Teologia negra: Deus realmente se importa com as vidas negras?

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Teologia negra é o movimento teológico defendido pelas pessoas de pele negra que buscam igualdade de direitos e de vida na sociedade como um todo. Ela visa defender os negros como pessoas que também são defendidas e amadas por Deus, e portanto deveriam o ser pela sociedade também, sem discriminações.


É importante destacar que a teologia negra só existe por conta dos racistas e preconceituosos, portanto ela é uma espécie de grito de protesto, ou de socorro, do povo negro; é um clamor a Deus em defesa dos negros.

A teologia negra não visa mudar nem manipular as verdades e princípios bíblicos, mas antes mostrar que os negros sempre estavam lá em diversos momentos da história e não eram rejeitados pelo Criador.

Quando e onde surgiu a teologia negra?

Em meados da década de 60, nos EUA a partir da luta dos negros por seus direitos civis. Além disso, também devido a indiferença ou conivência dos cristãos brancos norte americanos com relação aos maus tratos e desleixos que os negros sofriam de uma forma geral.

Os teólogos negros construíram uma hermenêutica bíblica a partir do sofrimento do povo negro, que tinha como foco mostrar que Deus olha para este povo e seus labores.

Esta visão faz com que os teólogos realizem uma releitura de passagens bíblicas visando construir argumentos que defendam sua causa e mostre que os brancos também deveriam importar-se com ela, promovendo assim a igualdade. Tendo em vista que muitas vezes a Bíblia cita povos negros, porém isso passa desapercebido quando estuda-se as Escrituras, exemplo Egito e Etiópia.

Os principais defensores da teologia da libertação negra.

Podemos considerar como seu principal fundador James Cone, década de 60, que era um teólogo americano, muito conhecido por sua defesa da teologia negra e da teologia da libertação negra. Seu livro de 1969, Teologia Negra e Poder Negro, forneceu uma nova maneira de definir de maneira abrangente o caráter distintivo da teologia na igreja negra.

Inspirado em alguns movimentos em defesa dos negros que já aconteciam na época, ele também defende o espaço dos negros dentro da teologia bíblica para chegar a alcançar a sociedade de sua época e despertar sua atenção para a causa dos negros.

Dr. James Cone na 174ª Convocação do Seminário Teológico da União na cidade de Nova York.
Dr. James Cone na 174ª Convocação do Seminário Teológico da União na cidade de Nova York.

Martin Luther King também é um dos grandes expoentes da teologia negra e defensor de seus direitos civis como direito ao voto, a ter assentos iguais nos meios de transporte público etc.

A teologia negra na Bíblia.

Certamente Deus ama aos negros tanto quanto ama aos brancos, para Ele não há acepção de pessoas que queira salvar (At 15:7-9; 17:30)

Devemos nos lembrar que Ele é juiz dos injustiçados; o povo hebreu estava escravizado no Egito quando clamou a Ele, e Ele os socorreu; o povo negro também já foi escravo, já foi muito rejeitado pela sociedade, e até hoje sofre discriminações simplesmente por causa da cor de sua pele; todas características, digamos, “atraentes” para Deus não resistir ao primeiro clamor deles (assim como de qualquer outro povo que porventura também esteja sofrendo injustamente).

O povo etíope tem muitas aparições no decorrer da história bíblica e, de acordo com o texto de Jeremias 13:23, são certamente de pele negra.

Pode o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Então podeis vós também fazer o bem, acostumados que estais a fazer o mal.” (KJFiel Jr 13:23)

Este povo tem grande importância em alguns acontecimentos bíblicos: um etíope tirou Jeremias literalmente do fundo do poço (Jr 38.1-13); outro etíope era alto oficial da rainha dos etíopes, este era temente a JAVÉ e em certo momento estava em uma carruagem lendo o livro do profeta Isaías, ele é escolhido pelo próprio Deus para ouvir as boas novas (At 8:26-29).

Um missionário negro na Bíblia (etíope)

O historiador Eusébio de Cesareia registra na História Eclesiástica como depois deste evento este homem negro tornou-se o principal missionário de seu país em sua época, e como ele foi um instrumento de JAVÉ para cumprir uma profecia bíblica; ele registra as seguintes palavras:

Por certa providência divina, quando o anúncio do evangelho do Salvador avançava diariamente, foi para ali levado um príncipe da rainha dos etíopes, conforme costume que ainda ali prevalece de serem governados por uma mulher, sendo o primeiro dentre os gentios que receberam de Filipe os mistérios da palavra divina.

O apóstolo, conduzido por uma visão, assim o instruiu e ele, segundo se diz, tornando-se as primícias dos crentes em todo o mundo, foi o primeiro que, voltando para seu país, proclamou o conhecimento de Deus e a habitação salutar de nosso Senhor entre os homens.

De modo que a profecia obteve seu cumprimento por meio dele: “A Etiópia estende suas mãos para Deus”.

A profecia cumprida aqui se encontra no Salmo 68:31, como se segue:

“Príncipes sairão do Egito; a Etiópia logo estenderá as suas mãos a Deus.” (KJFiel Sl 68:31)

Muito antes disso, ainda centenas de anos antes da aparição do Cristo na terra, o Criador já favorecia o povo negro, isto é, os etíopes.

Em Amós 9:7 temos registradas as seguintes palavras:

Não sois vós para mim, como os filhos dos etíopes, ó filhos de Israel? diz o SENHOR. Não tirei eu Israel da terra do Egito? E os filisteus de Caftor, e os sírios de Quir?” (KJFiel Am 9:7)

O comentário bíblico Champlin, a respeito deste trecho, diz o seguinte:

“A nação de Israel caíra no desprazer de Yahweh. Eles tinham quebrado os pactos e abandonado a lei, que os tornava um povo distinto (Dt 4.4-8), pelo que não mais eram um povo distinto. Agora, o profeta anuncia a importante mensagem de que todas as nações são guiadas pela providência de Deus. …

Israel fora tirado do Egito, fato mencionado mais de 20 vezes, só no livro de Deuteronômio. Ver Dt 4.20.

Isso tornou Israel um povo distinto, mas eles perderam esse caráter distintivo. Outros povos haviam tido seus êxodos, embora através do poder e do desígnio de Yahweh:

Os filisteus foram tirados de Caftor e conduzidos a uma nova terra, que chegaram a possuir. Creta está em vista. Os sírios foram trazidos de Quir, a antiga terra no nordeste distante.

Esses povos também tinham sido sujeitos da providência divina. Por conseguinte, temos aqui o anúncio de uma espécie de universalismo, a providência de Deus que cuida de todas as nações, idéia que se aproxima cada vez mais do Novo Testamento: “Pois Deus amou o mundo de tal maneira… “.

A aplicação dessa idéia é que um povo apostatado não tinha exclusividade. Um povo apostatado pode sair do favor divino, e outro povo qualquer pode tomar seu lugar. …

Os etíopes foram mencionados juntamente com os filisteus e os sírios, embora nenhum êxodo dos etíopes seja especificado. Mas a menção a eles foi suficiente para os propósitos do autor sagrado.

Eles viviam na região que hoje é o sul do Egito. Os judeus pensavam que os etíopes eram estranhos, estrangeiros e destituídos de importância, mas a lição é que todos os povos são importantes para o SENHOR. O texto se aproximava da verdade do Novo Testamento.”

Finalmente, Deus amou ao mundo de tal maneira, isto não deveria excluir os negros, e com base nisso, no temor de Deus, devemos dar a estes o mesmo valor e os mesmos direitos que os brancos tem na sociedade, esta é a base da teologia negra e esta é a unidade de povos que Cristo fez para Deus, o Pai.

“Já não há judeu nem grego, não há também escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gl 3:28)

Qual é o erro da teologia negra?

O erro primário na teologia da libertação negra é o seu foco. A teologia da libertação negra tenta focalizar o Cristianismo na libertação da injustiça social no aqui e agora, e não na vida após a morte. Jesus ensinou exatamente o oposto: “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36).

Têm os negros/africanos e especialmente os afro-americanos sido tratados injustamente e maldosamente na história recente? Absolutamente! Deve um dos resultados do evangelho ser o fim do racismo, da discriminação, da desigualdade e do preconceito? Mais uma vez, sim, absolutamente! (Gálatas 3:28)

Entretanto, o evangelho não se deve manter preso em questões meramente sociais, embora promova a igualdade e aniquila o preconceito entre as etnias.

“Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens;

Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.

Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio,” (Ef 2:11-14)

Lembremo-nos, porém, que todos fomos infectados pelo pecado, e Cristo é o nosso único meio de salvação, o Cordeiro de Deus, que carrega o pecado do mundo, e portanto nosso arrependimento se faz necessário para nossa reconciliação com o Divino (2 Cor. 5:18-20).

A mensagem do evangelho não pode perder de vista essa essência, “para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:15)

Concluindo, a teologia negra vem a tona por uma nobre causa e para despertar ao ser humano de seus erros e denunciar sua discriminação contra seus semelhantes, que são amados por Deus de igual modo a qualquer outro, pois a todos Ele quer salvar, mediante o arrependimento e a fé no Cristo (1 Tim. 2:3-4).

“tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do gentio; mas glória, honra e paz a todo homem que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao gentio; porque não há acepção de pessoas para Deus.” (KJFiel Rm 2:9-11)

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

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