Last updated on 21/07/2021
Por volta do ano 650 AEC nasce em Israel um profeta que marcaria seu futuro e sua história para sempre. Jeremias (original Irmeyahu) viveu e profetizou em um momento crucial da história de Israel. Seu chamado à profeta se deu em 626 e termina após 586, totalizando pouco mais de 40 anos de ministério. Ele é proveniente das terras de Benjamim e era da linhagem sacerdotal que vivia em Anatote (1:1). O profeta Jeremias não só presenciou os eventos do cativeiro babilônico sofrido pelo reino do sul de Israel, que é Judá, como também registrou as deportações ocorridas (4 no total). O rei Nabucodonosor foi responsável por todas elas (Jr 52:28-30).
As deportações (cativeiros ) de Judá registradas pelo profeta Jeremias.
Em 605, Nabucodonosor II empreendeu uma grande campanha militar a fim de estender o território de seu império na Babilônia. Ele, na verdade, foi um instrumento do próprio Deus YAHWEH para disciplinar seu povo devido sua inclinação ao mal (Jr 32:28-30; Dn 5:18). Este foi o primeiro evento em que o rei babilônico toma posse das terras palestinas. Nessa deportação de 605 estavam Daniel e seus três amigos (Dn 1:1-6).
A segunda deportação ocorreu em 597. Era o oitavo ano do reinado de Nabucodonosor. O templo de Jerusalém foi saqueado, mas não destruído (2 Rs 24:8-16). Nesta ocasião, entre os cativos estava o profeta Ezequiel, que sempre data suas profecias a partir do cativeiro de Joaquim, rei de Judá em Jerusalém, também levado cativo nessa fase (2 Rs 24:15; Ez 1:1-3).
A mais terrível deportação, porém, se deu em 586, quando ocorreu a queda de Judá (Jr 52:29). Esta pode ser considerada a data oficial do início dos 70 anos do cativeiro, profetizados pelo próprio profeta Jeremias (25:11-12; 29:10). Foi dessa vez que o templo de Salomão em Jerusalém foi destruído, e a dinastia de Davi chegou “ao fim” (2º Cr 36:14-20).
Uma outra deportação, a quarta, aconteceu em 582, provavelmente em represália ao assassinato de Gedalias, homem que o rei Nabucodonosor colocou como governador de Jerusalém em lugar do rei Zedequias, que fora levado cativo devido sua rebelião contra o rei da Babilônia (2 Rs 25:7,22-25). Foi muito provavelmente nesta última deportação que o profeta Jeremias também foi levado cativo por um tempo (Jr 40:5-6).
Essas três últimas deportações são registradas por Jeremias em 52:27-30:
E o rei da Babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamate. Desta forma Judá foi levado cativo da sua própria terra. Este é o povo a quem Nabucodonosor levou cativo: no sétimo ano três mil e vinte três judeus. (598-597) No décimo oitavo ano de Nabucodonosor ele levou cativos de Jerusalém oitocentas e trinta e duas pessoas. (587-586) No vigésimo terceiro ano de Nabucodonosor, Nebuzaradã, o capitão da guarda, levou cativos dos judeus setecentas e quarenta e cinco pessoas. Todas as pessoas foram quatro mil e seiscentas. (582)
Note que o evento que marcaria o início dos 70 anos do cativeiro na Babilônia seria a desolação total de Jerusalém, o que inclui a destruição de seu templo, de seus muros, seus palácios, etc. Portanto, este evento aconteceu na deportação do ano 586.
Veja também, em Jeremias 29:8-10, que o evento que marcaria o fim dos 70 anos de cativeiro seria a restauração total da cidade, e isso aconteceu em 516, quando o templo foi reinaugurado (ver Esdras 6:13-15).
Os profetas que viveram durante e que anunciaram o cativeiro, além do Jeremias, foram Daniel e Ezequiel. Isaías viveu entre 765 e 681, e profetizou muitas coisas acerca do Cativeiro na Babilônia também (Is 39:5-7).
Jeremias, que viveu entre 650 e algum tempo após a deportação de 586, não foi levado cativo para a Babilônia, mas foi-lhe concedido viver em liberdade onde quisesse (Jr 40:1-6). Ele pregava que todo o Israel, além de outras nações, deveriam render-se ao rei da Babilônia (porque, através dele, YAHWEH estava disciplinando seu povo devido à sua rebeldia e iniquidade – vide Jr 28:14), e por isso foi tratado até como traidor do povo de Deus (Jr 37:6-15; 38:1-6).
Por fim, a contribuição de Jeremias para a história do povo de Deus foi tão grande que, mesmo 66 anos após a deportação de Judá, dentro das terras babilônicas, seus escritos ainda eram consultados para se inquirir a respeito do futuro que esperava pelo povo de Deus (Dan. 9:1-2).
Leia outras obras relacionadas ao profeta Jeremias:
Série Introdução e comentário – Jeremias e Lamentações, por R. K. Harrison.
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[…] profecias de Jeremias, cujo ministério profético foi de 626 até cerca de 582 AEC, dizem em que aquele vale se […]