Por que o idioma que Jesus falava era o aramaico e não o grego?

estudo biblico explica qual idioma que Jesus falava

Desde as invasões otomanas ao Império Romano (1453), quando milhares de manuscritos bíblicos em grego chegaram a Europa devido a fuga de eruditos do oriente, a descoberta de códices com o texto grego do Novo Testamento no decorrer dos séculos 15 – 19 e a ascensão da crítica textual nos tempos modernos, tem se aumentado muito o interesse, a erudição e as tentativas de “recuperação” do texto original do Novo Testamento. E isso fez com que várias versões ou compilações do texto grego fossem lançadas com “ajustes e correções”, sempre com a finalidade de se ter o texto mais perto o possível do que originalmente foi escrito pelos discípulos de Jesus. Isso, consequentemente, gerou também muitas traduções da Bíblia Sagrada. Entretanto, sabendo que o idioma que Jesus falava era o aramaico, e não o grego, temos com isso uma nova perspectiva a respeito do texto original do “Novo Testamento”.

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Com a intenção de fazer cada leitor conhecer um pouco mais deste panorama histórico e a qualidade do texto aramaico do “Novo Testamento” em contraste com o texto grego que atualmente conhecemos, trago aqui uma série de estudos e pesquisas mostrando o contexto histórico do aramaico, o idioma que Jesus falava e no qual ele pregou sua mensagem, assim como seus discípulos inicialmente.

Este artigo aqui foi traduzido do site Jesusspokearamaic.com. Eu tenho certeza que os conhecimentos compartilhados nele te farão conhecer novos horizontes e verdades que há muito tempo estavam silenciadas pelas literaturas ocidentais.

Estela de Tel Dan, Israel, Inscrição em aramaico, século IX AEC, única evidência arqueológica da existência do Rei Davi.
Estela de Tel Dan, Israel, Inscrição em aramaico, século IX AEC, única evidência arqueológica da existência do Rei Davi.

O idioma que Jesus falava era o aramaico porque era a língua normal e cotidiana falada em todo o Oriente Médio em sua época e no período do “Novo Testamento”.

Dessa forma, assim como o aramaico era falado durante séculos – até milênios – antes do 1º século EC, nos impérios assírio, babilônio e persa, também era falado durante o tempo em que o império romano governava Israel. Assim, também continuou a ser falado no Oriente Médio por séculos depois. Na verdade, como veremos, bem como na época das cruzadas (séculos 11-13), o aramaico continua a ser falado hoje.

Com todo esse contexto e pano de fundo histórico, não deveria ser surpresa que o aramaico fosse a linguagem normal e cotidiana falada na época de Jesus.

Muitas outras lições estabelecerão esse fato sem sombra de dúvida. No entanto, para reunir todas essas evidências e para apresentar outras lições mais detalhadas nesta série que explorará essas questões ainda mais, neste artigo reuniremos algumas das principais linhas de evidências de que Jesus, como um judeu religioso em Israel, no primeiro século de nossa era, teria falado aramaico.

Primeiro, vamos examinar o que está escrito nas enciclopédias convencionais e independentes. Embora as enciclopédias nem sempre sejam corretas e sejam revisadas com o tempo à medida que novas evidências vêm à luz, ou à medida que novos estudiosos revisam opiniões anteriores, no entanto Salomão, o sábio, no livro de Provérbios, nos diz que “na multidão de conselheiros há segurança” (Prov. 11:14).

A lei de Moisés também diz que “pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, o assunto será estabelecido” (Deut. 19:15).

Salomão também nos diz no livro de Eclesiastes que “um cordão de três dobras não se rompe rapidamente.” (Ec 4:12)

Portanto, se pelo menos três enciclopédias convencionais confiáveis nos dizem a mesma coisa, isso deve resolver a questão.

O que, então, as enciclopédias independentes nos dizem acerca do idioma que Jesus falava?

Vamos examinar várias enciclopédias de várias origens, tanto religiosas quanto seculares.

mulher lendo livro - foto ilustrativa
Foto por Pixabay em Pexels.com

Na Wikipédia, há um artigo inteiro (interessante!) sobre o idioma que Jesus falava. Vamos citar este artigo:

“É geralmente aceito que Jesus e seus discípulos falavam principalmente o aramaico, a língua comum da Judéia no primeiro século d.C., provavelmente um dialeto galileu distinto daquele que se falava em Jerusalém. As cidades de Nazaré e Cafarnaum na Galileia, onde Jesus passou a maior parte de seu ministério, eram comunidades de língua aramaica.”

A pesquisa da Wikipédia é boa o suficiente para definir a questão. Mas vamos examinar outras fontes.

A New Advent Encyclopedia, que é uma enciclopédia católica online, tem inúmeras referências ao fato de que Jesus falava aramaico. Como a Wikipédia, ela confirma que o aramaico era a língua comumente falada no primeiro século na Judéia.

Agora, reconhecidamente, esta é uma enciclopédia católica e, portanto, tendenciosa para as doutrinas católicas. Mas em questões neutras, ela é, no entanto, bem pesquisada com artigos que têm referências abundantes e os argumentos por trás de suas conclusões. Vejamos alguns exemplos.

“É óbvio que nosso Senhor, que falava um dialeto aramaico, deu a alguns de seus discípulos um título aramaico.”

The Catholic Encyclopedia: Apostles.

Este acordo verbal nos evangelhos gregos é ainda mais surpreendente, já que Jesus falou em aramaico.”

The Catholic Encyclopedia: Synoptics.

“Mesmo assim, considerando o fato de que o aramaico era a língua comumente falada na Palestina naquela época, devemos concluir que o segredo de nossa abençoada senhora foi originalmente escrito em aramaico, embora deva ter sido traduzido para o grego antes de São Lucas utilizá-lo.”

The Catholic Encyclopedia: Virgin Birth of Christ.

Comentário acerca de qual língua foi escrita o relato (evangelho) de Mateus: hebraico ou aramaico.

Finalmente, a Logia de Mateus e o Evangelho a que os escritores eclesiásticos se referem foram escritos em hebraico ou aramaico?

Ambas as hipóteses são mantidas. Papias diz que Mateus escreveu a Logia na língua hebraica (Hebraidi); Santo Irineu e Eusébio afirmam que ele escreveu seu evangelho para os hebreus em sua língua nacional, e a mesma afirmação é encontrada em vários escritores.

Mateus, portanto, parece ter escrito em hebraico modernizado, a língua então usada pelos escribas para o ensino. Mas, no tempo do Cristo, a língua nacional dos judeus era o aramaico, e quando, no Novo Testamento, há menção da língua hebraica (Hebrais dialektos), é o aramaico que está implícito. Consequentemente, os escritores mencionados podem aludir ao aramaico e não ao hebraico.

Além disso, como eles afirmam, o apóstolo Mateus escreveu seu Evangelho para ajudar o ensino popular. Portanto, para ser compreendido por seus leitores que falavam aramaico, ele teria que reproduzir a catequese original nesta língua, e não se pode imaginar por que, ou para quem, ele se daria ao trabalho de escrevê-la em hebraico, quando teria que ser traduzido daí para o aramaico para uso em serviços religiosos.

Além disso, Eusébio (História da Igreja III.24.6) nos diz que o Evangelho de Mateus foi uma reprodução de sua pregação, e isso, sabemos, era em aramaico.

Uma investigação das expressões idiomáticas semíticas observadas no Evangelho não nos permite concluir se o original era em hebraico ou aramaico, visto que as duas línguas estão intimamente relacionadas. …

The Catholic Encyclopedia: Gospel of st. Matthew.

Existem muitas citações semelhantes em toda a Enciclopédia do Novo Advento para mostrar que Jesus e os discípulos falavam o aramaico como sua linguagem cotidiana usual.

Note também que o filme de Mel Gibson – A Paixão de Cristo, foi muito famoso pelo fato de todos os atores falarem aramaico.

Capa do DVD do filme A paixão de Cristo, do Mel Gibson, que foi gravado no idioma que Jesus falava, o aramaico.
Capa do DVD do filme A paixão de Cristo, do Mel Gibson, que foi gravado no idioma que Jesus falava, o aramaico.

Que Jesus falava aramaico é, portanto, a visão amplamente aceita e dominante.

A Enciclopédia Internacional Padrão Bíblica também concorda com esse testemunho. Leiamos:

“Veja a linguagem aramaica para provar que Jesus falou-a como o vernáculo do povo da Palestina.”

“O nome (aramaico) é dado a uma forma de fala semítica, mais próxima do hebraico e do fenício, mas exibindo peculiaridades marcantes e subsistindo em dialetos diferentes. Seu lar original pode ter sido na Mesopotâmia (Aram), mas se espalhou para o norte e oeste, e, como mostrado abaixo, tornou-se a língua principal em todas as extensas regiões. Após o retorno do cativeiro, substituiu o hebraico como a língua falada pelos judeus na Palestina.”

A Enciclopédia Britânica, de forma semelhante, acrescenta seu testemunho de que o idioma que Jesus falava era o aramaico e que este era a língua mais falada em Israel na época em que o novo testamento foi escrito, diz:

Os dialetos aramaicos sobreviveram na época romana, no entanto, particularmente na Palestina e Síria.
O aramaico substituiu o hebraico como a língua dos judeus já no século 6 a.C. Certas partes do Antigo Testamento – isto é, os livros de Daniel e Esdras – são escritos em aramaico, assim como o babilônio e o Talmude de Jerusalém.
Entre os Judeus, o aramaico era usado pelo povo comum, enquanto o hebraico permaneceu a língua da religião e do governo e da classe alta.
Acredita-se que Jesus e os apóstolos falaram aramaico, e traduções para a língua aramaica (Targums) do Antigo Testamento circularam. O aramaico continuou em amplo uso até cerca de 650 d.C., quando foi suplantado pelo árabe. “

Assim, a venerável e conceituada Enciclopédia Britânica confirma os principais pontos que colocamos neste site.

E assim, todas as enciclopédias convencionais concordam que Jesus, os discípulos e os judeus em Israel em geral, falavam aramaico. Que o aramaico era a língua dominante e geralmente falada na Judéia, em Israel, no primeiro século.

O alfabeto aramaico. Extraído da Bíblia Peshitta Editora BV Books, uma tradução dos manuscritos bíblicos em aramaico.
O alfabeto aramaico. Extraído da Bíblia Peshitta Editora BV Books, uma tradução dos manuscritos bíblicos em aramaico.

Não obstante todas essas informações, vamos dar um passo adiante.

Os autores que relataram que o idioma que Jesus falava era o aramaico.

Papiro Peshitta - texto bíblico em aramaico - do século IX EC
Papiro Peshitta – texto bíblico em aramaico – do século IX EC.

Existem muitos, muitos livros independentes, escritos por autores não relacionados, que fornecem mais evidências para esse fato.

Esses autores vêm de diferentes origens, diferentes estilos de vida, com diferentes religiões e crenças. Mas todos eles escreveram livros inteiros mostrando que o aramaico era a língua dominante no Israel do 1º século EC, e que Jesus a falava.

Não se trata de uma única página da internet, ou de um único artigo, ou de um ponto válido aqui e ali, mas livros inteiros sobre o assunto. E cada livro geralmente contém centenas de páginas.

Vamos, portanto, continuar nosso estudo das evidências, então, fornecendo exemplos de livros inteiros que foram escritos sobre o assunto. Você está convidado a ler esses livros e aprender mais sobre o assunto também!

Nota da publicação original: Como esses livros não foram escritos por nós na Jesus Spoke Aramaic, não concordamos necessariamente com tudo o que está escrito neles!

Primeiro, Stephen Missick escreveu vários livros sobre o idioma que Jesus falava. Seus livros incluem:

Capa do livro "aramaic - the languge of Jesus of Nazareth" (aramaico, a língua de Jesus de Nazaré), por Sthephen Missick.
Capa do livro “aramaic – the languge of Jesus of Nazareth” (aramaico, a língua de Jesus de Nazaré), por Sthephen Missick.

Os livros de Stephen Missick valem a pena ser lidos. Eles foram amplamente divulgados e receberam boas críticas na Amazon.

Além deste, embora suas opiniões sejam controversas, o livro de James Trimm, A Origem Hebraica e Aramaica do Novo Testamento, também estabelece as origens semíticas (e aramaicas) do Novo Testamento, em seu contexto cultural correto.

Um livro mais antigo, porém incrivelmente bem pesquisado sobre as origens aramaicas do evangelho de João é,As origens aramaicas do quarto evangelho, de Charles Burney, publicado já em 1868. Este livro examina meticulosamente as evidências para estabelecer que o evangelho de João vem de uma fonte escrita em aramaico.

Não precisamos ir além do texto aramaico da Peshitta do Novo Testamento. E não é preciso imaginação ou muita fé para perceber que se o evangelho de João foi escrito pela primeira vez em aramaico, faz todo o sentido que os outros escritos dele também, ou seja, as epístolas de João e o livro do Apocalipse, que foi dado a ele na ilha de Patmos, sendo a última revelação profética do Cristo.

Mas com apenas um pouco mais de pesquisa e escavação para encontrar os fatos, livros inteiros foram escritos para mostrar que não foi apenas o evangelho de João que foi escrito primeiro em aramaico. Mas antes, livro por livro, versículo por versículo, examinando cuidadosamente o texto da Peshitta aramaica e comparando-o com o texto grego do Novo Testamento, podemos estabelecer que todo ele (ou seja, cada livro) também foi escrito primeiro em aramaico, e isso já foi feito! Os resultados estão disponíveis para todos verem, basta olharmos.

Ademais, o livro,O Novo Testamento foi realmente escrito em grego?, Escrito por Cristóvão (Raphael) Lataster, fornece evidências detalhadas, sistemáticas e conclusivas de que Jesus não apenas falava aramaico, mas que a Peshitta aramaica contém o melhor registro do Novo Testamento, e que o grego foi traduzido do aramaico.

Continuando nessa mesma linha, Andrew Gabriel Roth também escreveu livros semelhantes: Ruach Qadim: origens aramaicas do Novo Testamento. Este livro contém ampla evidência das raízes semíticas do Novo Testamento, que o idioma que Jesus falava era o aramaico e não o grego, e que a Peshitta aramaica é o texto original e mais autêntico do qual o grego foi mais tarde traduzido.

Estes, então, são vários livros, cada um com centenas de páginas, que fornecem uma riqueza de evidências detalhadas de que o aramaico era a língua dominante na época de Jesus.

E que o aramaico era a principal língua falada em Israel no primeiro século d.C. Que Jesus falava aramaico e que o Novo Testamento tem origens aramaicas – e especificamente, que foi escrito pela primeira vez em aramaico e logo depois traduzido para o grego para um público mais amplo. Assim como o Tanakh hebraico foi traduzido para o grego para um público mais amplo, para formar a Septuaginta.

Esses livros não são de forma alguma exaustivos, e muitos mais poderiam ser citados.

O que encontramos, então, são todas as enciclopédias convencionais concordando que Jesus falava o aramaico e que o aramaico era a língua dominante no Israel do primeiro século. Além disso, como vimos, livros inteiros foram escritos para fornecer mais detalhes se você quiser saber mais. Portanto, se você decidir por acreditar nessas coisas, está em terreno seguro. Existem inúmeras evidências que apoiam suas crenças. Mas se você não acredita, está indo contra todas as evidências.

Mas, além dos livros e artigos das enciclopédias que citamos anteriormente, esta série sobre a história e o pano de fundo do aramaico fornecerá detalhes que exploram as linhas principais do argumento. Vamos apresentar as principais lições desta série, à medida que aprendemos constantemente quão difundido o aramaico era e o impacto que o aramaico teve no Novo Testamento e no Judaísmo. Muitas dessas lições se concentram na época em torno do primeiro século d.C. e em Israel em particular, porque esta é uma época muito disputada.

Tendo examinado o uso do aramaico nos impérios assírio, babilônio e persa, examinamos o aramaico (e hebraico) após o exílio na Babilônia e nos pergaminhos do mar morto. Essas lições fundamentais estabelecem o hebraico e o aramaico como línguas dominantes entre os judeus, ao invés do grego, e olham para a transição do hebraico como a língua falada principal para o aramaico se tornando dominante.

Examinamos a revolta macabeana e descobrimos que os judeus se rebelaram contra a dominação grega, a cultura; a linguagem e a filosofia gregas (ou “sabedoria”) tornaram-se odiadas entre os judeus tradicionais após esses eventos atrozes. Práticas pagãs gregas foram forçadas a eles, e eles lutaram e obtiveram a vitória.

Os judeus queriam se afastar dos pagãos e da língua grega, e de volta às suas raízes semíticas (hebraicas e aramaicas).

Damos uma olhada na ideia de que Jesus falava grego e examinamos as evidências históricas contra essa visão. No entanto, descobrimos que, embora certamente houvesse porções de falantes de grego (mesmo entre os judeus), os judeus como um todo se rebelaram contra a cultura grega após os eventos da revolta dos Macabeus (leia o 1° livro dos Macabeus). Vemos as declarações históricas no Talmud e outros escritos que mostram isso.

Examinamos ainda (em outro estudo) o que Josefo diz sobre o aramaico. Ele foi um importante historiador da época e chama o aramaico de “a língua de nosso país” e “nossa língua”.

Ele conta que teve dificuldade em aprender grego. Mesmo depois de muitos anos nunca aprendeu a pronunciá-lo corretamente. Diz ainda que os judeus não incentivavam o aprendizado de línguas estrangeiras como o grego.

Vemos a revolta de Bar Kochba e o impacto que isso teve no hebraico e no aramaico.

Visto que os tempos do Novo Testamento são tão cruciais e importantes, passamos uma lição inteira dedicada ao uso do aramaico no Novo Testamento. Uma lição muito reveladora que lançará luz sobre muitas palavras e frases no Novo Testamento. Aprendemos que o Novo Testamento em grego realmente diz que é uma tradução do aramaico!

Exploramos o testemunho dos “pais da igreja” […] e lemos por nós mesmos o que eles disseram sobre as origens aramaicas dos escritos do Novo Testamento. Portanto, examinar esses primeiros escritos históricos é muito instrutivo.

No entanto, também descobrimos a história primitiva dos discípulos – os próprios primeiros crentes.

Enquanto (no ocidente) pensamos na “igreja” se espalhando apenas para o oeste e para a Europa com as viagens missionárias de Paulo, descobrimos que os discípulos se espalharam para o leste também.

Na verdade, você pode ficar surpreso com o quão distante para o leste os primeiros discípulos foram, e quão cedo, e quão bem estabelecida foi a Peshitta aramaica do Novo Testamento entre aqueles primeiros crentes. É uma história fascinante, mas quase nunca ouvida no Ocidente, devido ao nosso preconceito em ouvir a nossa própria história repetida indefinidamente, mas ignorando a história de todos os outros.

Olhamos para a afinidade cultural que o aramaico tem com o judaísmo. Vemos que, embora o hebraico obviamente tenha um lugar especial por ser a língua sagrada, o aramaico também está intimamente associado ao judaísmo. É a segunda língua sagrada. Um sem o outro seria impensável.

O hebraico e o aramaico cresceram juntos como duas vinhas, tornando-se entrelaçados nas centúrias das páginas da Bíblia. Mas o cristianismo é uma extensão do judaísmo. Os gentios foram “enxertados” através da crença na esperança de Israel (leia Romanos 11:11-24). Eles também deveriam ter o hebraico e o aramaico como suas duas línguas sagradas, e eles também deveriam se rebelar contra as influências pagãs do grego.

Ao estabelecermos o quão bem estruturado o aramaico estava no primeiro século, e como a Peshitta aramaica era o coração dos primeiros crentes, examinamos as primeiras traduções que foram feitas.

Descobrimos que as primeiras Bíblias, como a armênia, foram traduzidas da “síria”, isto é, da Peshitta aramaica, e não do grego, como muitos presumem. As primeiras Bíblias árabes também foram traduzidas parcialmente da Peshitta aramaica.

Ao examinarmos essas muitas facetas do aramaico, como uma joia erguida contra a luz que revela muitas belas cores à medida que a luz da verdade brilha através dele, você notará como o aramaico está entrelaçado com as Sagradas Escrituras.

O aramaico está intimamente entrelaçado com a Bíblia, a Palavra de Deus, com o povo judeu, o judaísmo e com todas as nações que tiveram relações com Israel. Estamos em terreno seguro enquanto estudamos aramaico. Podemos confiar nisso. Estamos amarrados a uma rocha bíblica segura. Mas, uma vez que deixamos nossas amarras, uma vez que soltamos a âncora, navegamos à deriva no mar, impulsionados por cada vento de doutrina e agitados pelas ondas selvagens do mar gentio das nações e sua “sabedoria” antibíblica.

Jesus falou aramaico, e em suas palavras encontraremos descanso para nossas almas.

Em contraste, os judeus lutaram contra a influência grega pagã. Eles se rebelaram. Eles rejeitaram a linguagem e não incentivavam o aprendizado da língua das nações pagãs ao seu redor.

Os judeus eram desencorajados, até mesmo proibidos, de falar grego. Então, se Jesus, um judeu religioso, e os discípulos, homens iletrados como eram, teriam sido desencorajados a falar grego e evitariam aprender e usar o grego, como poderia o Novo Testamento ter sido escrito em uma língua que eles não falavam ou entendiam bem?

Não faz mais sentido que o Novo Testamento tenha sido escrito primeiro em aramaico e depois traduzido para o grego para um público mais amplo, à medida que o evangelho se espalhou no oeste e o grego se tornou a língua dominante por lá? Afinal, esse é o padrão que encontramos na Septuaginta grega. Tal como acontece com o Tanakh (primeiro hebraico, depois grego), o mesmo ocorre com o Novo Testamento (primeiro aramaico, depois grego).

E assim, com esta introdução, aproveite esta série sobre a história e os antecedentes do aramaico. Estude-os bem, porque esses problemas surgirão repetidamente. Eles estão no âmago da Bíblia, das Sagradas Escrituras, da Palavra de Deus.


Traduzido de: Jesusspokearamaic.com.

Se você leu todo este artigo até aqui e se pergunta que diferença isso fará em nosso estudo da Bíblia Sagrada, veja a comparação de versículos do texto aramaico e grego do Novo Testamento, dentre outros estudos acerca do aramaico bíblico aqui.

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Autor: Gabriel Filgueiras

Um caco de barro que com trabalho duro está sendo moldado pelo Criador.