Last updated on 17/04/2023
A Grande Comissão (Mateus 28:19-20) contém o imperativo crucial que diz para fazer discípulos de todas as nações, isto é, não apenas convertidos, mas seguidores sinceros. Mas o que isso significa de verdade?
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Mateus 28:19 registra que Yeshua disse a Seus discípulos para “fazer discípulos de todas as nações”.
A palavra “discípulo” carrega muito peso. O Mestre não enviou Seus apóstolos principalmente para fazer convertidos. Ele buscou seguidores, não apenas crentes.
Os onze entenderam o que Ele quis dizer com “fazer discípulos” porque eles próprios eram discípulos “profissionais”. Yeshua queria que eles levantassem homens e mulheres que internalizariam, praticariam e transmitiriam Seus ensinamentos.
Como demonstra a Mishná, o discipulado já era uma instituição bem estabelecida no judaísmo muito antes do aparecimento de Yeshua e Seus seguidores:
Os homens da Grande Assembleia disseram três coisas:
(Pirkei Avot 1:1)
– “Seja deliberado no julgamento, levante muitos discípulos e faça uma cerca para a Torá”.
Os rabinos, os sábios entre os fariseus e os mestres da Torá tinham discípulos.
O trabalho de um discípulo era aprender tudo o que seu mestre tinha a ensinar. Eles memorizavam as interpretações, explicações e exegese das Escrituras de seus professores.
Eles aprendiam suas histórias, parábolas, ilustrações e anedotas. Eles aprendiam a praticar a Torá imitando seu professor e incorporando sua maneira de observância à sua própria vida.
Um discípulo se esforçava para se tornar como seu mestre.
— O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem-instruído será como o seu mestre.
Lucas 6:40
Depois que o discípulo fosse totalmente treinado, ele se tornava o professor e transmitia o ensino aos seus próprios discípulos que, quando totalmente treinados, se tornariam professores e criariam seus próprios discípulos também.
Eles ensinariam seus discípulos em nome de seu próprio mestre, e de seu mestre, e do mestre de seu mestre … transmitindo assim um corpo de tradição oral tão vasto quanto o mar.
Este era o método de educação religiosa superior nos dias de Yeshua.
Paulo revela seu próprio treinamento dentro deste sistema de muitas maneiras, mas em seu comando a Timóteo, o judeu helenístico com um pai grego, ele resume o método de treinamento: “As coisas que você ouviu de mim na presença de muitas testemunhas, confie-os a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar a outros” (2 Timóteo 2:2).
Os onze sabiam que não deveriam fazer discípulos para si mesmos, pois o Senhor já havia dito a eles:
Mas vocês não serão chamados de “mestre”, porque um só é Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos.
Mateus 23:8-10
Aqui na terra, não chamem ninguém de “pai”, porque só um é o Pai de vocês, aquele que está nos céus.
Nem queiram ser chamados de “guias”, porque um só é o Guia de vocês, o Cristo.
Os onze deram as boas-vindas aos novos crentes em Yeshua em Sua escola de discipulado. Ao recrutar novos discípulos, eles cumpriram seu chamado como pescadores de homens.
O livro de Atos se refere repetidamente à comunidade de Yeshua como “os discípulos”. Por exemplo, Atos 6:1,7, 9:1,19,26, 11:26, 13:52, 14:20-22,28, 15:10, 19:1, 20:1, 21:4, etc.
Embora as pessoas de fora falassem dos membros da comunidade de Yeshua como “nazarenos” (24:5) e “cristãos” (11:26), eles mesmos se referiam uns aos outros simplesmente como “discípulos”.
Tanto judeus quanto gentios que passaram a acreditar em Yeshua tornaram-se discípulos.
Como os discípulos dos rabis, os novos discípulos se empenharam em viver as instruções de seu Mestre, imitando Seus modos e memorizando Suas palavras.
A igreja gentia não pode ser culpada por ter errado o alvo em relação ao encargo de fazer discípulos. O discipulado era uma instituição específica da cultura judaica. A igreja não podia fazer discípulos de pessoas quando a igreja gentia1 não sabia o que o termo “discípulo” significava no contexto do judaísmo praticado por Yeshua e seus seguidores.
No início de seu desenvolvimento, a teologia cristã tornou-se confusa com um viés antijudaico2 que não mais reconhecia distinções entre as obrigações judaicas e gentias para com a Torá. Pior ainda, a teologia cristã alijou tanto a Torá quanto o judaísmo e forjou uma nova identidade religiosa.
A Grande Omissão resultou da separação do cristianismo do judaísmo e moldou o caráter e a qualidade do cristianismo em escala global.
1. Para mais detalhes, verifique aqui no blog o estudo de Mateus 16:18.
2. Verifique o estudo “O que é o cristianismo, quem criou e como surgiu” para mais informações.
Estudo original: Make Disciples, Not Converts, publicado por First Fruits of Zion. Tradução e adaptação por Gabriel Filgueiras.
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