O que é a nova aliança que Jesus fez em Lucas 22:20

A nova aliança (ou o novo testamento) feito no sangue do Senhor Jesus (Yeshua)

Afinal de contas, o que é a nova aliança que o Senhor Jesus fez em Lucas 22:20, quando disse, “este cálice é a nova aliança no meu sangue derramado por vocês”? Quando é que essa aliança se aplica a nós? Ela aboliu a Lei de Moisés (Torá) com isso? Neste estudo bíblico tentaremos elucidar essa questão do ponto de vista meramente bíblico, sem intepretações subjetivas ou conjecturas, nem construções teológicas baseadas em textos isolados e desconexos. Mas em vez disso mostraremos simplesmente os versículos que relatam essa aliança.


Não só em Lucas 22:20, mas também em Mateus 26:28 e Marcos 14:24 o Senhor fala sobre uma nova aliança (ou novo testamento). Outros textos bíblicos como 1 Coríntios 11:25, Hebreus 8:13 e 12:24 abordam este mesmo tema. Mas o que seria essa nova aliança que o Senhor Jesus disse para seus discípulos e que tem relação com seu sangue derramado?

O cálice da nova aliança (novo testamento) no sangue do Senhor Jesus (Lucas 22:20).

Onde foi profetizada a nova aliança no texto das Escrituras Sagradas (“Antigo Testamento”)?

Em especial o texto de Hebreus 8:6-13 dá breve explicação do que seria esta nova aliança. Este texto mostra claramente que essa aliança trata-se daquela profetizada por Irmeyahu (Jeremias) no capítulo 31 vs. 31-34 de seu livro.

Vejamos então, o que o texto diz que seria essa aliança e, à partir dele, vamos destacar alguns pontos tentando explicar este assunto de modo simples (pelo menos por enquanto).

"Eis que dias virão"
diz Iahweh
"em que concluirei com a casa de Israel (e com a casa de Judá) uma aliança nova. Não como a aliança que concluí com seus pais, no dia em que os tomei pela mão para fazê-los sair da terra do Egito - minha aliança que eles próprios romperam, embora eu fosse o seu Senhor, 
oráculo de Iahweh!
Porque esta é a aliança que concluirei com a casa de Israel depois desses dias,
oráculo de Iahweh.
Porei minha lei no fundo de seu ser e a escreverei em seu coração. Então serei seu Deus e eles serão meu povo.
Eles não terão mais que instruir seu próximo ou seu irmão, dizendo:
"Conhecei a Iahweh!"
Porque todos me conhecerão, dos menores aos maiores,
oráculo de Iahweh
porque perdoarei sua culpa e não me lembrarei mais de seu pecado.
(Jeremias 31:31-34 Bíblia de Jerusalém)

O que estava acontecendo na época do profeta Jeremias (Irmeyahu)?

Para que fosse promulgada uma “nova aliança” por Deus através de seu profeta, é necessário entendermos o que O levou a dizer isso. Será que a primeira aliança (Êxodo 24:7,8), feita por meio de Moisés (Moshé) havia caído em desuso e por isso Ele estava anunciando que uma nova seria feita com seu povo? Ora, deixemos que o próprio texto fale por si.

No versículo 32 lemos que tal “nova aliança” seria necessária porque o povo de Deus havia invalidado/rompido/quebrado a primeira. Então vemos que o problema não estava na aliança que Deus havia feito com Seu povo em si, mas na inclinação má do próprio povo, que não permaneceu naquela aliança divina (cf. 2 Rs 17:13-17; Ez 16:59).

Ora, no tempo do profeta Irmeyahu o povo de Israel havia se distanciado do seu Criador. O reino do norte já havia sofrido com o exílio assírio por ter abandonado os caminhos Dele (vide 2 Rs 17:1-18). Agora o profeta anuncia que o povo de Judá também sofreria com o exílio babilônico pelo mesmo motivo: invalidaram a aliança com o Todo Poderoso, dando-se à idolatria e por isso à maldade (cf. 2 Rs 17:19-23; Jer. 2:28-32).

Neste contexto é que o Eterno promulga a famosa “nova aliança”. Portanto, analisando o próprio texto de Jeremias (Irmeyahu) 31:31-34, que foi repetido em Hebreus 8:6-13, podemos ver alguns detalhes importantes do que exatamente ela é.

Os termos da nova aliança.

  • A aliança seria como mesmo povo, ou seja, com a casa de Israel e de Judá. Isto é, com todos os israelitas (vs. 31,33a)
  • Essa aliança faria uso da mesma Lei de antes, pois o próprio texto diz que a Lei de Deus já existente, isto é, a Torá (Lei “de Moisés”) seria escrita nos corações de seu povo, e não em tábuas de pedra (v. 33). Isso quer dizer que haveria um comprometimento real e íntegro do povo israelita para com Deus e Sua palavra. Devemos lembrar que isso não estava acontecendo no tempo do profeta Jeremias, justamente por isso tivemos que abordar um pouco do contexto e da situação que envolvia o tempo de seu ministério profético.
  • Haveria um conhecimento completo acerca de Deus (v. 34a);
  • Deus perdoaria as iniquidades de Israel, e ainda as esqueceria (v. 34b).

Além de tudo isso, outros profetas também promulgaram essa aliança adicionando um elemento: ela seria uma aliança eterna! Veja Isaías 55:3, 59:21, 61:8.

Essa aliança, portanto, foi anunciada ou inaugurada pelo próprio Senhor, conforme lemos nos três textos (evangelhos) em que ele fala sobre ela (Mt 26:28; Mc 14:24; Lc 22:20). Posteriormente, os emissários (apóstolos) do Senhor tornaram-se anunciadores da realização dessa aliança (2 Cor. 3:6; Rom. 11:26,27; Heb. 6:8-13; 9:15+).

Portanto, a julgar pela simples análise do texto, a nova aliança parece um evento que será plenamente cumprido no futuro, mas que já teve seu início com a morte e ressurreição do Senhor. Além disso, ela aparenta mais ser uma renovação da primeira aliança, ou um aperfeiçoamento dela, do que uma aliança substituta.

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.