Oração do Pai nosso, uma reza pronta ou só um modelo?

página da bíblia com oração do Pai nosso

“Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade…” Assim começa a mais famosa “reza” do mundo, a oração do Pai nosso. Ela tem atravessado séculos e mais séculos, adentrado em diferentes locais e sido recitada por pessoas de diferentes credos. Além disso, é notável um certo conflito entre cristãos evangélicos e católicos a respeito se ela deve ser recitada como uma reza pronta ou seria só um modelo para que nossas palavras espontâneas. Afinal de contas, o que Jesus quis dizer com essas palavras, registradas principalmente em Mateus 6:9-13?

A oração do Pai nosso é uma “reza pronta”?

Isso é algo muito simples de entender, basta contextualizarmos este assunto dentro do seu contexto original, ou seja, o contexto histórico e cultural do povo judeu.

Desde épocas antigas é normal, além das rezas (orações) espontâneas, que em hebraico são chamadas de hit’bodedut, o povo de Israel ter a pratica das rezas litúrgicas. Essas rezas remontam a tradições antigas. Elas são compostas por sacerdotes, reis, profetas, rabinos, e etc. E isso é o que dizem as Escrituras. Vejamos;

Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: 
- Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos. 
Respondeu-lhes: 
- Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu Nome; venha o teu Reino; 
(Lucas 11:1,2. Bíblia de Jerusalém)

Ou seja, era costume da época os rabinos daquela geração (tal como o rabino e sacerdote citado, Yohanan – aportuguesado “João”) compor rezas e transmitir aos seus Talmidim (discípulos) para que esses rezassem ao Eterno (obs.: no idioma original das Escrituras, o hebraico, não existe uma palavra para “reza” e outra para “oração”. A palavra original é תפלה (tephillah). Portanto, analisando pelo idioma original, não faz diferença a tradução “reza” ou “oração”). Estes mesmos discípulos tinham a obrigação de preservar essas rezas litúrgicas e transmiti-las para a próxima geração, e assim sucessivamente.

Por isso, sim, o mestre Yeshua (cujo nome foi vertido para “Jesus” através de uma adaptação grega), tal como outros rabinos também fizeram, ensinou uma reza litúrgica para os seus discípulos. Então todos os que são creem nele, sendo-lhe obedientes, podem recitar essa reza/oração como forma didática e litúrgica.

Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

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