Last updated on 07/06/2023
Um questionamento que tem atravessado os séculos e até hoje em dia gerado controvérsia nos debates bíblicos e teológicos: Os cristãos ou os gentios devem guardar o sábado? Isto é, o shabat judaico-bíblico. Aqui farei mera tradução de um estudo publicado pelo Israel Bible Center, e com análise bíblica cada um poderá tirar suas conclusões ou compartilhar suas opiniões nos comentários ao fim da presente página, e ainda ler outros estudos indicados ao final deste para tentar concluir a questão.
Os cristãos e os gentios devem guardar o sábado?
Por Dr. Eli Lizorkin Eyzenberg, 27 de fevereiro de 2023.
Frequentemente, cristãos sinceros me fazem essa pergunta. Sua indagação decorre de suas interações pessoais com as Sagradas Escrituras onde, pelo menos para os israelitas, a observância contínua do Shabat parece ser presumida. No entanto, geralmente os cristãos não fazem a pergunta do Shabat judaico (Como devo guardar o Shabat?), mas sim a pergunta do Shabat cristão (em que dia devo adorar?).
Essas preocupações são causadas pela mentalidade ocidental que valoriza o culto corporativo (unido) que ocorre para a maioria dos cristãos um dia por semana, geralmente aos domingos. Saindo dessa mentalidade, um cristão logicamente pergunta em que dia ele ou ela deve adorar para agradar a Deus no Cristo: domingo ou sábado?
Para um judeu, porém, mesmo para aquele imerso na cultura ocidental, essa nunca é a questão. Para o judeu, a adoração “corporativa” é uma prática diária e não uma ocorrência semanal. Um judeu reza um longo conjunto de orações 3 vezes por dia, muitas vezes na companhia de outros judeus.
É por isso que os judeus praticantes não iriam a um local de culto a 15-40 minutos de distância (como a maioria dos cristãos faz), mas iriam apenas a algo local. A sinagoga não só deve ser acessada a pé no Shabat (quando é proibido dirigir), mas também deve estar muito próxima para as funções cotidianas da comunidade.
No Shabat, os judeus se envolvem em algumas atividades de adoração que diferem da adoração diária regular.
Porém, mais proeminentemente, eles cessam a vida criativa na qual se envolvem durante o resto da semana. (Por exemplo, um judeu pode ler, mas não deve escrever no Shabat, cobrando que suas forças criativas sejam liberadas durante os seis dias de trabalho). Essa ideia judaica central do descanso físico, emocional e psicológico uma vez por semana está quase completamente ausente na prática cristã, onde a ênfase é colocada na adoração.
Cristãos comprometidos e envolvidos muitas vezes saem do domingo sentindo-se fisicamente cansados de um ou dois cultos e possivelmente até mesmo de uma função relacionada à igreja. Obviamente, esta descrição não é universal e não se aplica a todas as práticas cristãs, mas acho que é uma caracterização justa da tendência geral nas comunidades cristãs.
As palavras de Jesus de que “o homem não é feito para o sábado, mas o sábado é feito para o homem” (Marcos 2:27) fariam todo o sentido em seu próprio contexto judaico.
Os humanos, por milhares de anos, dividiram os tempos e as estações de maneira diferente. A semana como período de tempo nem sempre existiu, e uma semana nem sempre continha sete dias.
A semana de sete dias foi um dos grandes dons que foi estabelecido pelo Deus de Israel e dado pela cultura divino-humana de Israel ao mundo inteiro.
Ou seja, quer o cristão adore coletivamente com outros no primeiro dia da semana (domingo) ou no sétimo (sábado), ele já adora de acordo com o ciclo judaico de sete dias por semana, com ou sem reconhecê-lo.
Obviamente, há muito mais nessa discussão, mas é aqui que qualquer pensamento responsável deve começar.
Estudo original de By Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg, publicado por Israel Bible Center. Tradução e adaptação por Gabriel Filgueiras.
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