O Dízimo é obrigatório? Para quem devo dá-lo?

O dízimo é obrigatório ou não

Eis a questão que não quer calar na mente de muitas pessoas: Afinal de contas, o dízimo é obrigatório ou não? O dízimo de Malaquias 3:10, pregado quase toda semana em diversos ciclos religiosos, é válido para os dias de hoje também? Seria este realmente um mandamento de Deus para a atualidade? A Lei de Deus não teria sido abolida?

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Quais versículos afirmam que o dízimo é obrigatório para os dias de hoje?

Além de Malaquias 3:10, um dos textos mais usados para defender que o dízimo seria sim válido para os dias de hoje, é Mateus 23:23. Baseados neste versículo especialmente, líderes religiosos de várias denominações afirmam: “Jesus aprova o dízimo no Novo Testamento”, por isso eles não hesitam pedir dízimos de seus liderados.

No referido texto do relato de Mateus/Matias, o mestre Yeshua diz:

— Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas, porque vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezam os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Mas vocês deviam fazer estas coisas, sem omitir aquelas!

(Nova Almeida Atualizada)

Será que “Jesus” realmente aprova o dízimo?

ilustração com envelope de dízimo

Para responder a tal questionamento, podemos fazer 2 perguntas a este versículo; com isso, descobriremos coisas interessantes que não são tão ensinadas em muitos púlpitos:

  1. Que elementos eram dados como dízimo neste texto?
  2. De onde vinha a ordem para dar estes dízimos?

Você consegue responder a estas duas questões?

No texto de Matias/Mateus 23:23, bem como em Lucas 11:42, o Salvador, de fato, não censura aqueles doutores da Torá (Lei de Deus) por darem tais dízimos. Mas ele os repreendeu porque davam-nos até de pequenas hortaliças, porém suas ações habituais eram marcadas pela falta de justiça, misericórdia e lealdade. Por isso, a intenção deles ao selecionarem as menores plantações era justamente exibir falsa justiça e fidelidade à Lei de Deus; eles queriam ser justificados e bajulados pelos homens, isto é, “manter as aparências”.

Então temos aqui a resposta da 1ª pergunta: Eram dados produtos alimentícios como dízimo!

Mas por que os fariseus davam dízimo de hortaliças, e não em dinheiro?

O dízimo das hortaliças em Levítico 27:30, Deuteronômio 14:22 e Mateus 23:23
Imagem meramente ilustrativa

Aqui encontramos a resposta para a 2ª pergunta: Os fariseus davam dízimo de produtos alimentícios simplesmente porque este é o dízimo bíblico! Ou seja, aquele que Deus ordenou ao Seu povo na Torá. Leia os seguintes textos para comprovar:

Não obstante, mesmo no meio judaico (os escritores da Bíblia), há quem dê dízimos em dinheiro. Isso seria até compreensível, devido a questões econômicas geradas pelas circunstâncias sociais. Mas não podemos deixar de observar que, mesmo existindo dinheiro nos tempos bíblicos, o mandamento do Eterno em Sua Lei é claro com relação a que elementos deveriam ser dados como dízimos. Além disso, estes dízimos tinham finalidades específicas nitidamente definidas!

Aconselho ver o vídeo abaixo, no qual o rabino Rony explica detalhes do dízimo bíblico e suas finalidades, bem como o uso do dízimo em dinheiro:

O Rabino Rony Gurwicz, formado pelo Rabinato Central Ortodoxo de Israel, do Canal Contraste, explica tudo sobre o dízimo bíblico e o monetário, e se são obrigatórios ou não.

Em suma, a exposição do rabino R. Gurwicz no vídeo, que concorda com a instrução de outros professores da Torá, explica que:

  1. O dízimo bíblico, que é extraído da agricultura e pecuária, relatado na Torá em textos como os mencionados mais acima, foi ordenado para, pelo menos, três finalidades diferentes. Este é relacionado somente ao povo de Israel em sua terra. Somente eles são obrigados a dar esse tipo de dízimo.
  2. O dízimo em dinheiro não é um mandamento expressamente bíblico, mas foi aceito pelo povo judeu como uma tradição. Este é inspirado principalmente no exemplo de Abraão, que deu voluntariamente ao sacerdote Melquisedeque dízimos dos despojos da guerra que vencera (Gn 14:18-20). Vale lembrar que os despojos incluíam tanto dinheiro (prata e ouro) do exército inimigo vencido, como pessoas, animais, roupas, armas, bens materiais, etc. Mas este tipo de dízimo também é inspirado no exemplo de Jacó, que faz uma promessa pessoal a Deus de lhe entregar a décima parte de todos os seus bens adquiridos com trabalho (Gn 28:20-22).

Este dízimo monetário pode ser praticado por qualquer pessoa voluntariamente, desde que aplicado às causas corretas, as quais veremos mais adiante. Logo, não existe só um tipo de dízimo segundo as Escrituras Sagradas.

Agora, com relação ao dízimo bíblico, ele tinha as seguintes finalidades:
  1. Alimentar os levitas e sacerdotes que trabalhavam em todo sistema de serviço (culto) divino (cf. Nm 18:21-24+).
    • Obs.: Este não é dado a eles hoje em dia por causa da inatividade momentânea de seu serviço e da incerteza de quem são verdadeiramente descendentes levitas;
  2. Providenciar mantimento para ser comido nas festas bíblicas de peregrinação à Jerusalém (Dt 14:22-26).
    • Obs.: Para atividade deste, seria necessário o templo;
  3. Alimentar órfãos, viúvas e estrangeiros pobres que vivem nas terras de Israel (vide Dt 14:28,29).

Ora, o dízimo bíblico não pode ser retirado de suas finalidades!

Por outro lado, o dízimo monetário (em dinheiro) não é obrigatório, pois não seria necessariamente um mandamento bíblico.
Dar o dízimo é ordenança para a igreja cristã também?

Entretanto, este tipo de dízimo foi aceito pela tradição judaica como costume, conforme dito acima. Ele pode ser praticado em qualquer lugar do mundo, por qualquer pessoa, porque é baseado em práticas voluntárias e não em mandamentos com ordenanças específicas.

Com inspiração na Torá, os líderes judeus ensinam que o dízimo monetário deve ter pelo menos estas duas aplicações:

  1. Deve ser aplicado em causas humanitárias, como ajudar pessoas pobres ou em dificuldades financeiras (a exemplo de Dt 14:28-29 e 26:12).
  2. Ou ainda, pode ser usado para apoiar trabalhos de divulgação e ensino da Torá (a exemplo do dízimo dado ao sacerdote Melquisedeque). Geralmente, este trabalho é feito por escolas de ensino judaicas ou mantidos em sinagogas.

Este dízimo deve ser uma doação pessoal e voluntária, e não é necessário que o dizimista preste contas a alguém para onde está direcionando seu dinheiro, porque se trata de algo pessoal dele com Deus. Ora, tanto a ajuda humanitária como a divulgação da Torá são considerados trabalhos sagrados pelo povo de Israel.

Só para frisar: O dízimo monetário pessoal deve ser investido em causas humanitárias ou de apoio ao ensino e estudo da Lei de Deus. Mas se em um ambiente está sendo ensinado o contrário, isto é, que a Lei foi por alguém ou de alguma forma abolida, onde cria-se justificativas para não praticar certos mandamentos do Criador, onde se exerce uma forma de distorção do culto monoteísta1, e onde também se promovem culturas que são fruto de misturas com crenças religiosas idólatras antigas, não penso que tal ambiente seja o lugar apropriado para onde destinar nosso dinheiro.

1. Para mais detalhes a respeito do monoteísmo, confira o studo “Shema Israel e a Doutrina da Trindade“.

    Concluindo: o dízimo é obrigatório?

    Sim, o dízimo é obrigatório! Mas me refiro ao dízimo bíblico, ordenado com mais detalhes em Dt 14:22-29, como conferimos antes. Este é obrigatório para o povo de Israel praticar em sua terra (os judeus não vivem selecionando quais mandamentos da Lei de Deus devem obedecer, nem criam questionamentos para isso; eles simplesmente obedecem e pronto).

    Porém, o dízimo monetário, isto é, dado em dinheiro, não é necessariamente obrigatório, pois não se trata de um mandamento bíblico expresso, mas geralmente é considerado uma tradição. Este pode ser praticado por qualquer pessoa temente a Deus, porque não é uma prescrição exclusiva para o povo de Israel. Ele pode ser doado voluntariamente por alguém que está agradecido pelas bênçãos que tem recebido. Entretanto, a Torá sugere em que esse valor deve ser aplicado.

    Autor: Gabriel Filgueiras

    Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

    78 comentários em “O Dízimo é obrigatório? Para quem devo dá-lo?”

    1. Dízimo não é obrigatório e sim um ato de amor e fé ao pai celestial… Se vc vai ficar com 90 por cento …Deus diz faça prova de mim
      Quero ser abençoada por cumprir com esse mandamento…

    2. Você disse tudo. No passado, todos os meses, era lido o relatório sobre as contribuições. Entrada – saída e saldo em caixa. Nos dias atuais, os dízimos e ofertas, são arrecadados e desaparecem misteriosamente! Portanto, prefiro ajudar diretamente quem precisa! Me sinto muito melhor!

    3. Essa discussão se arrasta anos a fio. Mas o que quero tratar aqui não é sair em defesa ou não da prática do dízimo e sim a forma como as contribuições são administradas. É sabido que o dízimo supostamente “dado a Deus” é de fato dado aos homens que, em alguns casos “não são homens de Deus”. Vivem para “servirem seu próprio ventre” (Rm 16.18). Boa parte dos pastores líderes de grandes ministérios estão ricos à custa do povo e possuem bens “em nome da igreja” mas se fazem, eles mesmos seus verdadeiros donos. Particularmente parei de dizimar por uma questão óbvia: Injustiça. Os dízimos e as ofertas que são arrecadados em minha congregação da Assembleia de Deus são levados embora e a “igreja pequena” junto com sua liderança fica “a ver navios” não podendo usar o dinheiro das contribuições para atendimentos das suas necessidades mais básicas. Em casos extremos, o pastor local ser ver obrigado a levantar ofertas extras para comprar um ou mais ventiladores, microfones, caixas de som etc, sacrificando ainda mais as ovelhas já pobres de lã e de leite. Confesso que estou feliz por pensar e agir desse modo. Se um não dizimista não é tão ruim assim! Se for para manter o status quo, prefiro protestar e mostrar que a forma como se administra o dinheiro do povo de Deus precisa de uma mudança urgente e radical. A Bíblia condena a injustiça, desigualdade, omissão. Por outro lado, o dízimo bíblico serve para pagamento de salários dos obreiros, manutenção do templo local e atendimento aos necessitados. Se não atender estes três objetivos, a igreja, na prática, não faz bom uso das contribuições. Enfim eu, como dizimista, preciso saber o que é feito com o meu dinheiro assim, na qualidade de cidadão, o que é feito com os meus impostos.
      Espero ter colaborado.

        1. A paz tbm acho que o dízimo pelo menos a metade do valor dos dizimistas deveriam ficar na congregação para reparos e afins! A nossa eh a única que não tem ar condicionado só ventiladores! Acho um pouco errado isso sendo que poderíamos pagar está conta!

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