O Deus Eterno: estudo bíblico sobre o Criador

Estudo Bíblico sobre o Deus Eterno

Queremos conhecer melhor o nosso Criador. Mas quem somos nós para falar a respeito Dele, não é mesmo?! Quem é Deus para você? Aliás, Deus existe mesmo? Talvez se perguntássemos a cada pessoa ouviríamos das respostas mais belas às mais impressionantes. Mas a verdade é que podemos conhecê-lo até mesmo sem a necessidade de uma Bíblia, e isso mostraremos na própria Bíblia. Contudo, o mesmo livro afirma que só conhecemos Dele aquilo que Ele permitiu-se conhecer, ou o que se revelou.

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Desde a criação do Universo, suas qualidades invisíveis – seu poder eterno e sua natureza divina – são claramente vistas, pois elas podem ser entendidas mediante as coisas que ele criou. Portanto, eles não têm desculpa;

(Romanos 1:20 Bíblia Judaica Completa)

Muitas pessoas questionam-se a respeito da existência de Deus. Tantas outras vivem à espera de provas mais concretas e exigindo sinais milagrosos para que Ele prove para elas de sua existência. Outros, ainda, culpam-no por tantas calamidades no mundo, pois sendo Ele Todo Poderoso, supostamente não faz nada para resolver nossos problemas. Com tudo isso, afinal de contas, permanece na mente de muitos a seguinte questão:

Deus existe ou não?

Ora, esse questionamento não precisa ser tão complexo assim. Não é necessário tanta confusão na mente para questionar a existência de Deus, e nem mesmo muitos malabarismos para provar.

Lembra quando eu falei a pouco que nós nem sequer precisamos de uma Bíblia para provar com clareza que Ele existe? Pois é exatamente isso que o versículo da carta aos Romanos, lido acima, está dizendo. Porque o primeiro passo para o ser humano conhecer a Deus é simplesmente olhar para a natureza, contemplar sua beleza, sua perfeição, a harmonia com que todas as coisas funcionam no Universo e constatar naturalmente que só pode haver uma mente super inteligente por trás disso tudo.

É justamente por isso que Paulo, ao escrever o que escreveu em Romanos 1:20, afirma que o poder eterno de Deus e sua divindade são claramente vistos nas coisas que já estão criadas. Além do mais, ele também afirma que não acreditar na existência Dele, mesmo após contemplar a beleza e sabedoria da criação, é uma decisão deliberada. Ou seja, ninguém é descrente, ateu ou cético por falta de provas da existência do Divino, mas porque o quis ser. Tais pessoas podem apenas estar tendo uma má compreensão dos fatos, mas isso não anula outro fato, de que toda a criação está proclamando a glória e as obras de Deus em todo lugar. No nascer do dia, no cair da chuva, nos instintos animais, no funcionamento do corpo humano: tudo revela a glória de Deus, Seu poder e sabedoria.

Foi a essa conclusão que chegou nosso patriarca Abraão quando ainda vivia no meio de uma sociedade idólatra e egoísta, segundo os relatos do historiador Flávio josefo, que registrou as seguintes informações a respeito do amigo de Deus:

[Abraão] Era homem muito sensato, prudente e de grande espírito e tão eloquente que podia persuadir sobre o que quisesse.
Como nenhum outro o igualava em capacidade e em virtude,
deu aos homens um conhecimento muito mais perfeito da grandeza de Deus, como jamais tiveram antes.
Foi ele quem primeiro ousou dizer que existe um só Deus, que o universo é obra das mãos dEle e que a nossa felicidade deve ser atribuída unicamente à sua bondade, e não às nossas próprias forças.
O que o levava a falar dessa maneira era o fato de ter deduzido,
após considerar atentamente o que se passava sobre a terra e sobre o mar e o curso do Sol, da Lua e das estrelas, que há um poder superior regulando esses movimentos, sem o qual todas as coisas cairiam em confusão e desordem, por não terem de si mesmas poder algum para nos proporcionar os benefícios que delas haurimos — elas os recebem dessa potência superior, à qual estão absolutamente sujeitas, o que nos obriga a honrar somente a Ele e a reconhecer o que lhe devemos por contínuas ações de graças.

(História dos Hebreus, 8ª Edição, pág. 34, CPAD, os [colchetes] são nossos)

O registro do historiador judeu Josefo (Yosef) a respeito de Abraão é muito interessante e vem em perfeita harmonia com nosso presente estudo. Primeiro porque ele relata que Abraão ensinava que o Universo só poderia ser obra das mãos de um único Deus, e a respeito disso o Salmo 19 afirma:

Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento fala da obra de suas mãos.
Cada dia expressa sua glória, e cada noite revela esse conhecimento.
Sem discurso, sem palavras, sem que sua voz seja ouvida, sua mensagem ecoa ao redor de toda a terra, e suas palavras chegam até o fim do mundo.

(Salmo 19:1-5, Bíblia Judaica Completa)

Como vemos no Salmo acima, a própria natureza confessa abertamente a existência de Deus, de sua glória e sabedoria.

Portanto, num primeiro momento, nós nem sequer precisamos de um livro para acreditar no Todo Poderoso, bastando apenas olharmos para todas as coisas que existem ao nosso redor, o funcionamento harmonioso de toda a natureza, e chegar à conclusão do Divino.

Além disso, uma outra coisa que nos chama atenção no relato de Yosef a respeito de Abraão, é que o patriarca deduziu, depois de analisar o funcionamento de todos os astros e da natureza em si, que há um poder superior regulando esses movimentos, sem o qual todas as coisas cairiam em confusão e desordem, e isso nos leva a um passo mais a fundo em nosso estudo, pois o Salmo 90, versículo 2, diz:

Antes que os montes nascessem, antes que tivesses formado a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.

Primeiramente, vamos nos atentar neste salmo para a seguinte expressão:

tu és Deus”, em hebraico, “atah El” (אַתָּה אֵל).

El é uma palavra formada por duas letras hebraicas: alef (א) e lamed (ל).

Alef significa touro, sendo a representação física da “força”, do “poder” e da “liderança”.

Lamed significa “aprender/ensinar“.

Portanto, com isso, podemos chegar às mesmas palavras de Abraão: Ele (Deus) é a força, o poder que rege todo o Universo. Mas não somente isso, pois Ele também é a força que ensina o ser humano. Neste caso, o Salmo 19 continua:

A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos.
O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos.
São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.
Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar há grande recompensa.

(Salmo 19:7-11 NAA)

A criação, pois, revela a sabedoria de Deus e, se assim podemos dizer, é a maior testemunha de Sua existência!

Além disso, para nos aprofundarmos mais em nosso estudo, podemos dizer que o próprio homem revela a Deus, pois conforme está escrito, ele foi criado à imagem Dele (Gn 1:27). Por isso, toda a criação tem um propósito, que é revelar a glória e sabedoria de Deus. E o homem, por sua vez, e naturalmente, tem consigo o propósito de revelar para toda essa natureza a imagem de Seu Criador, bem como a glória Dele (vide 1 Cor. 11:7).

O ser humano pode revelar a imagem de Deus quando pratica Sua vontade, que obviamente está em Sua palavra, as Escrituras Sagradas registradas por seus profetas, e confiadas ao povo de Israel (Am. 3:7; Rm 3:1-2; 9:4; cf. Col. 3:8-10). Mas com respeito à glória de Deus e Sua sabedoria, é inevitável que ela seja revelada no ser humano criado, basta estudar ao menos um pouco, por exemplo, o funcionamento dos sistemas do corpo humano, como sistema nervoso, ósseo, sanguíneo, digestivo, respiratório, etc., além do processo de uma gestação, e contemplar nisso tudo a perfeição de todo funcionamento de nosso organismo.

Mas apesar de toda criação revelar a existência de Deus, sua sabedoria e poder, Ele mesmo, todavia, é antes de todas as coisas! Neste ponto, então, podemos retomar a leitura do Salmo 90 v.2, quando diz (lendo da direita para esquerda):

(eternidadeolam) עוֹלָם (para/atéad) עַד־ (de eternidade umeolam) וּמֵעוֹלָם

Ora, como entender a expressão “de eternidade a eternidade”?

A eternidade, por si só, já é algo que não está preso ao tempo, que não se pode calcular nem medir. Por isso, para ser bem vago na explicação, a expressão usada neste salmo atribuído a Moshé (Moisés) só pode significar que Ele (Deus) é antes de tudo vir à existência, e consequentemente o será depois, e não é possível mensurá-lo! (Is. 41:4).

Para expressar mais a fundo essa eternidade de Deus, podemos ler a sublime poesia de Provérbios 8, que também relata sua sabedoria, basta ver os vs. 12,22-30.

Portanto, por ser eterno e antes de tudo, Ele é o único! Como registrado pelo profeta:

Vocês são minhas testemunhas, diz ADONAI, e meu servo a quem escolhi, para que saibam e confiem em mim e entendam que eu o sou – nenhum deus foi produzido antes de mim, nem existirá outro depois de mim.

(Yeshayahu [Isaías] 43:10, Bíblia Judaica Completa)

Além disso, seus profetas, obviamente sob Sua inspiração, registraram que Ele não é só o único, mas também que Ele é um só!

O texto de Deuteronômio 6:4, confirmado pelo próprio Messias como o maior dos mandamentos, diz:

“שְׁמַע יִשְׂרָאֵל יְהוָה אֱלֹהֵינוּ יְהוָה ׀ אֶחָד׃”
shema Israel YHWH eloheinu YHWH ehad
Ouça, Israel: ADONAI é nosso Deus; ADONAI é um!

Infelizmente este versículo, bem como Marcos 12:29 onde é recitado, não é traduzido de modo correto na grande maioria das bíblias que conhecemos, pois os tradutores inserem um pouco de sua interpretação pessoal, religiosa ou linguística ali. Isso abriu brecha para que a natureza do Criador fosse distorcida por muitas gerações devido a doutrinas e teologias que não surgiram no ambiente em que as Escrituras se desenvolveram, causando muita confusão até mesmo dentre crentes sinceros.

Todavia, fatos são fatos. Não temos que ficar inventando interpretações diversas para criar afirmações que as Escrituras não sustentam: O Deus Eterno é um só, que para ser mais exato, é o Deus de Israel, Pai e Deus do Messias Yeshua (vide João 20:17, Ef. 1:17, Rev. [Ap] 3:12).

(Obs.: Com respeito a Marcos 12:29, a Tradução Brasileira, da Sociedade Bíblica Britânica, é um dos exemplos de correta tradução, também a Bíblia Peshitta da BV Books, excetuando-se o nome de Deus escrito ali como “Yahweh”, pois na época do Messias a pronúncia deste era proibida e portanto não deveria estar escrito no texto).

Agora, com respeito à “pessoa” do Criador, ou ao seu “caráter” (por assim dizer), já começamos a falar: Ele é o nosso Pai!

Por acaso não foi essa a primeira palavra que o Mestre se referiu a Ele quando nos ensinou a orar?

Pai nosso, que estás nos céus…”.

Um Pai naturalmente quer dar coisas boas aos seus filhos (Mt 7:11). Diga você mesmo(a), caro(a) leitor(a), se for um pai, ou mesmo mãe. Portanto, não poderia ser diferente com o Criador da vida! Pois o texto de Gênesis 1:28 nos revela que Ele criou todas as coisas para abençoar o ser humano. Além disso, a sequência deste mesmo texto mostra que Ele confiou ao homem que criou, toda a administração deste planeta em que hoje moramos, não é verdade?!

E talvez seja por isso que muitas pessoas ainda culpam a Deus pelas desgraças desta vida, pois deliberadamente negligenciam que o responsável pela administração do mundo é o ser humano, que nele habita (vide Gên. 9:1-2; Salmo 116:15).

Mas independente disso, e partindo agora para um conhecimento mais profundo de quem Deus é, podemos afirmar que Ele conhece tudo, inclusive o ser humano que criou.

A respeito disso, podemos ler magníficas declarações de Davi nos 18 primeiros versículos do Salmo 139. Como se segue:

1 Iahweh, tu me sondas e conheces:
2 conheces meu sentar e meu levantar, de longe penetras o meu pensamento;
3 examinas meu andar e meu deitar, meus caminhos todos são familiares a ti.
4 A palavra ainda não me chegou à língua, e tu, Iahweh, já a conheces inteira.
5 Tu me envolves por trás e pela frente, e sobre mim colocas a tua mão.
6 É um saber maravilhoso, e me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo!
7 Para onde ir, longe do teu sopro? Para onde fugir, longe da tua presença?
8 Se subo aos céus, tu lá estás; se me deito no Xeol [cova], aí te encontro.
9 Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar,
10 mesmo lá é tua mão que me conduz, e tua mão direita me sustenta.
11 Se eu dissesse: “Ao menos a treva [escuridão] me cubra, e a noite seja um cinto ao meu redor” –
12 mesmo a treva não é treva para ti, tanto a noite como o dia iluminam.
13 Sim! Pois tu formaste os meus rins, tu me teceste no seio materno.
14 Eu te celebro por tanto prodígio, e me maravilho com as tuas maravilhas! Conhecias até o fundo do meu ser:
15 meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda.
16 Teus olhos viam o meu embrião. No teu livro estão todos inscritos os dias que foram fixados e cada um deles nele figura.
17 Mas, a mim, que difíceis são teus projetos, Deus meu, como sua soma é grande!
18 Se os conto… são mais numerosos que areia! E, se termino, ainda estou contigo!

(Salmo 139:1-18, Bíblia de Jerusalém; os [colchetes] são nossos)

Como poderia alguém estar em todos os lugares ao mesmo tempo, como declarou Davi sob a inspiração divina no Salmo acima, e como ele concluiu a partir de suas próprias experiências de vida?

Isso é assim porque Deus preenche toda a sua criação!

Pensando nisso, vemos mais declarações formidáveis de Shaul (Paulo) a respeito dele em um discurso feito na cidade de Atenas, quando se deparou com tamanha inclinação idólatra dos habitantes do local. Ele disse:

O Deus que criou o Universo e tudo o que nele há, que é Senhor do céu e da terra, não habita em templos erigidos por mãos humanas; tampouco é servido por mãos de homens, como se lhe faltasse algo, porque é ele mesmo que dá a vida, o fôlego e todas as coisas a todos.
De um homem, ele fez todas as nações que vivem sobre a face da terra e fixou os limites de seus territórios e os períodos nos quais surgiriam. Deus fez isso para que as pessoas procurassem por ele e talvez o alcançassem e encontrassem, embora, na verdade, ele não esteja longe de cada um de nós, porque nele vivemos, nos movemos e existimos. Como disseram alguns dos poetas dentre vocês: ‘Todos nós somos na verdade seus filhos.’
Assim, visto que somos filhos de Deus, não devemos supor que a essência divina seja semelhante ao ouro, a prata ou à pedra moldados pela técnica e imaginação do homem.

(Atos 17:24-29, Bíblia Judaica Completa)

Vamos destacar o trecho tão conhecido em que este emissário diz:

“porque nele vivemos, nos movemos e existimos”.

Tais declarações podem explicar o assombro de Davi que, no passado, tentava imaginar a onipresença do Altíssimo! Pois agora Shaul diz que, na verdade, é como se toda a criação estivesse dentro Dele!

Mas, para encerrar o nosso estudo que já está ficando longo, podemos dizer que toda essa maravilha divina, bem como toda Sua criação, são expressões de sua graça e bondade, como registra o Salmo 57:

“tua graça é enorme e alcança os céus, e tua verdade vai até as nuvens”

É claro que teríamos muito mais para falar a respeito de Deus, como seu caráter misericordioso maravilhosamente descrito no Salmo 103:8-18, ou sua justiça em Levítico 19:15. São muitas informações espalhadas ao longo da Bíblia Sagrada que nos faltaria espaço para mencionar e comentar cada uma delas.

Então, finalizamos recitando mais uma vez as palavras do patriarca Abraão: “a nossa felicidade deve ser atribuída unicamente à sua bondade… o que nos obriga a honrar somente a Ele e a reconhecer o que lhe devemos por contínuas ações de graças”.

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

Um comentário em “O Deus Eterno: estudo bíblico sobre o Criador”

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