15 Características dos verdadeiros pastores chamados por Deus

Qual o perfil dos verdadeiros pastores chamados por Deus? Quais são as características do pastor segundo o coração de Deus? A Bíblia diz que Deus quer dar bons pastores ao seu povo (Jr 3:15), mas o que fazer para ser um? Este estudo bíblico baseado em 1 Timóteo 3:1-7 nos ajudará com os passos iniciais.

Darei a vocês pastores segundo o meu coração, e eles os alimentarão com conhecimento e entendimento.

(Jeremias 3:15)

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Mas como saber se tenho chamado pastoral?

Talvez o seu chamado pastoral esteja naquilo que te incomoda! Aquilo que você vê onde há uma necessidade a ser suprida é onde Deus pode estar querendo te usar.

Não é pecado desejar ser um pastor de vidas. Na verdade, este é um dos requisitos listados por Paulo para um bom líder, veja 1 Timóteo 3:1.

O obreiro verdadeiro que quer trabalhar na seara de Deus, deve desejar isso! Leia Lucas 10:1-2.

Mas é importante saber que o chamado pastoral é um dom de Deus também (Ef 4:11). Por isso, aquele que almeja estar entre os verdadeiros pastores chamados por Deus, deve se certificar de que o Eterno o chamou para isso.

O aspirante a pastor/líder de comunidade também deve estar ciente de que o Senhor é o sumo pastor, portanto todos nós somos auxiliares dele! Por isso devemos seguir seu exemplo para cuidar do rebanho de Deus (1 Pe 5:4).

Uma vez tendo identificado o chamado que Ele te deu para pastorear, não o negligencie! Veja 1Tm 4:14-16.

Aqui você verá 15 características dos verdadeiros pastores chamados por Deus. Mas o conteúdo foi resumido para que não ficasse tão longo. Caso queira conhecer o conteúdo completo, cadastre-se por e-mail aqui (é grátis).

1) Os verdadeiros pastores são chamados para servir!

… quem quiser se tornar líder deverá servir, e quem quiser ser o primeiro deve ser escravo! Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos.

(Mat. 20:26b-28 BJC)

A primeira grande característica de um pastor de ovelhas segundo o coração de Deus, é que ele tem a plena ciência de que não deve ficar sendo servido pelos irmãos, antes sua missão é servir e dar/dedicar a sua vida à favor deles.

O verdadeiro pastor é aquele que segue fielmente o exemplo do Mestre, o Sumo Pastor, e que cuida do rebanho que Deus lhe confiou, servindo-o (cf. Jo. 10:11-15).

Neste ponto, Paulo ensina em 1 Timóteo 3:5 que o líder deve saber cuidar da comunidade a qual Deus lhe confiou, assim como deve saber cuidar bem da sua própria casa (família). Ou seja, ele deve tomar a iniciativa de servir e cuidar das pessoas, e não o contrário.

2) Pastor verdadeiro, comportamento irrepreensível!

Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível…

(1 Tm 3:2a)

A palavra original aramaica usada por Paulo aqui, que lemos como “bispo”, é “qassisa“. Esta significa basicamente “ancião”. Eles são considerados homens fiéis a Deus e tem maior experiência de vida, justamente por isso foram aceitos como líderes de comunidade (pastores). Eles deveriam ter conduta de vida reta (íntegra), com isso poderiam guiar outros. Uma das comunidades judaicas que tinham líderes assim, isto é, anciãos, eram os essênios, aqueles que escreveram e preservaram os manuscritos do Mar Morto.

Esses tipos de líderes comunitários já vinham desde os tempos de Moisés; veja Êxodo 18:24-26 e Deuteronômio 16:18, por exemplo.

No texto grego dos escritos de Paulo, a palavra originalmente usada em 1 Timóteo 3:2 é episkopos (επισκοπος); é daí que vem o termo “bispo” em português, e significa literalmente “supervisor” ou “superintendente“.

No contexto em que viviam os discípulos, eles designavam líderes de comunidades locais (cf. Tt 1:5).

Nas traduções bíblicas comuns, os bispos também são chamados de presbíteros e pastores, vide Atos 20:17,28. Por isso (pelos três nomes), no tempo das Escrituras, pastor, bispo ou presbítero não eram necessariamente funções eclesiásticas específicas ou separadas umas das outras, tal como conhecemos hoje. Porém se referia mais ao papel de um homem numa comunidade, isto é, liderar e orientar pessoas. Em hebraico são chamados זְּקֵנִים (zakenim), ou seja, anciãos, que são citados cerca de 49 vezes nos relatos dos discípulos.

Eles são semelhantes aos “rosh” das comunidades judaicas atuais.

Retornando ao texto de 1 Timóteo 3:2, nós vemos que Paulo exige que tais homens tenham comportamento irrepreensível! Basicamente, essa é uma pessoa que não tem de que ser acusada, ou seja, que caminha em retidão, justiça, integridade e verdade diante de Deus e das pessoas.

Essa não é uma missão fácil, mas de fato é um chamado necessário! Vide Ef. 4:11-14.

Mas como ser irrepreensível afinal de contas? Somente orientando nossa própria conduta em sinceridade de acordo com a Lei do Eterno! Veja Salmo 119:1-3.

Leia também: Seja Irrepreensível ou não seja obreiro(a) de Deus!

3) O verdadeiro pastor deve ser marido de uma esposa!

Convém, pois, que o bispo seja […] marido de uma mulher…

Existem doutrinas que privam seus líderes do casamento. Que fique claro: essa não é uma doutrina bíblica! Até porque o casamento é um mandamento do próprio Deus (Gn 1:28; 9:1).

Por que os verdadeiros pastores (líderes de comunidade) devem ser casados?

Porque só pelo fato do homem ser casado e, consequentemente, ter um trabalho e uma família para cuidar, já exige dele mais responsabilidades! Dentre outros motivos.

Além disso, quando se trabalha com aconselhamento pastoral para a família (geralmente comum na vida dos líderes), se alcança mais eficiência quando se tem uma família!

Por isso, (repetimos) dogmas eclesiásticos que exigem dos líderes serem solteiros não podem vir de Deus! Primeiro porque o próprio Criador, pela ordem natural de sua criação, ordena ao homem se reproduzir (Gn 9:1). Segundo que os líderes da Bíblia consideravam esse tipo de costume celibatário totalmente o contrário do que pode ser chamado de Deus (1 Tm 4:1-3).

Mas ainda vale acrescentar que os versículos 4 e 5 deste mesmo capítulo ensinam que o homem de Deus deve cuidar bem de sua própria família, porque se ele não governar bem sua própria casa, como cuidará do rebanho de Deus? Então não basta só se casar com uma mulher na cobiça de ser um líder, mas deve cuidar bem dela e de seus filhos também!

Aqui vai uma obra sugerida para quem quer se aperfeiçoar nesse setor: O marido que quero ser, por Jaime Kemp.

4) Ser vigilante e sóbrio (v. 2).

Vigilância e sobriedade são dois importantíssimos atributos de um bom pastor, mas não mencionados com frequência.

Vigilante é qualidade de cuidadoso, atento, prudente; característica essencial para evitar acidentes ou mal entendidos durante a caminhada.

Sobriedade é qualidade da pessoa equilibrada, moderada, que tem domínio próprio; outra característica essencial dentre as qualidades que um pastor deve ter para que seja um exemplo de vida aos seus irmãos.

5) Hospitaleiro (v. 2).

Não se esqueçam de serem amigáveis para com os de fora, porque, procedendo dessa forma, algumas pessoas, sem o saber, receberam anjos.

(Hebreus 13:2 BJC)

A hospitalidade já era um mandamento de Deus na Torá. O povo israelita deveria se lembrar de que foram escravizados enquanto forasteiros nas terras do Egito antigo, por isso não deveriam agir da mesma forma para com os forasteiros de sua própria terra (Êx 22:21).

Além disso, um dos principais pecados dos cidadãos de Sodoma, citados em determinado momento histórico da nação de Israel, era justamente a falta de hospitalidade. Pois eles agiam com hostilidade e violência contra os forasteiros (Ez 16:49). E isso, como sabemos, somado a outros atos maus, fez Deus destruir aquela cidade e seus habitantes.

Por isso, devem os homens de Deus agir com hospitalidade e ajudar pessoas em suas necessidades.

6) Os verdadeiros pastores são humildes!

O que dizer a respeito da humildade? Característica de fato ausente em não poucos homens que se intitulam pastores. Mas já que temos um Sumo Pastor, Ieshua nosso mestre, vamos refletir como foi o modelo de vida que ele nos legou:

• Não tendo um local para nascer, nasceu em um estábulo, numa manjedoura… emprestada;
• Ele pregou sua mensagem em barcos… emprestados;
• Ele entrou em Jerusalém de modo triunfante para cumprir uma profecia, montando num simples jumentinho… emprestado;
• Tomou sua última refeição de páscoa em um grande quarto com os discípulos… emprestado;
• Sendo Rei dos reis, levou na cabeça uma coroa de espinhos… emprestada;
• Morrendo pelos pecados dos outros, foi pendurado numa cruz … emprestada;
• Foi colocado em um sepulcro novo… emprestado.

Necessitaríamos de mais exemplos para expressar como devemos ser humildes também?

“Porque nada trouxemos para este mundo e é certo que nada podemos levar dele. Tendo, porém, comida e vestuário, estejamos com isso contentes.
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências tolas e nocivas, que submergem os homens na destruição e perdição.”

(1 Timóteo 6:7-9)

7) Apto para ensinar!

Essa característica dos verdadeiros pastores, obviamente, é indispensável!

Infelizmente, há muitas pessoas por aí dizendo-se e intitulando-se pastores, mas sem nenhuma capacidade para ensinar a Palavra. Eles não se submeteram a um processo de instrução e ensino bíblico, por isso ensinam muitas invenções de suas próprias mentes.

Embora já devessem ser mestres, pelo tempo decorrido, necessitam, na verdade, de que alguém lhes ensine novamente os fundamentos da Palavra de Deus! Precisam de leite, e não de alimento sólido!

(Hebreus 5:12 BJC)

Existe uma regra básica para que alguém seja apto para ensinar a Bíblia, que é submeter-se ao estudo e aprendizado da mesma! Muitas pessoas, por falta de humildade, não se submetem a esse processo, por isso interpretam das Escrituras o que querem e o que bem entendem. Eles erram, mesmo estando convencidos (por seu orgulho) de que estão certos. Com isso levam muitas pessoas a confiarem em seus ensinamentos errados também. Simão já havia alertado sobre este tipo de pessoas em seu tempo também (vide 2 Pe 3:15-16).

Essas pessoas, porém, deveriam ter ao menos o mínimo de temor às palavras do Mestre, que disse: “ai daqueles por quem vierem os tropeços!” (Lc 17:1-2)

Em 1 Timóteo 3:6, nosso texto base para este estudo bíblico, Paulo adverte que o pastor/líder não deve ser um principiante. Mais adiante, em 2 Timóteo 2:15 e Tito 1:9, ele afirma que o obreiro deve ser bem preparado e instruído na palavra da verdade.

E para complementar tudo isso, o próprio Deus adverte que o líder que rejeitasse o conhecimento, fazendo que o povo fosse destruído pela ignorância, seria rejeitado por Ele mesmo! (Os 4:6)

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8) Os verdadeiros pastores chamados por Deus não são briguentos!

“não dado ao vinho, não espancador… não contencioso.”

(1 Tim 3:3)

Na cultura judaica, tanto na época do Senhor e seus discípulos como hoje em dia, o vinho é uma bebida comum, como o refrigerante é para os brasileiros e americanos, por exemplo.

Mas havia um certo estado em que a uva embriagava mais do que em outro.

Então, assim como beber refrigerante demais causa vários males à saúde (em certos casos leva até o câncer), o excesso de beber vinho e outras bebidas alcoólicas, obviamente, embriagava, e com isso vinham os problemas, pois até mesmo os sábios se tornavam tolos (cf. Pv 23:29-35; Os 4:10-11).

A Bíblia registra lideranças que ao longo da história pecavam por serem dados à bebida, veja Is 28:7 por exemplo. Também os filhos do sumo sacerdote Aarão pecaram devido o uso desordenado da bebida alcoólica (Lv 10:1-9). Logo, o obreiro de Deus deve ter o devido cuidado com sua própria conduta e jamais ser irresponsável e dado ao alcoolismo.

Paulo recomenda, em outra carta, que os homens não se dessem à bebida embriagante para causar brigas (Ef 5:18).

Mas é interessante notar que os adjetivos “espancador” e “contencioso” (briguento) são relacionados ao lado de “dado ao vinho”, naturalmente porque o consumo irresponsável de bebida alcoólica torna alguém espancador e briguento. Ora, estes comportamentos não caem bem a nenhuma pessoa, o que dirá então aos líderes!

Aliás, é recomendável que um líder tenha bom comportamento para servir de exemplo aos que estão de fora (1 Tm 3:7).

9) Os verdadeiros pastores amam a Deus.

O que leva alguém a dedicar sua vida para cuidar de outras pessoas? E pessoas que muitas vezes são ingratas. Não foi isso que aconteceu com Moisés certas vezes durante o tempo em que esteve pelos desertos cuidando dos filhos de Israel? (Dt 4:21)

Mas certamente a motivação maior que faz alguém desempenhar tamanha dedicação para guiar um povo é o amor! O amor por Deus primeiramente, e por consequinte amor para com o povo Dele (cf. Dt 9:18-19)

O texto de Deuteronômio 6:4-9 por exemplo, classificado pelo Mestre como o maior dos mandamentos (Mc 12:29-30), começa dizendo que Deus é um só, que o homem deve amá-lo de todo seu coração, alma e forças, e só então começa a dizer como as palavras Dele devem ser ensinadas às próximas gerações.

Quando Paulo escreve, “se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da congregação de Deus?” (1 Tm 3:5), naturalmente está implícito este amor do pastor/líder pelo povo de Deus, que é movido, naturalmente, pelo amor ao próprio Deus.

10) A oração, uma prática vital do pastor segundo o “coração” de Deus.

Três versículos de nosso texto base (1 Tm 3) estão em evidência aqui quando se fala de oração na vida pastoral, que são os vs. 2, 5 e 6.

Todos estes vão entrelaçar a oração à humildade que o homem deve ter para com Deus enquanto exerce seu ministério.

O final do v. 2 diz que o líder da comunidade deve ser apto para ensinar. E alguém que é apto para ensinar deve ser antes apto para ouvir! Ou seja, o homem de Deus deve antes ouvir a voz Dele, então ensinar o que aprende de seu Senhor. E naturalmente, para ouvir Deus falar, devemos orar pedindo isso, bem como estudar Sua palavra.

O v. 5 de 1 Timóteo 3 afirma que a congregação pertence a Deus, e não ao ser humano. Então, como cuidar da comunidade Dele se não nos humilharmos em oração constantemente, procurando por Sua orientação?

Finalmente, o v. 6 diz que o líder não deve ser novato porque, do contrário, seu coração se encheria de orgulho mais facilmente, e assim agiria de forma insensata em seu ministério, prejudicando a congregação de Deus com seus comportamentos imaturos. Logo, como alcançar a maturidade, se não buscar a Deus em oração constantemente para ser guiado por Ele em cada situação?

Em suma, no texto de 1 Timóteo 3, pelo menos estes três itens exigem do obreiro vida consagrada à oração:

• Orar pedindo a Deus ensinamentos;
• Reconhecimento da autoridade de Deus sobre seu povo;
• Orar pedindo a Ele humildade e sabedoria para lidar com as pessoas.

Talvez essa obra do Timothy Keller possa dar alguma inspiração nisso: Oração. Experimentando intimidade com Deus.

11) Os verdadeiros pastores estudam a Bíblia com afinco e humildade!

Anteriormente Paulo já havia dito para Timóteo que se mantivesse firme no ensino verdadeiro e edificante das Escrituras Sagradas (1:3). Agora ele afirma, como já vimos antes, que o líder da comunidade deve ser capaz de ensinar a palavra (3:2). Mais tarde, em outra carta, ele ensina a seu filho na fé que ele deveria ser hábil no conhecimento e manuseio da palavra da verdade (2 Tm 2:15).

Jacó, o irmão do Senhor (erroneamente conhecido como Tiago), escreveu que muitas pessoas não deveriam desejar ser líderes/mestres, sabendo que aqueles que ensinam serão julgados com maior rigor, justamente devido o conhecimento que possuem (3:1). O Mestre, da mesma forma, ensina que a quem muito é dado, muito também é cobrado (Lc 12:48).

Dessa forma, para cumprir tamanho chamado e responsabilidade, somente sendo humilde e reconhecendo uma necessidade direta de conexão com o Criador, submetendo-se à instrução Dele na Palavra.

Mas como se submeter ao Criador em humildade e buscar Seu ensino? Naturalmente, através da oração e consulta por sua instrução na Bíblia!

Por fim, podemos concluir este tópico nos lembrando do amado Daniel como um exemplo, pois ele tanto se humilhava perante Deus diariamente em clamor e oração, quanto consultava a palavra de Seus profetas em busca de conhecimento. Veja Daniel 10:12.

Neste caso, estudar de modo mais profundo a Lei do Eterno é um passo essencial. Veja a obra Iniciação ao estudo da Torá, por Auro del Giglio. Editora Sefer.

12) Os pastores verdadeiros não almejam lucros exorbitantes!

No versículo 2 de 1 Timóteo 3 Paulo diz que os verdadeiros pastores (ou líderes de comunidade) devem ser moderados, sensatos e modestos. Veja como essas palavras estão entrelaçadas.

Podemos entender como moderado a pessoa que se comporta com prudência; o sensato é aquele que sabe seus limites, e o modesto é o homem sem pretenção ou vaidade.

Mais à frente, nessa mesma carta, Paulo dá a seu discípulo sérias advertências com relação aos homens que vivem a cobiçar riquezas demais. Ele diz:

Porque não trouxemos nada a este mundo e não podemos levar nada dele; por isso, se tivermos comida e roupa, estaremos satisfeitos com isso. Além do mais, os que pretendem ficar ricos caem em tentação, são pegos pela ambição tola e dolorosa que os lança na ruína e destruição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; algumas pessoas se desviaram da fé e se atormentaram com muitas dores por causa dele.

(1 Timóteo 6:7-10, Bíblia Judaica Completa)

Depois de um discurso deste, fica difícil encontrar mais palavras para complementar o conteúdo, não é mesmo?!

Naturalmente, desejar ter vida próspera e bem sucedida não é pecado; entenda que o erro está na ambição egoísta e desenfreada. Por isso, o homem de Deus pode ser próspero sim, mas jamais abandonar qualidades como a moderação, sensatez e a modéstia.

Conselhos como os do rei Salomão em seus provérbios talvez possam ajudar a enriquecer de forma saudável. Talvez essa obra possa esclarecer e direcionar mais: Salomão, o homem mais rico que já existiu, por Steven K. Scott.

13) Os pastores de Deus não são egoístas!

Líderes egoístas tendem a ser centralizadores, ou seja, todo o funcionamento da comunidade deve estar unicamente à mercê deles e de suas vontades pessoais. Eles não gostam de treinar outros obreiros e só costumam valorizar as pessoas enquanto elas estão fazendo a vontade deles.

Em 1 Timóteo 3 podemos citar os versículos 2 e 5, mais uma vez, para falar acerca disso. No v. 2 Paulo explica que o líder da comunidade deve ser apto para ensinar, como já vimos. Ora, naturalmente o homem que ensina proporciona crescimento aos outros também. O homem que ensina trabalha com equipes. Já o v. 5 fala daquele que cuida/pastoreia/apascenta a congregação de Deus; e não seria isso proporcionar cuidado e crescimento aos outros?

Os líderes centralizadores e egoístas costumam não dar conta do recado, ou seja, as coisas saem de seu controle mais depressa porque eles não têm colaboradores para lhes dar suporte e apoio. E se há um homem na Bíblia que podemos tomar como um exemplo contrário disso, é o próprio que escreveu a carta objeto de nosso estudo agora, isto é, Paulo, de nome original hebraico Shaul (Saul).

Embora se esforçasse muito sozinho para apascentar o rebanho de Deus, nós lemos em vários trechos de sua história e de suas cartas o quanto ele era empenhado para treinar novos obreiros. Veja por exemplo At 13:5, Rm 16:3,9,21, Fp 2:25, 4:3, Cl 4:11, 1Ts 3:2, Tt 1:5, Fm 1:24.

Portanto, todo bom pastor não deve se esgotar ou sobrecarregar, mas contar com o apoio de fiéis cooperadores no ministério. Aliás, já vimos brevemente que isso era feito desde quando o povo de Deus começou a se tornar uma nação, cf. Êxodo 18:24-26.

14) Os verdadeiros pastores preocupam-se com os fracos na fé.

O v. 2 de 1 Timóteo 3 torna a dizer que o homem de Deus deve ser hospitaleiro. A palavra original aramaica aqui é aksnāy, e se refere exatamente a um estrangeiro ou um viajante. Também pode fazer alusão a uma pessoa que não conhece aquele caminho por onde está passando, enquanto não chega no seu destino.

Na Torá, Deus já dizia ao seu povo que fosse acolhedor com os estrangeiros. Eles deveriam se lembrar que foram estrangeiros no Egito antigo e maltratados pelos egípcios de seu tempo, veja Êxodo 23:9, Levitico 19:34 e Deut. 10:18-19.

A hospitalidade, portanto, é um ato de bondade recomendada do início ao fim da Bíblia, basta ver também Hebreus 13:2. Além disso, o próprio Senhor recompensará aqueles que forem hospitaleiros e ajudarem as pessoas em suas necessidades, vide Mt 25:35.

Mas, como dissemos, essa lição de vida também pode ser aplicada no sentido de ajudar pessoas que estão errantes em seu caminho ou sua vida. Em Deuteronômio 27:18 havia uma maldição sobre aquele que fizesse um cego errar o seu caminho. No Salmo 146:8 é dito que o próprio Deus abre os olhos aos cegos, o que pode ser em sentido figurado ou literal. E por fim, Gálatas 6:1-2 e Jacó (Tg) 5:19-20 elogia as pessoas que ajudam outros a se encaminharem na vida.

15) O pastor verdadeiro deve se entregar à obra de Deus.

Por fim, no v. 5 de 1 Timóteo 3 Saul explica que o “pastor” segundo o coração de Deus cuida da congregação Dele. E para cuidar de pessoas é necessário, naturalmente, auto-entrega; isto é, dedicação!

Mas queremos ressaltar aqui que, assim como ele cuida das pessoas, naturalmente deve cuidar de si mesmo! Basta ver que, no v. 7, Saul recomenda que o líder da comunidade tenha bom testemunho para com aqueles que estão de fora. Não seria isso cuidar de sua própria integridade, e consequentemente de sua reputação?

Quem cuida de si mesmo naturalmente pode cuidar de outras pessoas também. O próprio emissário (apóstolo) Saul recomenda em outro trecho dos relatos bíblicos que assim deveria ser: primeiro deveriam os líderes cuidarem de si mesmos, então poderiam cuidar de outros também, vide Atos 20:28.

Simão (Pedro), de forma semelhante, escreveu para esta mesma classe de líderes que eles deveriam pastorear o rebanho de Deus espontaneamente, sem ganância, mas de boa vontade; não como dominadores deles, mas sendo eles mesmos o exemplo (1 Pe 5:1-3). Ora, só pode fazer isso quem cuida bem de si mesmo!