Adorar a Deus em espírito e em verdade – João 4:23,24 (contexto original)

Estudo bíblico explica o que é adorar a Deus em espírito e em verdade

“Mas vem a hora — e já chegou — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (NAA) Afinal de contas, o que é adorar a Deus em espírito e em verdade? O que essas “misteriosas” palavras de Jesus queriam dizer em João 4:23-24?

Por falta de detalhes a respeito do que o Mestre quis dizer com essas palavras, “os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade”, muitas vezes ficamos no campo das conjecturas para tentar explicá-las. No entanto, obviamente, essa não é uma forma saudável, e nem a correta de explicar um ensinamento bíblico. Essas palavras do Senhor podem ser explicadas pelo contexto que envolvia tudo que ele falava. Além disso, e indispensavelmente, devemos entender tudo pela pesquisa dos significados originais das palavras hebraicas/aramaicas ditas por ele.

Qual o contexto que envolvia as palavras do Senhor, “adorar a Deus em espírito e em verdade”?

Como sabemos, o Senhor atravessava naquele momento uma aldeia das regiões de Samaria (vs. 4-5). Ora, os moradores de Samaria, os samaritanos, eram descendentes de israelitas do reino do norte de Israel. Na época pós rei Salomão (séc. 10 AEC) o reino havia se dividido em dois, o reino do norte com 10 tribos de Israel, e o reino do Sul com a tribo de Judá. Este último conservou a dinastia do rei Davi (cf. 1 Rs 11:29-32).

O filho de Salomão e neto de Davi, Roboão, tornou-se rei em Judá (reino do Sul). Veja 1 Reis 11:43. Enquanto isso, Jeroboão, um dos oficiais de Salomão, tornou-se rei em Israel (reino do Norte). Veja 1 Reis 12:15-20.

O próprio Deus havia escolhido Jeroboão para ser rei em Israel e prometeu confirmar seu reinado para sempre (1 Rs 11:31,37,38). Porém este homem não confiou na palavra do Soberano e estabeleceu suas próprias maneiras de culto, pois teve receio de que o povo o desprezasse ao continuar indo a Jerusalém, onde reinava Roboão, prestar culto ao Eterno. Veja 1 Reis 12:25-33.

Com essa divisão do reino, e desta forma, Jeroboão instalou um legado de idolatria e iniquidades em Israel que foi seguido por outros reis que vieram depois dele.

Dali surgem os samaritanos, que posteriormente se tornaram israelitas mestiços, isto é, misturados com povos de outras nações que em certo momento foram ensinados a cultuar ao Deus de Israel, mas também havia quem cultuasse outras divindades ali (2 Rs 17:21-29).

Por tudo isso, a inimizade entre judeus e samaritanos tende a aumentar até chegarmos à época do Senhor, quando os judeus mal se comunicavam com seus irmãos israelitas samaritanos. Veja João 4:9 e 8:48.

Mais uma série de eventos históricos contribuíram para aumentar a desarmonia entre os judeus e os israelitas samaritanos, a ponto do Senhor profetizar em Mateus 16:18 que ele reedificaria toda a congregação de Israel. Mas este aqui não é o espaço para falarmos disso com mais detalhes agora. Caso você tenha interesse em conhecer mais do texto de Mateus 16:18, seu respectivo contexto e como ele está mal traduzido em nossas Bíblias evangélicas, visite a pesquisa no site defesadatora.org, do Cleiton Gomes.

Tendo, pois, compreendido que dois lugares eram tidos como os principais de adoração ao Deus de todo o Israel (ver João 4:20), podemos nos ater agora ao que significa, primeiro, adorar a Deus em espírito.

O que é adorar a Deus em espírito?

Vamos primeiro pesquisar o significado da palavra “espírito”. Daí então, sabendo de seu significado, vamos assimilar as informações acima dentro de seu contexto e definir o que é adorar em espírito.

A palavra “espírito” tem sua raiz etimológica do Latim “spiritus”, significando “respiração” ou “sopro”. Mas também pode estar se referindo a “coragem”, “vigor” e finalmente, fazer referência a sua raiz no idioma protoindo-europeu *(s)peis- (“soprar”).

Na Vulgata, a palavra em Latim é traduzida a partir do grego “pneuma” (πνευμα), que significa “vento”, “respiração”, “espírito”. Dessa palavra grega, por exemplo, vem os termos “pneu” [de carro] em português (que é enchido com ar/vento), e “pneumonia”, uma doença relativa ao ar que respiramos.

Em hebraico o termo é ruach (חור), cujo significado básico é “respiração”, “sopro” ou “vento”. Mas essa palavra tem outros significados metafóricos relacionados a estes. O texto de Gênesis 1:2 na Bíblia de Jerusalém, por exemplo, em vez de “o Espírito de Deus pairava sobre as águas”, que estamos acostumados a ler, foi traduzido “um sopro de Deus agitava a superfície das águas”, quem sabe uma linguagem figurada.

Logo, como a respiração é algo que vem do interior do ser humano, e “espírito” é uma referência ao vigor dele, “adorar a Deus em espírito” significa que devemos adorá-lo à partir de dentro de nós, com sinceridade, independente do lugar físico em que estejamos, pois o Mestre disse “nem em Jerusalém nem neste monte adorareis ao Pai” (Jo 4:21). A busca por Deus, portanto, acontecerá no interior de cada pessoa, pois Deus é “espírito”, isto é, “ruach”, que é “vento”. Ou seja, Ele é como o vento que está em todos os lugares e por isso deve ser adorado/buscado pelo ser humano de onde estiver (veja Atos 10:34,35; 17:26-28).

O que é adorar a Deus em verdade?

Adorá-lo em verdade não pode se tratar de uma verdade pessoal, subjetiva, onde cada um toma para si o jeito que quer, ou seja, a sua própria verdade, e diz que Deus aceitará isso de toda forma. Mas antes adorar a Deus em verdade é adorá-lo baseado na verdade Dele, que Ele ensinou em sua própria palavra, revelada a Moisés e aos seus profetas, e explanadas pelo Senhor e seus apóstolos.

As consequências de adorar a Deus baseado em uma verdade subjetiva, isto é, cada um com aquilo que julga ser correto, geralmente resulta em idolatrias. Lembremo-nos do bezerro de ouro que certa vez pediram que Aarão fizesse no deserto e como isso teve um mau resultado. O povo estava criando seu próprio jeito de seguir à divindade, e isso resultou em tragédia (Êx 32:1-6,15-30).

Também temos o exemplo do rei Jeroboão, que já vimos aqui neste estudo. Ele construiu os mesmos ídolos para o povo adorar nas regiões de Samaria, e assim disseminou a idolatria no reino do norte de Israel, gerando mais resultados catastróficos dentre o povo (1 Rs 12:25-31; 2 Rs 17:21-23).

Existem vários outros episódios com cenas semelhantes a essas no decorrer da história de Israel e mesmo da igreja cristã. Ou seja, sempre que o homem tenta adorar a Deus baseado em suas próprias “verdades” e métodos, resulta em ruins resultados. Por isso, adorar a Deus em verdade é adorá-lo baseado na verdade Dele, que se encontra em sua palavra, como já dissemos, a Torá e os profetas, que são explanados nos escritos dos nazarenos (NT).

Finalmente, devemos adorar a Deus com sinceridade, integridade e baseados na palavra Dele.

Mas não na interpretação que fazemos dessa palavra, pois essas interpretações se tornam verdades subjetivas e de opiniões idólatras. Por isso devemos adorá-lo e servi-lo baseados verdadeiramente no ensino Dele na Torá e nas explicações do Senhor e dos apóstolos.

"Teus mandamentos todos são verdade; quando a mentira me persegue, ajuda-me!"
"Tu estás próximo, Iahweh, e teus mandamentos todos são verdade." (Salmo 119:86,151 Bíblia de Jerusalém)
"Pai, santifica-os em tua verdade, porque tua palavra é a verdade." (João 17:17 Bíblia Peshitta BVBooks)

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

5 comentários em “Adorar a Deus em espírito e em verdade – João 4:23,24 (contexto original)”

  1. Eu não tinha, esse conhecimento, por esse motivo fiz essa busca pra aprender, e estou muito sastifeita, pelo que aprendi aqui com os seus ensinamentos, deixou tudo bem esclarecido, muito obrigado Deus por o senhor usar o teu povo aqui na terra para ensinar outros, continua senhor iluminando a amente dos teus servos meu senhor Jesus Cristo, amém

    1. Eu entendo que cada um vai sentindo como adorar a Deus porque nós somos diferentes não somos iguais não há uma regra para sentir! É como se sente! Como sinto Deus? É como outros sente? Como tratamos as pessoas ao nosso redor? Tratamos bem, tratamos igual? Muitos lê o segundo mandamento e trata mal o seu próximo! Como sente Deus, e ama Deus alguém assim? Se não ama o próximo que vê como ama a Deus que não vê? E a passagem considera que é mentira ou seja mente para si mesmo! Então há as realidades! Somos diferentes principalmente interiormente falando!

  2. Parabéns pelo estudo. É edificante aprender as escrituras com bom conteúdo de conhecimento e dentro da verdade contida na origem como foi escrita realmente.

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