Last updated on 05/09/2022
No ano de 1947 foram descobertos centenas de fragmentos de manuscritos bíblicos em cavernas nas regiões do deserto de Qumran, na Judeia. Esses achados arqueológicos foram intitulados Manuscritos do Mar Morto, e eles mudaram para sempre a história da Bíblia Sagrada, positivamente, claro. Aqui vamos conferir um resumo dessa história.
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Quem achou os manuscritos do Mar Morto?
Um beduíno, criador árabe de cabras, Muhammad edh-Dhib, de apenas 15 anos de idade, da tribo de Taamireh, ao procurar uma de suas cabras que se perdera, entrou em uma das cavernas e ali descobriu um certo número de jarras, com cerca de 60 cm de altura.
Muhammad e seu irmão pensavam ter tesouros nos jarros. De fato, eram tesouros, mas não do tipo que eles procuravam. Eram manuscritos judaicos de mais de 2000 anos de idade. Eram tesouros arqueológicos. Assim, “por acaso”, foi feita a maior descoberta de manuscritos bíblicos de nossa era.
Os beduínos, sem saber do que se tratavam os achados, tentaram vender no mercado de Jerusalém.
O primeiro negociante, chamado Qenda, pagou 100 dólares a eles pelo que tinham em mãos e para que trouxessem mais. Porém, ele mal sabia do que se tratava. NInguém imaginaria que velharias sujas e despedaçadas constituíam o maior achado de manuscritos bíblicos da história, uma janela de mais de 2000 anos para as mentes de judeus e todos seguidores da Bíblia Sagrada.
Entretanto, a descoberta foi fácil comparada aos 50 anos seguintes de luta para decifrar seus significados.
Dentro das cavernas artificiais havia pequenos buracos que provavelmente sustentavam prateleiras com rolos e pergaminhos, tal como uma biblioteca moderna o tem para seus livros. Os manuscritos estavam empilhados até o teto e misturados com esterco, barro e todo tipo de entulho empilhado no decorrer dos anos.
James VanderKam, da universidade de Notre Dame, da equipe que edita os manuscritos, afirma que havia uma caverna grande onde podia-se ler e tinha um clima confortável. Ele estima que quando os edifícios de Qumran foram destruídos pelos romanos, os manuscritos foram guardados lá às pressas.
Embora inicialmente a notícia sobre os manuscritos tenha sido quase perdida entre as demais notícias dos combates pela independência de Israel, um anúncio do epigrafista W. F. Albright, em 12 de abril de 1948, Baltimore (EUA), jogou nova luz sobre os manuscritos. Ele os datou da época dos Macabeus (séc. II AEC) e de Herodes (72-4 AEC), portanto, próxima da época de Jesus.
Em 1954, um líder religioso sírio pôs à venda em um anúncio no Wall Street Journal quatro manuscritos do Mar Morto. O Estado de Israel os comprou por 250 mil dólares.
Embora a Caverna 4 fosse a principal, com mais rolos, ao todo eram 11 que foram descobertas no decorrer de 10 anos.
Após as descobertas, foi construído em Israel o Santuário do Livro, que é uma ala do Museu de Israel perto de Givat Ram no nordeste de Jerusalém. Essa ala foi construída justamente para abrigar os manuscritos.
Todos os livros da Bíblia hebraica (Tanakh) estavam entre os achados, exceto o livro de Ester.
Quem escreveu os pergaminhos do Mar Morto?
Embora alguns estudiosos estimam que os Manuscritos do Mar Morto foram escritos em Jerusalém e levados para Qumran às pressas por causa da guerra dos judeus com o Império Romano, prevalece a opinião de que a comunidade sacerdotal judaica dos essênios é que os redigiu lá mesmo.
Abaixo estão fotos do sítio arqueológico de Qumran, próximo ao Mar Morto, onde pelo menos boa parte dos manuscritos foram redigidos e preservados. Na segunda fotografia vemos a reconstrução do local onde vários escribas trabalhavam nos manuscritos em uma mesa comprida.
Sir Frederic Kenyon, um especialista em manuscritos bíblicos do final do século 19 e início do século 20, sonhava em descobrir um manuscrito bíblico anterior ao tempo do Senhor e seus discípulos. Os manuscritos bíblicos mais completos que existiam eram o códice Vaticanus e o Sinaiticus (ambos em grego), datados do século 4 EC. Diante disso, havia dúvidas se a bíblia que possuíamos até então era de fato igual aos originais. Curiosamente, algumas décadas depois, os manuscritos tão sonhados por ele são descobertos em Qumran.
Antes dos Manuscritos do Mar Morto, ou seja, até o ano de suas descobertas, em 1947, os textos em hebraico mais antigos que tínhamos do Tanakh (Escrituras) datavam dos séculos 10 e 11 EC.
O códice de Leningrado, que é datado do ano 1008, e o códice de Aleppo de 930. Com isso tinha-se a dúvida se a bíblia havia realmente sido preservada.
O único manuscrito que existia datado do 2º século AEC era o papiro Nash, encontrado no Egito em 1902. Ele contém fragmentos das 10 palavras (Êx 20) e o “shema Israel”, isto é, a oração de Deuteronômio 6.4, que diz:
“Ouve, Israel: YHWH é nosso Deus; YHWH é um.”
Os manuscritos do Mar Morto, portanto, contém os textos mais antigos das Escrituras Hebraicas que temos hoje. São cerca de 1000 anos mais antigos do que os textos mais antigos que tínhamos até então.
Eles, em sua maioria, foram escritos em hebraico, mas havia outros em aramaico e uma minoria em grego.
Havia ainda cerca de 600 textos não bíblicos, que são instigantes interpretá-los para descobrir mais acerca dos relatos bíblicos. Os textos não bíblicos eram inéditos e tinham muitas informações sobre a Judeia e a vivência judaica do 1º século.
Veja abaixo fotos de diversos manuscritos encontrados em Qumran.
Os manuscritos foram cuidadosamente enrolados em linho e colocados em jarros dentro das cavernas, pois visava-se proteger a grande biblioteca da comunidade de Qumran do ataque da décima legião romana que, sob comando do general Vespasiano, aproximava-se para destruí-la, o que se concretizou completamente em junho de 68 EC.
Os membros da comunidade muito provavelmente imaginavam voltar para lá e recuperar seus escritos sagrados, dando continuidade aos seus costumes e aguardando por seu Messias. Porém isso nunca aconteceu porque todos foram exterminados.
Mesmo diante desse martírio, parece que isso era uma providência divina para que uma geração distante, incrédula e cheia de dúvidas com relação ao texto bíblico, pudesse ter total confiança nas escrituras dos profetas de Deus.
Dentre os escritos encontrados em Qumran estão:
- Duas cópias incompletas do livro de Isaías;
- O Manual de Disciplina (um tipo de guia para a comunidade);
- Um livro de hinos (parecido com os salmos);
- O livro de Enoque;
- O Manual Militar (orientações próprias para o armagedom);
- Um comentário sobre o livro de Habacuque;
- Uma paráfrase do livro de Gênesis;
- 3 fragmentos do livro de Daniel;
- 200 fragmentos de porções da Torá, salmos, Jeremias e Rute;
- 300 fragmentos contendo cerca de ⅓ dos livros canônicos.
Todos estes preservados por cerca de 1900 anos e encontrados “por acaso”.
Antigas cópias da Septuaginta também foram encontradas nessa descoberta.
A Septuaginta é uma tradução grega das Escrituras Hebraicas feita no século 3 AEC, período da helenização dos povos (implantação da cultura grega).
O texto grego encontrado em Qumran tem o diferencial de preservar o Nome de Deus ainda em letras hebraicas (alfabeto proto hebraico), conforme indicado na foto acima.
As cópias das Escrituras encontradas ali tinham idade de mais de 200 anos antes da nossa era. Esses achados provaram que os escritos bíblicos foram fielmente preservados e copiados ao longo do tempo.
Cerca de 95% dos livros bíblicos descobertos dentre os manuscritos do Mar Morto tem o texto exatamente igual aos livros que temos hoje, e as diferenças existentes são meras questões gramaticais, mostrando assim o quanto a preservação do texto bíblico foi fiel.
Diferenças que as descobertas dos Manuscritos do Mar Morto causaram nas Bíblias.
Os manuscritos de Qumran revelaram um versículo que estava faltando no Salmo 145 do texto tradicional hebraico. Este salmo está em ordem alfabética na língua hebraica, portanto ele deveria ter 22 versículos, pois o alfabeto hebraico é constituído de 22 consoantes.
Veja abaixo o alfabeto hebraico e a letra nun, que faltava no Salmo.
Agora verifique o texto do Salmo 145 em hebraico (abaixo) em ordem alfabética, e note como está faltando a letra nun no local indicado.
Vejamos agora a diferença que tal versículo encontrado nos pergaminhos do Mar Morto trouxeram para o texto de nossas bíblias:
13 O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as gerações.
Salmo 145:13,14, Almeida Corrigida Fiel
14 O Senhor sustenta a todos os que caem, e levanta a todos os abatidos.
13 O teu reino é um reino eterno, e o teu domínio subsiste por todas as gerações. O Senhor é fiel em todas as suas palavras e santo em todas as suas obras.
Salmo 145:13,14, Nova Almeida Atualizada
14 O Senhor sustém todos os que vacilam e levanta todos os que estão prostrados.
Uma das maiores descobertas dos Manuscritos do Mar Morto foi o pergaminho do profeta Isaías.
O Grande Pergaminho de Isaías (1QIsaa) é um dos sete originais do Mar Morto descobertos em Qumran em 1947. É o maior (734 cm) e o mais bem preservado de todos os rolos bíblicos. O único que está quase completo. As 54 colunas contêm todos os 66 capítulos da versão hebraica do livro bíblico de Isaías. Datado de 125 AEC, é também um dos mais antigos manuscritos do mar morto.
Em destaque (abaixo) aparece a palavra hebraica “ôr” (luz). Ela não existia no texto de Isaías 53:11, mas foi encontrada apenas nos manuscritos de Qumran.
O texto já foi atualizado nas bíblias mais modernas. Veja um exemplo abaixo:
Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.
Almeida Corrigida Fiel
Após o trabalho fatigante da sua alma verá a luz e se fartará. Pelo seu conhecimento ,o justo, meu Servo, justificará a muitos e levará sobre si as suas transgressões.
Bíblia de Jerusalém
Os manuscritos do mar morto nos ajudaram a compreender como era o judaísmo da época do Messias e as raízes do judaísmo moderno, bem como do cristianismo, nos dando uma visão mais de perto do contexto judaico do 1º século e de um tempo antes.
Os manuscritos contribuíram a favor da veracidade do texto bíblico e nos ajudaram a compreender o contexto de algumas passagens da Bíblia Sagrada que antes não compreendíamos com clareza. Nos mostrou ainda como foram fiéis as cópias das Escrituras hebraicas ao longo dos séculos.
No documentário abaixo, você pode conferir como foi o desenrolar dessas descobertas.
10 Comments
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[…] detalhes acerca dessa descoberta no estudo “Os Manuscritos do Mar Morto e sua importância para a Bíblia“, no Blog Bíblia se Ensina. Veja também o estudo sobre a comunidade dos […]
[…] veja Jd 1:14. Pergaminhos contendo esta profecia de Enoque foram encontrados entre os achados dos Manuscritos do Mar Morto, em Qumran, em 1947. Para mais detalhes, veja o e-book “Relatos Adicionais do Gênesis […]
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[…] comiam seres humanos. No capítulo 5, vs. 1-2 o livro dos Jubileus, que é um dos achados entre os Manuscritos do Mar Morto, relata o […]
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parabens irmao gabriel pelo trabalho em prol das escrituras sagradas muito edificande, vejam os sites, http://WWW.ANTIQUITIES.ORG.IL, TADAMUN.COM, esses sites sao dos centros de antiqidades de israel e egito, para estudos e pesquisas ,fiquem na paz de jesus cristo nosso salvador e rei.