A origem do batismo nas águas muito antes do que se imagina

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Muitas pessoas, na verdade a grande maioria dos cristãos, pensam que a origem do batismo nas águas se deu na ordem do Salvador registrada em Mateus 28:19, onde lemos nas principais traduções da Bíblia Sagrada: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” No entanto, veremos que o batismo (ritual de imersão/mergulho nas águas), não é uma coisa nova inventada por “Jesus Cristo” ou “João Batista”, mas antes suas origens são bem mais remotas do que imaginamos.

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A verdadeira origem do batismo nas águas no Monte Sinai.

O ritual de purificação com água começa aproximadamente 1500 anos antes dos eventos registrados nos escritos nazarenos (“novo testamento” ou “evangelhos”). Em Êxodo 19:10-15 já vemos um ordem do próprio Deus com relação à purificação de seu povo em água.

Iahweh disse a Moisés:
- Vai ao povo e faze-o santificar-se hoje e amanhã; lavem as suas vestes, estejam prontos depois de amanhã, porque depois de amanhã Iahweh descerá aos olhos de todo o povo sobre a montanha do Sinai. [...]
Moisés desceu da montanha e foi encontrar-se com o povo; ele o fez santificar-se, e lavaram as suas vestes.
(Êxodo 19:10,11,14 Bíblia de Jerusalém)

É nesta fase dos israelitas com Moises no deserto que Paulo se refere como sendo um tipo de imersão/batismo (1 Coríntios 10:1-2).

E ainda, “conforme os rabinos do Talmud, a primeira vez que tal imersão ocorreu foi no Deserto do Sinai, antes da revelação. Quando os israelitas chegaram aos pés do Monte Sinai, Moisés os instruiu a se prepararem para uma grande experiência religiosa. Eles iriam “encontrar-se” com Deus, mas, antes, Moisés lhes ordenou a se “santificarem” e a lavarem suas vestimentas (Êxodo 19:10).
Os rabinos interpretaram a palavra “santificação” e a lavagem das vestimentas como sendo equivalentes à imersão no banho ritual (micvá). Assim, disseram eles, a imersão [tevilá] num banho ritual é necessária antes que alguém seja admitido como membro do povo da Aliança.’’
II Livro Judaico dos Porquês; 2a edição; editora e livraria Sêfer; cp. 4; Págs. 138 e 139.

Depois deste evento, onde os israelitas iam se apresentar diante de Deus, vários outros ritos com purificação em água são registrados na Torá, sendo ensinados pelo próprio Deus.

Vejamos as referências.

  • Êx. 29:4. A lavagem do corpo para purificação sacerdotal.
  • Êx. 30:17-21. O lavar das mãos e dos pés como purificação para o serviço divino (cf. 40:30-32).
  • Lev. 8:6. A lavagem dos sacerdotes com água.
  • Lev. 11:24-28, 31-32, 39-40. A purificação com lavagem de água para quem toca em cadáver de animais.
  • Lev. 14:8,9. O leproso curado deveria passar por um ritual de purificação com água.
  • Lev. 15 (vários versículos).
  • Lev. 16:3,23,24,26,28. A lavagem do corpo e das roupas com água com os ritos de expiação pelo pecado.
  • Lev. 17:15,16. O lavar das vestes e do corpo como símbolo de purificação (bem como higiene).
  • Lev. 22:6. A purificação do corpo com banho em água depois de contato com algo imundo.
  • Núm. 19:7,8. Os sacerdotes lavam seu corpo e suas roupas com água para se tornarem cerimonialmente puros de novo.
  • Núm. 19:14-19. O rito de purificação com água depois do contato com algum cadáver ou sepulcro.

Estes ritos de purificação com água da Torá, certamente, deram origem aos mergulhos de purificação em água dos essênios, uma comunidade sacerdotal judaica dissidente que viveu no deserto da Judéia, em Qumran, próximo ao Mar Morto, por volta dos séculos II e I AEC.

Também deram origem aos ritos exagerados de purificação dos fariseus (Mt 15:1,2; Mc 7:1-4), ao batismo de João (Lc 3:2,3,7,21; Jo 3:23) e do Senhor (João 3:22-26 e 4:1,2).

Em especial os essênios, tinham como costume tomar banhos de purificação em água diariamente. Descobertas arqueológicas em Qumran revelaram vários tanques de água onde eles mergulhavam para purificação de seu corpo.

tanque de purificação dos essênios através de mergulho (imersão) em água

Eles desciam as escadas por um lado, mergulhavam todo seu corpo na água, e saíam depois, segundo eles, purificados.

É claro que, tanto os banhos de purificação dos essênios quanto os rituais relatados acima na Torá eram símbolos de uma purificação que deveria haver no interior dos filhos de Deus.

A origem do batismo de João foi com os essênios.

João, o batista, que também era de família sacerdotal e fora criado pelos essênios, aprendeu com eles a prática de batizar (imergir) em água.

João, o batista (original Yohanan), batizando Jesus (original Yeshua) no Rio Jordão, o batismo nas águas.

Há, porém, algumas diferenças entre a imersão de João (original Yohanan) e dos essênios. Enquanto os essênios mergulhavam apenas os membros de sua comunidade para se purificarem de possíveis contatos com coisas imundas (por exemplo), Yohanan se dirigia a todo Israel imergindo e pregando uma mensagem de arrependimento, anunciando que o Ungido estava próximo de se manifestar (Lc 3:16-18).

O que pouco é notado quando lemos a Bíblia é que o próprio Senhor também imergia seus discípulos quando ainda estava aqui na terra, conforme lemos em João 3:22-26 e 4:1,2, já mencionados antes.

Logo, o batismo (a imersão em água) é um rito de iniciação para os conversos ao Ungido e Salvador. É essa imersão que caracteriza sua iniciação como discípulos dele. Isso é um dos principais elementos que caracterizam o cristianismo como tendo raízes judaicas, embora tenha evoluído com o passar do tempo e se tornado uma religião diferente.

Sendo assim, a origem do batismo se deu ainda na Torá, que aproximadamente 1300 anos depois deu origem aos ritos de purificação em água dos fariseus, também aos banhos de purificação dos essênios que, por sua vez, deu origem ao batismo de João, e por fim continuou a ser um rito de iniciação para os discípulos do Senhor, tendo sido aproveitado no cristianismo que surgiu posteriormente.

O batismo deve ser por imersão, aspersão ou efusão?

Como vimos, as origens do batismo são de mergulho na água (imersão). Aliás, a própria palavra grega “baptizo” significa, basicamente, “mergulhar, afundar”, de acordo com o Dicionário Bíblico Strong.

Desta forma, não vejo por que entrar em questionamento quanto às outras formas de batismo, que provavelmente vieram também da Torá, ou pelo menos se aproximaram de alguma forma com eventos nela escritos (cf. Êx 24:8; 29:21; Lv 8:30; 14:6,7; Núm. 8:5-7; 19:13,19,20).

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

Um comentário em “A origem do batismo nas águas muito antes do que se imagina”

  1. A diferença que vejo é que de uma forma simbólica a pessoa quando aceita JESUS morre com ele e como ele ressuscitou também está pessoa ressuscita com ele para viver uma nova vida o batismo simboliza isso. RM: 6.3_14

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