Recentemente, alguns leitores da Bíblia leram a “marca da besta” do livro da revelação (Apocalipse) como uma referência codificada às vacinas contra o corona vírus. As manifestações públicas contrárias à vacinação incluíram faixas que refletem a recusa dos manifestantes em “tomar a marca da besta”. Mas essa compreensão da marca faz jus ao contexto judaico original do livro da revelação? Será que a vacina contra COVID é realmente a marca da “besta”?
Qual é o verdadeiro contexto da marca da “besta” no livro do Apocalipse?
Em tempos de crise, a Bíblia traz conforto e clareza para milhões ao redor do mundo. À medida que enfrentamos as dificuldades e incertezas de uma pandemia global, as Escrituras Sagradas são um lembrete de provações passadas e esperança futura.
No entanto, muitos leitores usam o texto bíblico como uma espécie de bola de cristal que oferece alusões criptografadas a situações difíceis. Como vimos, manifestações tem sido feitas contra a vacina da Covid sob alegação de que ela é a marca da “besta”. Mas essa compreensão do Apocalipse remove a marca de seu contexto histórico e força uma suposição moderna sobre uma ideia antiga.
O significado original e judaico da marca não tem nada a ver com receber vacinas. Em vez disso, uma pessoa receber a marca da besta é uma forma simbólica de dizer que abandonou os mandamentos de Deus.
O que então a “marca da besta” do Apocalipse tem a ver com a vacina contra COVID?
Apocalipse prevê um tempo em que uma “besta” (isto é, um animal selvagem – de modo simbólico) se levantará e fará com que “pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, sejam marcados na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, a menos que tenha a marca” (Ap 13:16-17).
Certos círculos que acreditam na Bíblia equiparam essas palavras com o lançamento de vacinas contra o Covid; neste caso, receber a vacinação equivale a ser “marcado” com a mancha bestial.
Porém, mesmo em uma leitura superficial da Revelação, essa conjectura é duvidosa. As agulhas de vacinação vão para os braços, não para as mãos ou testas. Além disso, recusar uma vacina não elimina a capacidade de transportar, comprar ou vender – as transações econômicas on-line não exigem cartões de vacinação.
A compreensão do real significado da marca da besta depende de uma exegese cuidadosa, não de eventos atuais. Quando os intérpretes consultam as páginas das Escrituras, em vez das notícias de primeira página, a conotação bíblica da marca torna-se mais clara.
O Apocalipse descreve a marca sendo colocada “na mão direita ou na testa” (Ap 13:16), que ecoa a descrição dos mandamentos de Deus na Torá:
“Você os atará como um sinal em sua mão, e eles serão como frontais entre os olhos”.
(Deuteronômio 6:8; cf. 11:18)
Com base neste versículo, os judeus posteriores afixaram Tefilin (תפלין) – pequenas caixas contendo textos bíblicos – em suas mãos e testas.
Nas traduções gregas dos escritos nazarenos (“novo testamento“), os tefilin são chamados de “filactérios” (φυλακτήρια; Mt 23:5), e os judeus praticantes usam esses adornos rituais durante a oração até hoje.
Assim, de uma perspectiva judaica, fica imediatamente claro que a “marca da besta” substitui os mandamentos divinos; portanto aceitar esta marca é rejeitar a vontade de Deus.
Por isso, uma dose de vacinação não é relacionada em nada à capacidade de seguir os mandamentos bíblicos!
O livro do Apocalipse, isto é, da Revelação, também invoca imagens do profeta Ezequiel. Antes do exílio babilônico, Deus ordena: “Passe pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e coloque uma marca nas testas (תו על-מצחות; tav al-mitshot) do povo que suspira e geme todas as abominações que nela se cometem” (Ez 9:4).
Esta “marca” (תו; tav) salva todos que a usam da força destrutiva da Babilônia (Ez 9:6).
A Revelação inverte o cenário profético. Em vez de pessoas receberem uma marca em suas testas para a salvação, João imagina as pessoas sendo marcadas para a destruição.
Aqueles que estão marcados em Ezequiel representam o remanescente justo de Israel que permaneceu fiel a Deus e manteve os mandamentos celestiais; aqueles marcados em Apocalipse escolhem ficar do lado da besta ao invés do SENHOR.
O evento em Ezequiel tem precedente em Êxodo.
Descrevendo o significado da Páscoa, Moisés diz ao seu povo:
“Você dirá ao seu filho naquele dia: ‘É por causa do que o Senhor fez por mim quando saí do Egito.’ E isso te será por sinal na tua mão (ידך; yadekha) e por memorial entre os teus olhos, para que o ensinamento do Senhor (תורה; torá) esteja na tua boca”.
(Êxodo 13:9)
Como em Ezequiel, aqueles a quem Deus salva carregam a marca divina. Mais tarde, no mesmo capítulo de Êxodo, Moisés diz ao povo para consagrar seu primogênito a Deus, e a justificativa para essa prática é uma lembrança da salvação de Israel.
“Pois, quando o faraó se recusou a nos deixar ir”, diz Moisés, “o Senhor matou todos os primogênitos na terra do Egito, tanto os primogênitos dos homens como os primogênitos dos animais… mas todos os primogênitos de meus filhos eu resgato.
(Êxodo 13:15-16)
Será por sinal na tua mão e frontais entre os teus olhos, porque com mão forte o Senhor nos tirou do Egito”.
A marca do Senhor significa salvação da morte e destruição, e Apocalipse apresenta o inverso negativo para aqueles que recebem a marca da besta.
No contexto original do Apocalipse, a “besta” (θηρίον; therion) representa Roma, também chamada de “Babilônia”.
Em última análise, João vê o fim do império romano e, por extensão, todos os que receberam a marca da besta:
“Caiu, caiu Babilônia, a grande… Se alguém adorar a besta e sua imagem e receber uma marca na testa ou na mão, também beberá o vinho da ira de Deus”.
(14:8-10; cf. 18:2)
Enquanto aqueles que estão do lado de Roma encontram a destruição, aqueles que permanecem fiéis a Deus desfrutam da vida eterna:
“Aqueles que não adoraram a besta nem a sua imagem e não receberam a sua marca na testa nem nas mãos… reviveram e reinaram com o Ungido durante mil anos”.
(Ap 20:4)
Francamente, a noção de que a “marca da besta” é uma vacina contra a Covid zomba da mensagem bíblica.
Se a marca bestial fosse uma vacina no braço, isso significaria que qualquer um que decidisse se proteger de uma pandemia mortal perderia a vida eterna. Entretanto, não são os cartões de vacinação que impedirão a entrada no reino dos céus!
Em vez de se preocupar com o fato de seus nomes estarem arquivados em um local de vacinação, os crentes devem se concentrar em ter seus nomes “escritos no livro da vida do Cordeiro”! (Ap 21:27).
Traduzido e adaptado de Israel Bible Center por Gabriel Filgueiras. Autor original: Dr. Nicholas Schaser
Livre-se das ilusões e das distorcidas interpretações bíblicas, que são fruto da imaginação humana. Estude a Bíblia em seu contexto original hebraico!
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6 Comments
A abertura do 1.º selo (Ap 6:2), trouxe O cavaleiro branco, o cavaleiro da peste (pandemia MUNDIAL do CoronaVirus). Com ele trouxe o arco, (toxon 5115) e deram-lhe uma coroa.
Houve povos em que eram utilizados arco e flecha, com veneno na ponta para atacar/ferir/matar/envenenar, o adversário.
(Ap 3:11: “Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”)
O nome de YHWH (10 5 6 5) está presente no nosso genoma humano.
O RNA mensageiro, é uma alteração sintética que altera o ADN, foi e ainda é, um experimento genético.
Foi com o derramamento do sangue de Cristo que fomos comprados e salvos (Lc 22:19-20)
O nosso corpo é o templo de Deus e é no corpo que Deus faz morada em cada um de nós. (1Co 3:16-17)
2Ts 2:4: “o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.”
Assim com este experimento, o anticristo que seduziu todas as nações, conseguirá entrar no nosso corpo (templo de Deus) e alterar o nosso sangue sentando-se no santuário/trono de Deus, alterando no nome do Pai Celestial, retirando assim o nosso nome do livro-da-vida, do Cordeiro)
Será que podemos interpretar desta forma? Qual a sua opinião?
Oi Sara. Eu não vejo dessa forma.
Olá pastor, obrigado pela explicação sobre o assunto. Mas acredita-se que a marca da besta será por meio tecnológico como celular, chip, pix, metaverso, etc. Realmente faz uma confusão , pois no final acredito que todos ficamos em dúvidas. E o certo seria se preocupar em entrar no reino. Mas de fatos todo esse assunto tô sobre marca da besta é de espantar. Será que teremos pode escolha sobre esse sinal? Pois como dizem sobre o celular, todos já usam. Estariam todos perdidos neste contexto
Olá, Marcelo. Essa teoria de que a tal “marca da besta” serão uma dessas coisas que você mencionou aí no seu comentário são ilusões, não se trata de nada disso. Acontece que no texto de Deuteronômio 6:8 Deus ordena ao seu povo atar suas palavras na mão direita e na testa. Ou seja, a palavra deve ser uma realidade nas suas ações e estar presente em seus pensamentos. Colocar uma outra “marca” na mão direita ou na testa seria o mesmo que negar os mandamentos de Deus na Torá, substituindo-os por outra coisa. A mensagem do Apocalipse está dizendo apenas que seria feita uma guerra contra aqueles que guardam os mandamentos de Deus, e essa guerra foi feita tanto nos três anos que antecederam a destruição do templo no ano 70, quanto no decorrer da história depois disso, até tempos recentes. Essas teorias cristãs sobre a “marca da besta” são meras ilusões, fantasias e “viagens na maionese”, interpretações de pessoas que divorciaram a mensagem das Escrituras de seu devido contexto.
Esse estudo tem sido de grande valia para o aperfeiçoamento de nossa mente e no estudo das escrituras.
Amen. Obrigado Eliseu. Deus abençoe.