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Filho do homem ou filho de Deus: qual Jesus é?

Last updated on 19/05/2022

Afinal de contas, o que significam os títulos de Jesus? Para nossos ouvidos modernos, “Filho de Deus” soa como se descrevesse a divindade, e “Filho do Homem” soa como se fosse um ser humano mortal. Mas você sabe o que esses títulos realmente significavam no antigo Israel?

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Filho do homem ou Filho de Deus?

Para a maioria dos leitores da Bíblia, o status de Jesus como o “Filho de Deus” descreve sua divindade. Por outro lado, quando ele chama a si mesmo de “Filho do Homem”, o título parece denotar sua humanidade. No entanto, geralmente é o contrário: “filho de Deus” é uma frase para um ser humano, e “filho do homem” descreve a divindade.

Basicamente, parece fazer sentido que “filho de Deus” seja um apelido que marca alguém que tem afinidade com Deus ou possui status divino.

Por exemplo, quando Pedro diz de Yeshua: “Tu és o Messias (Χριστὸς; Christos), o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16), seria de esperar que ele se referisse à sua divindade. Mas esses títulos não denotam divindade nas Escrituras de Israel.

O termo hebraico “Messias” (משׁיח; Mashiach), ou “Cristo” em grego, significa “ungido”, e essa mesma linguagem aparece nos Salmos para descrever o rei davídico terrestre que também é chamado de filho de Deus.

O salmista diz que as nações se colocam “contra o Senhor e contra o seu ungido (משׁיחו; mashicho)” (Sl 2:2), e este rei ungido responde: “O Senhor me disse: ‘Tu és meu filho (בני). ; beni); hoje eu te gerei” (2:7). Assim, quando Pedro chama Jesus de Messias e Filho de Deus, ele está fazendo uma declaração sobre o status real de Jesus como descendente de Davi.

A mesma referência à realeza vale para a descrição do Salomão de Deus.

Embora seja Davi quem terá um filho, o Senhor assume a paternidade sobre o rei terreno, dizendo: “Eu serei seu pai, e ele será meu filho (בני; beni)” (2 Samuel 7:14).

Em outras partes da Bíblia, a filiação sob Deus não inclui nenhuma insinuação de divindade. Por exemplo, Êxodo descreve todo o povo de Israel como o filho de Deus quando o Senhor diz a Moisés: “Israel é meu filho primogênito (בני בכרי; beni bekhori)” (Êx 4:22).

Para dar um exemplo dos Evangelhos, a genealogia de Lucas termina uma longa lista de pais e seus filhos com “Adão [filho] de Deus” (Lc 3:38), mas o evangelista não implica que Adão era divino. Em vez disso, “filho de Deus” é um título para indivíduos que têm um relacionamento próximo com Deus, mas que não são deificados.

Por outro lado, “filho do homem” (ou “filho da humanidade”) soa como se fosse descrever um ser humano terrestre.

Afinal, Deus chama o Ezequiel terreno de “filho do homem” (בן אדם; ben adam) quase cem vezes (por exemplo, Ez 2:1-8; 3:1-25), então não deveria a auto-aplicação de Jesus de “filho do homem” significar a mesma coisa?

Mas Ezequiel está escrito em hebraico, e Jesus teria falado aramaico. Embora as duas línguas estejam relacionadas, “filho do homem” significa algo muito diferente no texto aramaico de Daniel do que no hebraico Ezequiel.

Pois em uma visão noturna, Daniel vê “alguém como um filho do homem” (בר אנשׁ; bar enash) se aproximando do trono celestial nas nuvens e recebendo divino “domínio e glória” de Deus (Dn 7:13-14). Em aramaico, “filho do homem” denota divindade.

É por isso que o sumo sacerdote acusa Yeshua de blasfêmia quando diz: “Você verá o Filho do homem (υἱὸν τοῦ ἀνθρώπου; huiòn tou anthrópou) sentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu” (Marcos 14:62).

Não era uma blasfêmia para alguém afirmar que ele era o “Messias” ou “Filho do Deus Bendito”, como o sacerdote o disse (Mc 14:61) – ele sabia que esses termos foram usados de homens mortais em suas Escrituras, mas para Jesus se equiparar ao divino “filho do homem” de Daniel, foi um passo longe demais.

Para os leitores modernos da Bíblia, pode parecer paradoxal que “filho do homem” denote divindade e “filho de Deus” signifique um mortal.

Jesus é tanto “Filho de Deus” quanto “Filho do homem” – humano e divino – mas o significado desses títulos não é necessariamente auto-evidente hoje. No mundo bíblico antigo, as coisas nem sempre são o que parecem!

Felizmente, uma olhada nas linguagens e contextos judaicos das Escrituras pode iluminar sua intenção original.

Aprenda a Bíblia em seu contexto original hebraico

Autor original: Dr. Nicholas J. Schaser. Publicação original: Israel Bible Center. Traduzido e adaptado por Gabriel Filgueiras.

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3 Comments

  1. Apenas um pecador arrependido Apenas um pecador arrependido

    A paz do Senhor irmão Gabriel. Já li alguns textos seus sobre o assunto e percebi certa contradição sobre o nosso Deus ( se eu estiver errado me perdoe). Já li textos contrários a trindade, contrário a crença do Deus Espírito Santo. Mas ainda não entendi se Cristo na sua visão e opinião é Deus Santo. Pois a artigos contraio a um Deus duo ou trino… mas esse artigo msm deu a entender que o Cristo tbm é Deus.
    Gostaria de entender melhor sua opinião, e tbm entender quem era ou se o Cristo já existia antes do nascimento virginal de Maria.

    • Shalom. Eu vi que você comentou em outro estudo meu que estava muito desatualizado, por isso, assim como fiz com outros estudos também desatualizados, eu retirei aquele do ar e o redirecionei para um estudo mais atualizado. O nome “Jesus” é uma forma aportuguesada do nome original do Salvador que surgiu em meados do século 16, quando surgiu a letra J. Antes disso usava-se a forma “Iesus” ou “Iesu”, oriunda da primeira tradução grega das Escrituras, a Septuaginta. Sendo o nome original do Salvador “Yeshua“, nâo falarei do “Jesus Cristo” crido pelos cristãos, pois apesar de serem o mesmo, este último ganhou uma roupagem teológica greco-romana, portanto não bíblica. Falarei de Yeshua, o verdadeiro homem judeu que pisou neste mundo e apregoou as palavras de Deus. O presente estudo que você leu foi traduzido de outro site do exterior, e nele não é dito que Yeshua é o próprio Deus, mas sim que ele é divino, ou seja, que ele foi enviado por Deus para representar o governo de Deus neste mundo, é por isso que no texto de Daniel é dito que o governo deste mundo foi (será) dado a ele. E quando na visão Daniel o descreve como “filho do homem”, significa naturalmente que ele é um ser humano, embora divino, ou seja, enviado por Deus e representando Deus (cf. 1Tm 2:5). Moisés também foi chamado de Deus (elohim) pelo próprio Criador, basta ver Êxodo 4:16 e 7:1, mas nem por isso ele era o próprio Deus ou se tornou Deus, mas ele era o representante de Deus que Ele havia enviado ao Faraó naquele momento.
      Com relação se ele (Yeshua) já existia antes de nascer no ventre da mãe dele, os textos de Colossenses 1:15 e Revelação (Ap) 3:14 (dentre outros) o dizem.

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