Last updated on 06/08/2021
Quem criou o cânon do Novo Testamento bíblico? Quem definiu quais livros deveriam fazer parte do que é hoje considerado como Escritura Sagrada do Novo Testamento? Ao excluírem certos livros, ficando só 27, os homens manipularam a verdade e o conhecimento? Os escritos nazarenos encontram-se preservados exatamente como foram escritos no idioma original até os dias de hoje? Eles foram realmente escritos em grego primeiramente?
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Questões como essas acima tem entrado em conflito na mente de muitos leitores e estudiosos da palavra de Deus. E como disse a profecia de Daniel, com o acesso à internet muitos estão “correndo de um lado para o outro” (fazendo pesquisas) em busca de conhecimento, pois querem conhecer a verdade (Dn 12:4).
Essas perguntas, a princípio, são muito boas, afinal de contas, a dúvida nos leva ao conhecimento da verdade. Mas qual será de fato a verdade? O que aconteceu com o texto bíblico ao longo da história para termos hoje tantos questionamentos? Será que ele foi fielmente transmitido e hoje nós podemos confiar em cada versículo contido nas versões das Bíblias de que dispomos? Aliás, por que há tantas versões da Bíblia em nossos dias? Será que o texto da Bíblia foi modificado ao longo dos tempos e por isso teve de ser corrigido em novas versões?
"Porque decerto vos digo, até que os céus e a terra cessem, nem uma yod ou um ponto da lei cessarão até que tudo se cumpra." (Mat. 5:18 Bíblia Peshitta BV Books)
Como as Escrituras Sagradas foram fielmente preservadas?
“בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים; אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ׃” (ברא’ 1:1)
Cada letra hebraica tem seu próprio valor numérico (o que chamamos de Guematria). Ao copiar o texto das Escrituras Sagradas, os escribas faziam a soma das letras do texto e no final o número da cópia deveria ser igual ao do manuscrito original. Caso a soma das letras das cópias fosse diferente do manuscrito original, significa que alguma letra foi esquecida. A cópia do manuscrito então era descartada, e um novo trabalho era iniciado.
Exemplo. O texto que você viu em hebraico mais acima é o Gênesis 1:1. Vejamos então o valor numérico de cada letra:
“בְּ(2)רֵ(200)א(1)שִׁ(300)י(10)ת(400) בָּ(2)רָ(200)א(1) אֱ(1)לֹ(30)הִ(5)י(10)ם(40); אֵ(1)ת(400) הַ(5)שָּׁ(300)מַ(40)יִ(10)ם(40) וְ(6)אֵ(1)ת(400) הָ(5)אָ(1)רֶ(200)ץ(90)׃” (ברא’ 1:1)
A soma das letras de Gênesis 1:1 é 2 + 200 + 1 + 300 + 10 + 400 + 2 + 200 + 1 + 1 + 30 + 5 + 10 + 40 + 1 + 400 + 5 + 300 + 40 + 10 + 40 + 6 + 1 + 400 + 5 + 1 + 200 + 90 = 2.701.
Dessa forma, o texto hebraico das Escrituras Sagradas foi fielmente preservado e hoje ele permanece exatamente como foi escrito pela primeira vez, palavra por palavra, letra por letra (embora existam algumas variantes textuais em alguns casos, mas que são assunto para outro momento).
No vídeo do Marcos Felipe abaixo você pode ver com mais detalhes o que é a Guematria.
Os escribas judeus levavam a cópia do texto bíblico muito a sério. Afinal de contas, Deus deu aos seus servos a tarefa de transmitir e preservar a palavra Dele (Deut. 6:6-9; 11:18-22; 12:32; Jos. 1:8). Mas embora o texto bíblico tenha sofrido tentativas de adulteração ao longo dos séculos (especialmente o Novo Testamento), o Soberano nunca nos deixou sem testemunho de que algo de errado aconteceu. Nós veremos isso ainda nesta leitura.
(Além da guematria, você também pode estudar as descobertas das sequências de letras equidistantes da Bíblia hebraica – ou simplesmente código da Bíblia. Com isso você vai constatar que o texto foi preservado e reproduzido absolutamente como foi inspirado por Deus no princípio, palavra por palavra, letra por letra).
Assim, a palavra de Deus foi conservada inteiramente fiel ao longo dos séculos, e se cumpriram as Escrituras, que dizem:
“Iahweh, tua palavra é para sempre, ela está firmada no céu; tua verdade continua, de geração em geração [...]. (Salmo 119:89,90a Bíblia de Jerusalém)
“Seca a erva, murcha a flor, mas a palavra do nosso Deus subsiste para sempre.” (Isaías 40:8 Bíblia de Jerusalém)
A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus revelada ao homem. Não é obra dos homens, mas inspirada por Deus.
"Porque a profecia jamais veio pela vontade humana, mas santos homens de Deus falaram impulsionados pelo espírito de santidade." (2ª Pe. 1:21)
"Toda Escritura que tem sido ordenada pelo espírito é proveitosa para o ensino, para a admoestação, para correção, para instrução na justiça." (2ª Tim. 3:16 Bíblia Peshitta BV Books)
Talvez você tenha notado que a abordagem relatada acima se refere em especial à Torá, aos profetas e demais escritos, que foram rigorosamente conservadas e fidedignamente copiados pelos escribas judeus. Porém, quando que o Novo Testamento bíblico, ou os escritos nazarenos, reivindica da mesma autoridade e preservação textual para si? Será que ele também foi conservado de forma tão fiel quanto o Tanakh (sigla hebraica utilizada para se referir ao que nas Bíblias cristãs é considerado o “Antigo Testamento”)? Será o cânon do Novo Testamento da mesma forma Divinamente inspirado? É o que vamos abordar ao longo deste texto.
A confiabilidade e autoridade Divina do cânon do Novo Testamento bíblico (escritos nazarenos).
A partir de agora vamos examinar se o atual cânon do Novo Testamento foi meramente escolhido pelos homens, ou se Deus estava atuando neste processo de escolha dos livros.
Em 2ª Pedro 3:15,16 o apóstolo Simão, praticamente, iguala todas as cartas do apóstolo Paulo à autoridade Divina das Escrituras do Tanakh (“Antigo Testamento”). Ele diz:
"Considerareis, pois que a paciência do Senhor é para salvação, como também nosso amado irmão Paulo vos escreveu, de acordo com a sabedoria que foi concedida a ele, como também em todas as suas epístolas ele fala nelas destas coisas, entre as quais há algumas coisas difíceis de compreender, que os indoutos e instáveis torcem, como também o fazem com o restante das Escrituras, para sua própria perdição." (2ª Pe. 3:15,16 Bíblia Peshitta BV Books)
Isso não deveria ser para menos, pois basicamente Paulo, cujo nome original hebraico é Shaul, faz exposição dos próprios escritos dos profetas e da Torá em suas cartas (cf. At. 17:2,3; Rom. 4:3-11; 9:17-24; 10:11; 11:2; 15:4; 16:26; Gál. 3:8; 4:30; 1 Tim. 5:18).
Essa citação de Simão é feita por volta dos anos 62-64, e se alguma carta de Paulo faltou a esta lista, talvez tenham sido só 1ª e 2ª Timóteo, Filemon ou Tito, por terem sido redigidas por volta dessa data e talvez, só talvez, não tivessem ainda chegado às mãos de Simão.
Dessa forma, todas as cartas do apóstolo Paulo estão incluídas no cânon do Novo Testamento como sendo Escritura Sagrada.
Ademais, lembremos que foi praticamente o principal dos apóstolos quem disse isso. Um homem a quem o próprio Senhor, pessoalmente, deu autoridade para pastorear suas ovelhas (Jo. 21:15-17). Portanto, ele certamente havia lido todas as cartas do Paulo e reconhecido que o próprio Deus lhe havia inspirado em seus escritos, em seu testemunho acerca do Senhor e suas exposições bíblicas da Torá e dos profetas.
Este mesmo Paulo afirma que a mensagem que pregava era revelação do próprio Senhor (Gál. 1:11,12). De fato, os registros históricos de Lucas relatam que o próprio Senhor lhe deu essa autoridade (At 26:15-18; cf. 9:10-17). Além disso, Paulo, tinha a aprovação dos demais apóstolos para fazer tal afirmação (vide Gál. 2:9):
Mais adiante, em 1ª Timóteo 5:18, Paulo cita o evangelho segundo escreveu Lucas, capítulo 10:7, como sendo Escritura Sagrada também. Veja:
"Porque a Escritura diz: Não porás mordaça ao boi enquanto trilha; (Deut. 25:4). e: Digno é o obreiro de seu salário." (Luc. 10:7; cf. Mat. 10:10) (1 Tim. 5:18 Bíblia Peshitta BV Books)
Logo, quando Paulo cita este trecho, que tanto se encontra no evangelho segundo Lucas 10:7 quanto segundo Mateus 10:10, e faz seu paralelo com Deuteronômio 25:4, ele atribui aos dois evangelhos autoridade de Escritura Sagrada, isto é, são Divinamente inspirados assim como os escritos dos profetas e a Torá.
Ora, isso nos indica que por volta do ano 64, quando Paulo escreve a 2ª carta a Timóteo, estes dois evangelhos já estavam em circulação e eram populares nas comunidades de seguidores do Senhor, pois Paulo os cita como sendo Escritura Sagrada.
Note ainda que o apóstolo iguala o valor do registro de Lucas ao de Moisés, e isso não é pequena coisa! Aliás, é para ser grande coisa mesmo, pois trata-se do registro das palavras do Senhor, que é maior do que Moisés (Heb. 3:1-3). Logo, a confiabilidade dos Escritos de Lucas é tão fidedigna quanto os de Moisés.
E quanto aos outros escritos nazarenos? As cartas gerais, o Apocalipse e Atos? Quando começaram a fazer parte do cânon do Novo Testamento?
Em Efésios 2:20, Paulo declara que todos os crentes são “construídos” sob o fundamento dos profetas e dos apóstolos. Isto é, tanto os profetas quanto os apóstolos, que estavam ali presentes no tempo de Paulo, foram dotados de autoridade Divina em seu ensino. Além disso, ambos os grupos ensinavam acerca do Senhor.
sois edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo a pedra angular do edifício o próprio Jesus... (Efésios 2:20 Bíblia Peshitta BV Books)
Além destes, Judas (original Yehudá), o irmão do Senhor, também confirma a inspiração divina no ensino dos apóstolos. Enquanto ele muito provavelmente citava uma versão oral de 2ª Pedro 3:3, diz:
Mas vós, meus amados, lembrai-vos das palavras que foram expressadas anteriormente pelos apóstolos de nosso Senhor… os quais vos diziam que no fim dos tempos haverá zombadores que iriam atrás da impiedade segundo suas próprias baixas paixões. (Judas 1:17,18 Bíblia Peshitta BV Books)
Note que Judas diz “palavras que foram expressadas anteriormente pelos apóstolos”, no plural. Assim constatamos que Judas reconheceu autoridade Divina não só nas cartas de Simão Pedro, mas também na mensagem dos outros apóstolos.
Aliás, eles tinham autoridade divina até mesmo porque o próprio Senhor os escolheu e enviou (vide Mat. 10:1-7).
Finalmente, todo o atual cânon do Novo Testamento bíblico é dotado de inspiração Divina em seus escritos, pois o próprio Senhor deu autoridade para tais homens (discípulos) registrarem e pregarem Sua mensagem. Os apóstolos, portanto, simplesmente seguiam reconhecendo isso e confirmavam a palavra uns dos outros.
Além disso, o Senhor também prometeu a inspiração divina para o testemunho de seus apóstolos e discípulos, e enquanto eles escreviam seu testemunho a respeito dele, o cânon do Novo Testamento foi sendo construído já no 1º século.
Ademais, o Mestre já havia dito anteriormente que a própria inspiração divina, que esteve com os profetas anteriormente, ensinaria suas verdades e guiaria os discípulos nelas, lembrando-os de suas palavras (Jo 14:26; 16:12;13; At 1:8; cf. 2 Pe 1:20,21; Luc. 10:1-3,16,17). E ainda, o Senhor mesmo disse que enviaria profetas, homens sábios e escribas para que dessem testemunho de sua palavra (Mat. 23:34).
Ora, quando o Senhor sobe aos céus, compartilha de sua autoridade com seus discípulos para que ensinassem sua palavra. A palavra dos discípulos teriam autoridade porque seriam as palavras que o Senhor já havia lhes ensinado, pois ele disse:
“Assim como meu Pai me enviou eu também vos envio. Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos em todas as nações em meu nome; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado…” (Mat. 28:18b-20a)
As primeiras comunidades de discípulos, de fato, perseveravam na doutrina dos apóstolos (At 2:42). Isso demonstra reconhecimento de autoridade Divina e consequente aceitação da parte da comunidade de irmãos ao ensino destes servos. Eles viram que de fato aqueles escolhidos tinham aprovação e autoridade Divina, que lhes foi dada pelo próprio Senhor, como vimos (vide At. 5:12-16).
Os apóstolos foram o canal da verdade de Deus no 1º século EC, assim como os profetas no tempo antigo. Podemos observar que Simão chega a igualar o valor da palavra dos profetas à palavra dos apóstolos, dizendo:
Meus amados, esta é já a segunda epístola que vos escrevo, nas quais vos recordo estas coisas para estimular vossa pura consciência, para lembrardes das palavras que de antemão foram ditas pelos santos profetas, e os mandamentos de nosso Senhor e Salvador por meio dos apóstolos. (2ª Pedro 3:1-2 Bíblia Peshitta BV Books)
Paulo confirma ainda como Deus revelou Seu Filho aos apóstolos (Ef 3:4,5), que deu-lhes autoridade para ensinar em seu Nome.
porque mediante revelação me foi dado a conhecer o mistério, como vos escrevi brevemente, para que quando o lerdes sejais capazes de compreender meu conhecimento que é pelo mistério do Cristo, o qual não foi dado a conhecer em outras gerações aos homens, tal como agora tem sido revelado a seus santos apóstolos e a seus profetas pelo Espírito. (Efésios 3:3-5 Bíblia Peshitta BV Books)
Por isso tudo, os escritos do NT são Divinamente inspirados e juntamente confiáveis, desde o primeiro século de nossa era.
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[…] no primeiro livro de seus Comentários sobre o Evangelho de Mateus, seguindo o Cânon Eclesiástico, ele atesta que conhece apenas quatro Evangelhos, conforme se segue: “Segundo aprendi com a […]
[…] os escritos verdadeiros, genuínos e bem autenticados daqueles outros não só não incorporados ao cânon, como igualmente discutíveis, ainda que reconhecidos pela maioria dos escritores […]