4 Ensinamentos de Deus com o dízimo do Antigo Testamento

Um pouco de trigo na mão simbolizando o dízimo do Antigo Testamento na Bíblia

O que Deus nos ensinou com o dízimo do “Antigo Testamento”? Ele é válido para os dias de hoje também ou ficou obsoleto com a Lei de Moisés? Deve ser praticado nos tempos do chamado “Novo Testamento” ou “Nova Aliança“? E para quem ou onde devemos dar esse valor?

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Como era praticado o dízimo do “Antigo Testamento”?

Resumidamente, podemos dizer que até o tempo dos patriarcas de Israel o dízimo era praticado de forma voluntária e espontânea. Assim, Abraão deu ao sacerdote Malki-Tsedek (Melquisedeque) os dízimos dos despojos que conquistou em guerra (Gn 14:18-20). Vale ressaltar que os despojos incluíam tanto dinheiro e as armas do inimigo vencido em combate, quanto pessoas, animais e outros bens materiais, veja Gn 14:21.

De modo similar, Jacó, o neto de Abraão, promete dar para Deus 10% de seus bens conquistados com seu trabalho, e isso deveria incluir tanto alimentos, como animais, dinheiro ou outros bens (Gn 28:20-22). A tradição judaica explica que ele pagou esses dízimos queimando-os como oferta quando chegou a Betel, ao retornar da casa de seu sogro (Gn 35:2-7), ou doou aos pobres.

Depois, quando se tornou uma nação, Deus ordenou que os israelitas separassem um décimo de suas colheitas, animais do gado e do rebanho para oferecerem a ele, vide Lv 27:30-33.

Conforme Deus ordenou, estes dízimos deveriam ser entregues aos levitas, porque eles não haviam recebido heranças territoriais como as demais tribos de Israel para plantações. Além disso, era uma das formas de pagamento deles pelo serviço na Tenda Sagrada (Nm 18:21-24).

Mas isso não era tudo, pois um décimo das produções agrícolas, das crias do gado e do rebanho eram separados anualmente para que o dizimista, juntamente com sua família, o comessem em festividades de peregrinação para Jerusalém (Dt 12:7-12; 14:22-26). Além deste, trienalmente eram separados os dízimos das colheitas, que eram armazenados nas cidades para que estrangeiros pobres, órfãos e viúvas também pobres se alimentassem deles (Dt 14:28-29; 26:12).

Na instituição religiosa a qual você frequenta alguém já havia lhe ensinado que o dízimo era comido? Ou já te disseram que o dízimo era (e ainda é) doado aos pobres?

Tudo isso é muito interessante, pois vemos os patriarcas doando espontaneamente um décimo de suas conquistas a Deus. Não foi necessário que ninguém os coagisse a isso. Também vemos o dízimo sendo doado para pessoas pobres se sustentarem, coisa que dificilmente vemos hoje em dia nas instituições religiosas. E na verdade, não são poucos os crentes que estão a anos frequentando seus templos religiosos e escolas bíblicas, que nem sequer sabem disso. Além do mais, a sistemática do dízimo nas religiões hoje em dia visa super assalariar um líder específico de uma congregação. Porém não vamos nos prender a isso aqui, então prossigamos para mais detalhes com os 4 princípios que Deus nos ensinou com o dízimo do “Antigo Testamento”.

1) O dízimo do “Antigo Testamento” nos ensinou sobre a necessidade de contribuirmos para com a obra de Deus.

Duas pessoas israelitas (judeus) lendo a bíblia hebraica (Torá).

A contribuição financeira ou de nossos bens é necessária para que o reino de Deus alcance mais pessoas através de nossos recursos.

Deus fez um plano perfeito na Torá para manter a tribo de Levi servindo às demais tribos no culto e nas dezenas de serviços que prestavam à comunidade de Israel, incluindo o ensino da Lei de Deus.

Além disso, ordenou ao povo que morava em Jerusalém que contribuísse com sua parte devida aos sacerdotes e aos levitas, para que estes pudessem dedicar-se à Lei do Senhor.
Logo que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias do cereal, do vinho, do azeite, do mel e de todo produto do campo; trouxeram também em abundância os dízimos de tudo.

(2º Crônicas 31:4,5)

Como os levitas não tinham heranças territoriais igual as demais tribos, Deus ordenou que fosse dado a eles os dízimos e as ofertas do altar a fim de que se alimentassem com isso (Dt 14:27-29; 18:1; cf. 1 Co 9:13).

Esse trabalho de ensino da Lei de Deus continua até os dias de hoje, especialmente depois que Israel recuperou suas terras, em 1948, e pôde desfrutar de maior liberdade civil e religiosa. É por isso que a tradição judaica, desde tempos antigos, orienta dedicar os dízimos voluntários para trabalhos de divulgação e ensino da Torá (também). Esse trabalho é mantido por professores judeus particulares, pelas chamadas “Beit Midrash” (escolas de ensino), ou pelas sinagogas.

E para quem não sabe, a Torá (Lei de Deus), sendo o coração de toda a Bíblia, tem ensinamentos não só para os judeus ou israelitas, mas para a humanidade toda! Um dos exemplos de obras instrutivas feitas por educadores israelitas é o livro A Torá da Humanidade, do rabino Ury Cherki.

Portanto, cada vez que contribuímos com o crescimento do povo de Israel (o povo que Deus escolheu), a própria humanidade é beneficiada com isso! Afinal de contas, se a transgressão e a diminuição passada deles resultaram em riqueza para o mundo, quanto mais sua plenitude! (Rm 11:12)

Finalmente, é com base em textos como o de 2º Crônicas 31, lido acima, é que recomenda-se doar o dízimo voluntário para tais instituições de ensino.

2) O dízimo da Lei de Moisés nos ensinou a não sermos avarentos!

Avarento é sinônimo de pão duro, unha de fome, mão de vaca, mão fechada, etc.

É a pessoa que ama o dinheiro e preocupa-se apenas com seus próprios interesses. É também aquele que é ávido por acumular riquezas, sendo egoísta. Essa pessoa não é generosa e não ajuda quem está passando por necessidades. O avarento é o indivíduo que tem recursos materiais deste mundo, mas não se compadece do necessitado para ajudá-lo. Tal pessoa nem sequer pode dizer que ama a Deus (1 Jo 3:17), e a Bíblia chama a avareza de idolatria! (vide Cl 3:5; Mt 6:24)

Deus ordenou aos israelitas, através da Lei que Ele mesmo deu a Moisés, que compartilhassem de suas colheitas, crias de gado e do rebanho com as viúvas, órfãos, estrangeiros pobres, além dos levitas. Isto era para que aprendessem a praticar a justiça social (tsedakah no hebraico). Eles deveriam se compadecer de seus semelhantes e dá-los o devido suporte. Dessa forma não haveria necessitados nas terras de Israel.

Este tipo de ensinamento, naturalmente, foi alimentado por Jesus/Yeshua, que continuou instigando seus discípulos a darem suporte aos necessitados, veja Mt 6:3-4 e Lc 12:33 (cf. 1 Tm 6:17-19; Pv 11:24,25; 29:7).

E embora o dízimo trienal para os pobres mencionado em Dt 14:28-29 e 26:12-15 tenha a ver com os ciclos anuais e os tempos de colheita das terras de Israel, uma pessoa temente a Deus qualquer pode dedicar, voluntariamente, 10% de seus rendimentos para doar a algum pobre, um necessitado, alguém que esteja em dificuldade financeira, dentre outras situações. Este é um dos verdadeiros destinos do dízimo do “Antigo Testamento”, ou do dízimo bíblico, recomendado pelos sábios do povo de Israel.

3) Com o dízimo bíblico, aprendemos a importância de cultuar a Deus em família e com amigos.

Prestando culto racional a Deus conforme Romanos 12.1

Como vimos nos textos e versículos citados no início deste estudo, de ano em ano os israelitas levavam os dízimos dos seus frutos da terra, gado e rebanho para Jerusalém. Lá eles se alegravam perante Deus no Templo junto com sua família, seus compatriotas e outras pessoas ligadas ao povo eleito. Na verdade, essas festividades bíblicas acontecem até hoje em Israel (bem como são celebradas pelos judeus espalhados pelo mundo), com a exceção da ausência momentânea do Templo.

“E será, então, no lugar que escolher o Eterno, vosso Deus, para fazer morar o Seu Nome, para lá levareis tudo o que vos ordeno: as vossas ofertas de elevação e os vossos sacrifícios, vossos dízimos e a oferta das vossas primícias, e tudo o que há de melhor que prometerdes ao Eterno. E vos alegrareis diante do Eterno, vosso Deus: vós, vossos filhos, vossas filhas, vossos servos, vossas servas e o levita que está em vossas cidades, porquanto ele não tem parte nem herança convosco.”

(BHSefer Dt 12:11-12)

Por isso, com este dízimo do “Antigo Testamento”, ordenado por Deus ao seu povo, Ele nos ensinou como devemos cultuá-lo com alegria. E embora este tipo de dízimo festivo mencionado em Dt 12:5-12 e 14:22-26 seja relacionado à vivência dos israelitas em sua própria terra (porque eles tinham que consumir tais dízimos durante as três festas de peregrinação para Jerusalém), nos mostra que o culto a Deus deve ser feito de modo alegre, respeitoso e festivo.

Naturalmente, devido a ausência atual do Templo de Jerusalém, o povo de Israel celebra as festas de modo adaptado, ou seja, cada um no local em que vive, e as pessoas tementes a Deus que não são-israelitas podem se unir ao povo eleito para celebrá-las também.

4) Com o dízimo do “Antigo Testamento” aprendemos a respeito do compromisso com Deus!

atitudes dos verdadeiros adoradores, adorador adorando a Deus em espírito e em verdade

O pagamento dos dízimos nas Escrituras não era uma mera “moeda de troca” do israelita para com Deus, mas deveria expressar seu real compromisso para com Ele, sua obediência e amor à aliança Dele com Seu povo.

Embora, em não poucos meios religiosos, tenha-se feito distorção com a verdadeira mensagem bíblica do dízimo (pois posso falar por experiência própria que os ensinos abordados aqui dificilmente são mencionados neles), ainda podemos conferir suas preciosidades com algumas leituras bíblicas simples. E não obstante certas religiões defenderem que a Lei de Moisés (de Deus) foi abolida, ainda assim fazem uso do texto de Malaquias 3:10 para subornar seus adeptos a pagarem mensalmente 10% de seu salário para sua instituição. Isso seria um tipo de uso honesto da mensagem bíblica?

Infelizmente, pessoas cuja fé é sincera estão seguindo diversos ensinamentos deturpados. Mas isso não é culpa delas, pois muitas ainda nem sequer tem conhecimento do “outro lado da moeda”, para descobrirem a verdade.

Ora, os princípios morais e espirituais ensinados a nós através dos dízimos do “Antigo Testamento” são preciosas lições que podemos e devemos praticar a vida toda. Porém, não sem estar debaixo de orientação do povo eleito, pois tais mandamentos foram direcionados a eles, e saberão como instruir quem queira praticá-los também (cf. Rm 3:1-2, 9:4). Aqui, temos nos unido à Comunidade Judaica Netzarim do Pará através de estudos bíblicos online.

Por fim, como podemos ver neste presente estudo, o dízimo do “Antigo Testamento” não é de fato algo antigo, ultrapassado ou obsoleto e, na verdade, nem sequer é correto chamar as Escrituras Sagradas de “Antigo Testamento”, porque os mandamentos de Deus nunca se envelhecem, mas se expandem! (Sl 119:96)

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.

23 comentários em “4 Ensinamentos de Deus com o dízimo do Antigo Testamento”

  1. Meus irmãos para nós entendermos melhor é preciso sabermos um pouco, por exemplo todo este assunto era próprio dos judeus, uma cultura completamente diferente da nossa, e estão querendo que eu seja um cristão judeu e eu não sou, é mais facil eu ser um judeu cristão, isto é porque cristo era judeu.

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