Aliança de Deus com Noé e as 7 leis universais

Geralmente não se ouve falar muito da aliança de Deus com Noé (original Noah), que foi estendida a toda a humanidade depois dele, ou seja, todos nós! Mas todo ser humano que tema ao Deus único, Criador dos céus e da terra, e queira agradá-lo, deve submeter-se a este código de conduta, isto é, aos princípios e mandamentos básicos que Deus deu para toda humanidade seguir. Conhecida (erroneamente) como “aliança do arco-íris“, ela não consistia meramente na promessa de Deus não destruir mais a humanidade com as águas do dilúvio, como geralmente se resume em nossa mente.

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A aliança do arco de Deus.

O principal trecho das Escrituras que aborda essa aliança se encontra em Gênesis capítulos 8:20 até 9:17, de modo que, de acordo com o versículo 13 de Gênesis 9, o nome correto para o que hoje conhecemos como “arco-íris“, deveria ser “arco de Deus” (“Íris” é o nome de uma divindade grega antiga).

Disse Deus: [..] "porei meu arco na nuvem e ele se tornará um sinal da aliança entre mim e a terra... Quando o arco estiver na nuvem, eu o verei e me lembrarei da aliança eterna que há entre Deus e os seres vivos com toda carne que existe sobre a terra."
(Gênesis 9:12a,13,16 Bíblia de Jerusalém)

Em torno desta aliança do arco, existe um código de conduta universal. É a aliança de Deus com Noé e todos os seus descendentes. Esse código também é citado varias vezes na Torá, de forma implícita.

Em suma, essa aliança de Deus com Noé (Noah) e seus descendentes é feita após o dilúvio, vide Gênesis 9:8,9. Essa era, ainda, uma aliança que envolveria toda a humanidade futura, como lemos. Além disso, seria para sempre, isto é, até os dias de hoje (vs. 12,16). Essa aliança envolvia os seguintes termos:

Os 7 princípios estabelecidos na aliança do arco de Deus.

1. Não haveria mais dilúvio para destruir o homem, os animais e a terra, v. 11;
2. O arco nas nuvens, que aparece após a chuva, seria um memorial dessa aliança eterna, vs. 13-16;
3. Que o homem estabelecesse meios de governar e administrar corretamente a terra em que vive, vs. 2,7;
4. É permitido ao homem comer a carne dos animais que quisesse, bem como as frutas, legumes e verduras, à exceção do sangue dos animais (vs. 3-4);
5. O homicídio é proibido, vs. 5-6 (esta lei já era natural ao homem e foi confirmada aqui, vide Gn 4:8-11). Este caso também exige, implicitamente, o estabelecimento de uma corte judicial para julgar eventuais acontecimentos e com isso se fazer justiça;
6. Naturalmente, a invenção de outras divindades, bem como o culto a elas, é expressamente um pecado, pois o Criador deixa claro que o homem foi criado à imagem de um só Deus, v. 6b (cf. v. 26);
7. O homem deveria estabelecer sociedades familiares, bem como civilizações inteiras, v. 1,7. Além disso, o estabelecimento de famílias através da união heterossexual, já confirma o princípio divino para a sexualidade do ser humano conforme já antes estabelecido na criação (Gn 2:24,25). Posteriormente, o próprio Deus especifica através de sua Torá (instrução ou ensino) as relações sexuais ilícitas e abomináveis (cf. Levítico 18), e este ensino continuou a ser reproduzido pelos discípulos do Senhor (vide Romanos 1:25-28; 1 Coríntios 6:9,10; Judas 1:7).

As 7 leis de Noah.

Um artigo na Wikipédia, baseado no estudo “The 7 Noahide Laws: Universal Morality” (As 7 Leis de Noé: Moralidade Universal), do site judaico chabad.org, resume as 7 leis de Noah assim:

1. Avodah zarah (עבודה זרה) – Não cometer idolatria;
2. Birkat Hashem (ברכת השם) – Não blasfemar;
3. Shefichat damim (שפיכות דמים) – Não assassinar;
4. Gezel (גזל) – Não roubar;
5. Gilui arayot (גילוי עריות) – Não cometer imoralidades sexuais;
6. Ever min ha-chai (אבר מן החי) – Não maltratar aos animais (Só é permitido tirar a vida de um animal para se alimentar).;
7. Dinim (דינים) – Estabelecer sistemas e leis de honestidade e justiça.

O ensino da tradição judaica geralmente afirma que “o ser humano que respeita as 7 leis de Noé é considerado justo entre as nações e possui lugar no mundo vindouro” (Fonte: aish.com). Talvez fosse este o caso do Cornélio (At. 10:1-2).

Os primeiros discípulos do Senhor talvez tenham sido influenciados por essa aliança de Deus com Noé, ou seja, as 7 leis de Noah, para determinar a conduta dos crentes não judeus que estavam abraçando a fé no Ungido judeu Yeshua, nosso Salvador. Estes novos crentes deveriam obedecer este padrão mínimo de conduta contido nessas leis, enquanto iam se adaptando de forma gradativa e espontânea aos demais mandamentos da Torá (veja Atos 15:19-21).

Em suma, o ser humano não-judeu que quer agradar a Deus deve obedecer estes princípios mínimos de vida justa.