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Livros apócrifos do Novo Testamento: quais são e por que os excluíram?

Last updated on 06/08/2021

O cânon bíblico foi realmente manipulado? Quais são os livros apócrifos do Novo Testamento? Por que foram retirados e somente os 27 atuais que temos foram aceitos? Será que houve uma manipulação da verdade no texto bíblico que temos atualmente?

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Quem escolheu quais livros deveriam fazer parte do Novo Testamento bíblico?

Temos vários relatos dos chamados “pais da igreja” que nos dão informações sobre aqueles que foram considerados como livros apócrifos do Novo testamento bíblico e por qual motivo. Vamos explorar alguns citados no livro História Eclesiástica, de um dos principais historiadores dos séculos III e IV, Eusébio de Cesareia.

Dentre os livros aceitos como divinamente inspirados do Novo Testamento, podemos destacar o seguinte relato de Eusébio de Cesareia a respeito dos evangelhos canônicos:

Mateus tendo primeiro proclamado o evangelho em hebraico, quando estava para ir também às outras nações, colocou-o por escrito em sua língua natal e assim, por meio de seus escritos, supriu a necessidade de sua presença entre eles.
Ora, depois que Marcos e Lucas haviam publicado seus Evangelhos, dizem que João, que durante todo esse tempo estivera proclamando o evangelho sem escrevê-lo, finalmente passou a escrevê-lo na seguinte ocasião.
Os três Evangelhos previamente escritos, foram distribuídos entre todos, e também passados a ele. Dizem que ele os aceitou, dando testemunho de sua veracidade;

História Eclesiástica (p. 101). CPAD. Edição do Kindle.

O relato seguinte destacará tanto os livros aceitos como os não aceitos.

Os livros apócrifos do Novo Testamento.

Nem todos os livros que serão mencionados abaixo precisavam estar inseridos no cânon bíblico, sendo apenas fontes de consulta extra bíblicas, como qualquer outro livro com comentários bíblicos. Além disso, não é á toa que alguns grupos de pessoas preferem chamar o “Novo Testamento” de “Escritos Nazarenos”, pois são considerados biblicamente canônicos somente os escritos que foram redigidos pelos discípulos diretos do Senhor, ou pessoas que tiveram contato direto com estes discípulos, como Lucas e João Marcos. Além do mais, os discípulos do Senhor, no 1º século de nossa era, receberam o nome de “nazarenos” ou “seita dos nazarenos” (vide Atos 24:15; cf. 2:22; 3:6; 4:10; 22:8).

Portanto, vamos relacionar vários livros mencionados por Eusébio em sua obra histórica. Escritos estes que circulavam nas comunidades de discípulos dos 3 primeiros séculos de nossa era. Alguns eram lidos em suas congregações, mas que, em algum momento, foram proibidos, e outros se perderam.

História Eclesiástica, Capítulo 15: As Sagradas Escrituras reconhecidas como genuínas e as que não são reconhecidas (p. 103). CPAD. Edição do Kindle.

Este também parece o devido lugar de apresentar uma declaração sumária dos livros do Novo Testamento já mencionados.
E, aqui, entre os primeiros, deve ser colocada a santa tétrade dos Evangelhos;
esses são seguidos pelo Livro de Atos dos Apóstolos;
depois deste deve-se mencionar as epístolas de Paulo, as quais são seguidas pelas reconhecidas primeira Epístola de João, bem como a primeira de Pedro, a ser de igual modo aceita.
Após esses, devem ser colocados, caso convenha, o Apocalipse de João, a respeito do qual apresentaremos as diferentes opiniões no devido tempo.
Esses, portanto, são reconhecidos como genuínos.

Entre os livros questionados, ainda que sejam bem conhecidos e aprovados por muitos, são reputados aquele chamado Epístola de Tiago e de Judas. Também a Segunda Epístola de Pedro e os chamados a Segunda e a Terceira de João, quer sejam do evangelista, quer de outro de mesmo nome.

Entre os espúrios devem ser alistados ambos os livros chamados Atos de Paulo e aquele chamado Pastor [de Hermas] e o Apocalipse de Pedro.
Além desses, os livros chamados a Epístola de Barnabé e as chamadas Instituições dos Apóstolos [Didaquê].
Além disso, como já afirmei, caso pareça correto, o Apocalipse de João, que alguns, como já se disse, rejeitam, mas outros colocam entre os genuínos.
Mas há também alguns que alistam entre esses o Evangelho de Acordo com os Hebreus, no qual os hebreus que receberam ao Cristo têm especial deleite.
Pode-se dizer que esses são todos a respeito dos quais há alguma controvérsia.

Fomos, porém, obrigados a juntar aqui um catálogo também desses para distinguir os escritos verdadeiros, genuínos e bem autenticados daqueles outros não só não incorporados ao cânon, como igualmente discutíveis, ainda que reconhecidos pela maioria dos escritores eclesiásticos.

Assim, teremos condições de conhecer esses livros e os citados pelos hereges sob o nome dos apóstolos, contendo livros como os evangelhos de Pedro, Tomé e Matias, e outros além desses, ou contendo os Atos dos Apóstolos de André, João e outros, dos quais nenhum daqueles escritores da sucessão eclesiástica dignou-se a fazer alguma menção em suas obras; e, de fato, o caráter e o estilo em si é muito diferente do dos apóstolos, e os sentimentos, e o propósito dessas coisas que são neles apresentadas, desviando-se ao máximo da ortodoxia sadia, provam evidentemente serem ficções de homens heréticos; de modo que não devem ser alistados entre os livros espúrios, mas completamente rejeitados como totalmente absurdos e ímpios.

de Cesareia, Eusébio. História Eclesiástica (p. 103). CPAD. Edição do Kindle. Colchetes nossos.

Alguns destes livros estão compilados numa publicação da Paulus Editora.

O relato acerca da carta aos hebreus.

O historiador do III século registra ainda as seguintes informações a respeito da carta aos Hebreus.

Podemos mencionar como um exemplo o que Inácio disse nas epístolas que citamos, e Clemente, naquela universalmente aceita por todos, a qual ele escreveu em nome da igreja de Roma à de Corinto. Nela, após expressar muitos sentimentos tomados da Epístola aos Hebreus e, assim, citando literalmente as palavras, ele mostra com a máxima clareza que essa obra é de maneira nenhuma uma produção recente.

Assim, é provável que fosse também alistada com outros escritos dos apóstolos. Pois como Paulo dirigiu-se aos hebreus na língua de seu país, alguns dizem que o evangelista Lucas, outros que Clemente, traduziu a epístola.
Isso também parece mais próximo à verdade, uma vez que a epístola de Clemente e aquela aos hebreus preservam as mesmas características de estilo e fraseologia, e porque os sentimentos em ambas as obras não são muito diferentes.

História Eclesiástica (p. 116). CPAD. Edição do Kindle.

Por que aqueles livros foram considerados apócrifos do Novo Testamento e excluídos?

Os crentes do 1º ao 3º séculos não agiram com ingenuidade ao selecionar os escritos que eram reconhecidamente inspirados por Deus, pois o próprio Senhor já havia advertido seus discípulos a respeito de falsos profetas e de enganadores que viriam em seu nome (Mt 7.15; 24.11). Ou seja, os discípulos deveriam avaliar os escritos dos autores que reivindicavam terem redigido sob autoridade Divina. O próprio apóstolo João recomendou que a comunidade de irmãos fizesse isso. Ele disse:

Não crede em todos os espíritos, amados meus, antes discerni os espíritos para saber se são de Deus, porque têm saído pelo mundo muitos falsos profetas. 
(1 João 4:1 Bíblia Peshitta BV Books)

Logo, nossos irmãos primitivos, além daqueles que foram os sucessores deles, agiram corretamente ao recusar alguns escritos como sendo Divinamente inspirados. Eles precisavam naturalmente avaliar os escritos, assim como o autor destes escritos, e então concluir, tendo como base a doutrina dos apóstolos, a Torá e os profetas, se aquele autor estava ou não sendo Divinamente inspirado.

Paulo, antes de sua partida, também alerta os irmãos a respeito dos perigos que trariam os falsos profetas.

Ele afirma ainda que até mesmo irmãos dentre eles se desviariam da verdade e tentariam, sob vários argumentos, atrair os discípulos após si. Os irmãos sucessores dos apóstolos no ministério deveriam tomar cuidado, estando atentos. Leia as palavras de Paulo:

Porque sei que depois da minha partida, virão ter convosco lobos cruéis que não perdoarão o rebanho, e também dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, de modo tal que desviarão os discípulos para que os sigam. 
Estejais, pois, alertas, e recordai que durante três anos, noite e dia, não cessei de vos admoestar com lágrimas a cada um de vós... 
(Atos 20:29-31 Bíblia Peshitta BV Books)

Simão, em sua segunda carta, também faz advertências semelhantes às do apóstolo Paulo, vamos conferir:

Mas também houve entre o povo falsos profetas, como também haverá entre vós falsos mestres que introduzirão heresias destrutivas e negarão o Senhor que os redimiu, trazendo sobre si mesmos destruição repentina, e muitos seguirão a abominação deles, e por causa deles o caminho da verdade será blasfemado. E por cobiça obterão lucro convosco com palavras fingidas... 
(2ª Pe 2:1-3a Bíblia Peshitta BV Books)

Concluindo, podemos listar aqui, de forma sucinta, quais eram considerados livros apócrifos do Novo Testamento, bem como confirmar os canônicos.

Se você tiver mais conhecimentos ou souber de mais citações acerca deste assunto, compartilhe com outros leitores nos comentários mais abaixo.

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3 Comments

  1. Jocelio Passos Gonçalves Jocelio Passos Gonçalves

    Estive no velório de meu parente católicos, levaram o corpo para igreja (católica), então um padre da paróquia começou a pregar dizendo que já, já, o meu parente estaria subindo aos céus com Maria mãe de Jesus.
    Depois dessa tamanha heresia eu imediatamente saí da igreja católica apostólica romana, porque não me contive.
    Jocelio Passos Gonçalves.
    Congrego na Igreja Assembleia de Deus Fonte de Vida em Vitória do Estado do Espírito Santo.

  2. tony tony

    excelente artigo irmao gabriel , nos estados unidos foi lançado um novo testamento com livros apocrifos, os catolicos falam que maria foi gerada sem pecado com base nos livros apocrifos,ela suspostamente seria gerada pelo ESPIRITO SANTO, por isso ela seria concebida sem pecado original, tambem assusçao de maria ao ceu, seria baseado nos livros apocrifos, claro que nao tem base biblica essas afirmaçoes catolicas, fiquem na paz de jesus.

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