?

Pois eu digo absolutamente que não!

Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem aqueles que são iletrados ou os incrédulos, não dirão que estais loucos? (1 Coríntios 14:23 KJF)

Se você é cristão e frequenta igrejas, ou provavelmente vê alguns cultos pela internet, já deve ter visto, em algumas igrejas, irmãos falando em outras línguas aos montes, estou certo?

Então compare essa situação com o versículo bíblico abaixo, pois a Bíblia diz que deve ser feito exatamente o contrário!

Se algum homem falar em uma língua desconhecida, que seja por dois, ou no máximo em três, e a seu turno, e que alguém interprete.
Mas se não houver intérprete, permaneça em silêncio na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus. (1 Coríntios 14: 27-28 KJF)

Entendeu bem o que leu?

Quando falarmos em língua desconhecida na igreja devem falar duas ou três pessoas no máximo, e um de cada vez, e ainda que haja intérprete para traduzir o que este está falando, para que os irmãos na igreja também sejam edificados.

Mas se não houver intérprete, que este fique calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus!

Mas ao contrário disso muitos irmãos querem mesmo é falar muito, e mais alto, para demonstrar uma certa “unção”.

Portanto, aquele que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar.
Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora, mas o meu entendimento é infrutífero.
Que farei, pois? Eu orarei com o espírito, e também orarei com o entendimento; eu cantarei com o espírito, e também cantarei com o entendimento.
Do contrário, se tu abençoares com o espírito, como dirá amém o indouto sobre a tua ação de graças, já que não sabe o que dizes? (1 Coríntios 14: 13-16 KJF)

Tendo em mente os versículos acima, ainda resta alguma dúvida se é conveniente ou não falar em línguas no microfone?

É óbvio que não é conveniente! Antes, o conveniente é fazer o que o apóstolo recomendou nos versículos abaixo:

Mas se todos profetizarem, e entrar um que não crê ou um iletrado, por todos é convencido, por todos é julgado.
E assim, os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, prostrando-se sobre a sua face, ele adorará a Deus, relatando que Deus está verdadeiramente entre vós. (1 Coríntios 14: 24-25 KJF)

Eu acho “engraçado” como muitos crentes hoje julgam que “a presença de Deus foi notória” num culto porque pularam, rodaram, falaram em outras línguas, viram bola de fogo, etc, quando na verdade o versículo acima diz que a presença de Deus é realmente notada quando prega-se a Palavra com entendimento e assim o pecador é convencido.

Além do mais, nota-se que Deus está no culto quando cultua-se com entendimento também.

Como é então, irmãos? Quando vos reunis, cada um de vós tem um salmo, tem uma doutrina, tem uma língua, tem uma revelação, tem uma interpretação. Que todas as coisas sejam feitas para a edificação. (1 Coríntios 14: 26 KJF)

Infelizmente o que estamos vendo em muitas de nossas igrejas evangélicas hoje em dia são pessoas gritando alto falando em outras línguas, com o entendimento cego, e até os pastores e pregadores mandam logo uma “rajada de línguas estranhas” no microfone, fazendo jus de que estão cheios da unção de Deus.

Pode a unção de Deus derramar-se onde não há entendimento nem do que se fala ou se faz?

Porque se a trombeta der um som incerto, quem se preparará para a batalha?
Assim também vós, a não ser que transmitais com a língua palavras bem-articuladas, como se entenderá o que é falado?
Porque estareis falando ao ar. (1 Coríntios 14: 8-9 KJF)

Mas por que não acontece a ordem de falar em línguas no culto hoje em dia?

Porque infelizmente muitos crentes não examinam/estudam a Palavra, priorizam mais as supostas “experiências com Deus” e o exibicionismo, como eu disse, do que fazer as coisas com entendimento, e desta forma não raciocinam no que fazem.

Quando você fala em línguas (no microfone ou não), também ora para que possa interpretar o que fala?

Uma outra realidade que também está distante da maioria de nossas igrejas hoje em dia, é que todos os que tem o dom de falar em outras línguas podem orar para que possam interpretar o que falam também.

“Portanto, aquele que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar.” (1 Coríntios 14:13 KJF)

Infelizmente são pouquíssimos os cristãos que prestam atenção à esta orientação apostólica, que tem a finalidade de usar o real propósito do dom de falar em línguas, que é edificar a igreja com entendimento.

Infelizmente também cada igreja quer defender suas próprias experiências com Deus e suas doutrinas, muitas estão colocando suas doutrinas e tradições acima dos ensinamentos e orientações dos apóstolos.

Creio eu que o Espírito Santo não será incoerente em suas ações, mas os crentes também devem examinar as Escrituras para aprenderem como Deus trabalha, e assim entregar-se verdadeiramente a Ele, e não às emoções.

Mas nesta atitude de defesa de sua doutrina como a mais correta, muitas igrejas estão jogando fora o raciocínio e a verdadeira prática das orientações que recebemos dos apóstolos de Cristo.

Pois enquanto umas igrejas defendem que o dom de falar em línguas deve ser usado com ordem, nem sequer o exercem; enquanto que outras defendem que todos os crentes devem falar em línguas, mas não raciocinam para usar este dom de maneira correta e edificante para todos.

Concluindo este estudo, mas não a discussão sobre o assunto, que acho que nunca terminará, a intenção deste é trazer maturidade no uso do dom de falar em línguas desconhecidas, e não ditar alguma regra ou doutrina para o tal, pois isto já fez o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 14.

Infelizmente muitos cristãos estão “estacionados” no que diz respeito ao entendimento das Escrituras e das experiências com Deus; aliás, até mesmo em Atos 2 entendiasse o que os discípulos falavam (At 2:11).

Estão se deixando levar pelas emoções que rolam durante o culto e fora dele, e isto faz que muitos crentes permaneçam imaturos, como novos convertidos.

‘Embora a esta altura já devessem ser mestres, precisam de alguém que ensine a vocês novamente os princípios elementares da palavra de Deus.
Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! ‘ (Hebreus 5:12 NVI)

Mas o apóstolo Paulo fez um convite muito importante aos crentes em 1 Coríntios 14, e quero estender este convite até aos irmãos leitores deste estudo, veja abaixo:

Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento. (1 Coríntios 14:20 ACF)

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“Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria…” (Colossenses 3:16a NVI)